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30 anos de parceria

“Coisa boa é um amigo / Pra poder conversar / E trocar figurinhas”

“Coisa boa é um amigo / Pra poder conversar / E trocar figurinhas”. “Tu me ensina a viver / Que eu te ensino a sonhar”. Amizade: esse é o conceito que permeia o novo trabalho da dupla Kleiton e Kledir, que comemora 30 anos de carreira neste ano. O trabalho, denominado Autorretrato, reúne somente músicas inéditas, e o público já está tendo a oportunidade de conhecer o novo show dos irmãos, que intercala também sucessos consagrados. O Florense conversou com a dupla, em entrevista concedida via e-mail. Eles falam sobre o CD Autorretrato, o momento que mais os marcou nessas três décadas e sobre a fase que a música vive diante da pirataria e da internet. Confira: O Florense: Como se poderia definir Autorretrato e por que escolher esse nome para festejar os 30 anos de trabalho? Kledir: “Autorretrato” - a canção título - é uma conversa entre dois amigos, onde cada um abre o coração e revela seus segredos. “Coisa boa é um amigo / Pra poder conversar / E trocar figurinhas”. Esse é o conceito que permeia todo o trabalho: o valor da amizade e o prazer de compartilhar suas coisas mais íntimas. “Tu me ensina a viver / Que eu te ensino a sonhar”. Um sentimento eterno. O Florense: É um CD somente com músicas inéditas. Como foi selecionar essas canções já que, com certeza, deveriam ter várias inéditas para escolher? Kleiton: Tínhamos 70 músicas inéditas. Conseguimos selecionar 20. O pente fino, para chegar em 13, ficou por conta de Paul Ralphes, produtor do disco, Edson Erdman, diretor do DVD e Branca Ramil, nossa produtora. O Florense: No geral, as músicas de Autorretrato falam de quê? Quem as compôs? Kledir: Todas as músicas são de K&K. Autorretrato traz um hino de amor a Pelotas, nossa cidade natal. Traz canções que falam do tempo, do vento, das estrelas. Traz uma polca loca descontrolada e um mantra celta inspirado nas raízes culturais do norte da Espanha, terra de origem da família Ramil. E, é claro, traz também canções que falam de amor. O Florense: Como o público tem recebido o novo show? É preciso intercalar as inéditas com as clássicas? Kleiton: O novo show, também chamado Autorretrato, tem muitas músicas novas e sucessos dos anos 80. Está bem equilibrado e o público tem correspondido. O Florense: Durante essas três décadas, mudou alguma coisa no perfil de trabalho da dupla? Kledir: No perfil não, mas os cabelos estão levemente mais brancos. Acho que nosso trabalho segue uma linha evolutiva, sem esquecer tudo o que fizemos no passado. O Florense: Qual foi o momento mais marcante nesses 30 anos de estrada? Kleiton: Houve muitos momentos incríveis, mas nesse momento podemos lembrar de Mercedes Sosa, "la voz de America", artista superlativa, que já não está entre nós. Os momentos em que convivemos com Mercedes estarão sempre guardados em nossos corações. O Florense: Para divulgar o novo CD vocês se utilizaram da internet. No entanto, a ferramenta também prejudica o trabalho dos músicos devido a pirataria. Qual é a opinião de vocês com relação a isso? Kleiton: A internet veio para ajudar. A questão da imoralidade existe nas pessoas, não nas ferramentas. É preciso reeducar as pessoas com campanhas. Kledir: Estamos vivendo uma experiência muito interessante na internet. Criamos em nosso site www.kleitonekledir.com.br a Comunidade K&K, para estarmos mais próximos do nosso público através das redes sociais. Temos ali um grupo entusiasmado de admiradores que foram se transformando em amigos, assessores, colaboradores. E a coisa não pára de crescer.

“Ser amigo é pensar no outro em primeiro lugar”

O Florense: Parte da renda do CD será doada para o Retiro dos Artistas do Rio de Janeiro. Por que essa decisão? Kledir: Autorretrato é um trabalho marcado pelo símbolo da amizade e do prazer de dividir com os outros o que se tem de melhor. E esse sentimento é contagiante. O pessoal da Radio Globo e da Som livre, nossos parceiros nesse lançamento, entenderam o espírito da coisa. Resolvemos então partir para uma ação concreta e estamos destinando uma parte das vendas do CD/DVD ao Retiro dos Artistas.

O Florense: Em recente entrevista, a dupla comentou que iria iniciar uma oficina para crianças carentes. Este trabalho já começou? Se sim, como está sendo... Kledir: É mais uma ação que faz parte desse lançamento. É uma maneira de dividir com os mais jovens aquilo que a vida nos ensinou, que é fazer música. Junto com a Rádio Globo e a Rede Globo (através do Criança Esperança), estamos apresentando nossa oficina Letra & Música, para jovens carentes do Rio, SP, BH e Olinda. Já fizemos um primeiro trabalho nos morros do Cantagalo e Pavão/Pavãozinho, no Rio de Janeiro, e o resultado foi emocionante. O Florense: O novo CD fala de amizade. O que significa ser amigo? Kleiton: Ser amigo é pensar no outro em primeiro lugar. Kledir: É trocar figurinhas. “Tu me ensina a viver, que eu te ensino a sonhar”. O Florense: Comida preferida... Kleiton: Comida natural, caseira, com pouco tempero. Kledir: Sopa de feijão branco da Dalvinha, minha mãe. O Florense: Uma viagem... Kleiton: Paris. Já morei por lá e sempre é bom retornar. Kledir: Praia do Laranjal, em Pelotas. Vou todo final de ano para recarregar as baterias. O Florense: Um livro... Kleiton: "Ora Bolas", de Juarez Fonseca sobre o lado bem humorado do poeta Mário Quintana (editora L&PM) Kledir: Conversas com Woody Allen, de Eric Lax. Imperdível pra quem é fã, com eu.

Breve história Kleiton e Kledir estrearam como dupla em 1979 (antes tinham um grupo chamado Almôndegas) num festival da TV Tupi, com a música ‘Maria Fumaça’. Ao lado de Vira Virou, a canção puxou as vendagens do primeiro disco da dupla, lançado em 1980. O LP seguinte fez de Kleiton e Kledir efetivos astros nacionais, com mais de 100 mil cópias vendidas e maciças execuções das músicas ‘Deu pra Ti’, ‘Trova’ e ‘Paixão’. De Norte a Sul eles passaram a lotar teatros. O terceiro disco (1983) lançou os hits Nem Pensar e Tô Que Tô, e a faixa O Analista de Bagé foi proibida de tocar no rádio pela censura. Em 1984, veio o quarto disco e a tentativa de conquistar o mercado latino-americano, com a gravação de um LP em espanhol que reuniu os principais sucessos e teve a participação dos argentinos Mercedes Sosa e Leon Gieco. Em 1986, finalizaram a dupla e só retornaram aos palcos em 1996. Nesse intervalo retomaram a pesquisa de ritmos gaúchos e lançaram um disco individual cada, sem maior repercussão.
Kleiton e Kledir. - Divulgação
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