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“Um segundo pode acabar com tudo”

Clóvis de Souza, de 27 anos, já sofreu um acidente como motorista de caminhão

Natural de Santa Catarina, Clóvis de Souza, de 27 anos, nem imaginava como era dirigir um caminhão até mudar-se para Flores da Cunha e começar a trabalhar como ajudante e arrumador de carga em uma transportadora de São Gotardo. Com o passar do tempo ele passou para a função de conferente e, a partir de então, decidiu que queria fazer habilitação para dirigir caminhão. 
“Depois comecei a viajar, foi um processo até chegar a ser motorista, mas eu fui gostando. Viajei uns cinco anos, fui motorista de truck, só de carreta que não”, revela de Souza, acrescentando que hoje não atua mais como motorista e sim na parte de conferência de carga e descarga, mas que ainda guarda muitas lembranças daquele período. 
“No tempo em que fui motorista, que viajava, sofri um acidente de caminhão, foi um acidente feio, aqui no Rio Grande do Sul mesmo. Não cheguei a quebrar nada, mas cortei a cabeça e tive que fazer 30 e poucos pontos, foi um susto, por isso ainda tenho um certo receio. Hoje, por exemplo, eu tenho medo de andar de carona, no volante é outra coisa, acho que por causa do trauma que eu tive ali, na hora. O acidente foi de noite, às 3h da madrugada, eu estava dirigindo, ‘foi uma piscada de olho’ na hora da canseira que bate, já fazia tempo que eu estava no trecho e é um segundo para um acidente vir e acabar com tudo”, lembra, emocionado.
Após o episódio, o motorista continuou dirigindo, mas não caminhão de viagem e sim de guincho e serviços gerais, somente durante o dia. E foi aí que, um tempo depois, passou a atuar na RFP Transportes como conferente e, mesmo assim, acompanha de perto o dia a dia dos caminhoneiros. 
Nesse sentido, no que diz respeito à situação das estradas encontradas pelos motoristas ele avalia que tenha trechos bons e ruins, que não dê para generalizar. Já em relação à segurança do caminhoneiro e para evitar assaltos, ele pensa que cada profissional precisa redobrar a atenção nos lugares onde for parar para dormir, afinal, ninguém está livre dos perigos, em lugar nenhum. 
Justamente por isso, ele acredita que a valorização dos profissionais deveria ser maior, especialmente nesse período em que lembramos o papel do agricultor e do caminhoneiro: “O colono é o produtor do nosso alimento e o motorista é o que transporta para o nosso mercado, para a nossa mesa, nessa questão a valorização teria que existir muito mais porque é daí que sai o nosso alimento”, conclui de Souza.

Clóvis de Souza, de 27 anos, já sofreu um acidente como motorista de caminhão. - Karine Bergozza
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