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“Todo cuidado é pouco”

Adriano Uliana, de 48 anos, acredita que o maior perigo de sua profissão seja a estrada

A motivação de Adriano Uliana, de 48 anos, para ser caminhoneiro veio de dentro do próprio emprego. Na época, o florense trabalhava na antiga empacotadora Ditrento e auxiliava nas entregas de açúcar, mas a convivência com os colegas despertou nele o gosto pela direção. 
“Eu fui me adequando, fazendo cursos, fui fazer a carteira, ganhei oportunidades, fui para o trecho e dali em diante nunca mais parei. Faz uns cinco anos que sou caminhoneiro, aqui na empresa (RFP Transportes) acho que faz uns três anos que eu estou e é algo que gosto, que pretendo continuar”, empolga-se Uliana, lembrando que, antes desse período, chegou a atuar como ‘chapa’ (ajudante temporário de carga e descarga).
Para o motorista, que adora sua profissão, o principal ponto positivo em ser caminhoneiro é conhecer pessoas e lugares novos: “A gente acaba fazendo bastante amizades, tem o horizonte que vamos enxergando no dia a dia, as paisagens, dependendo o lugar tem serras que são muito perigosas também”, conta, acrescentando que percorre mais as regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Contudo, ser motorista também tem seus riscos e aspectos negativos. De acordo com Uliana um ponto que não pode ser deixado de lado é a família, afinal, os filhos não podem crescer sem o pai ou a mãe por perto: “Eu tenho um guri de 10 anos e aqui na empresa eu volto na semana, tem vezes que a gente fica 15 dias ou um mês longe da família, mas, no meu caso, como eu sou separado, eu vejo meu filho a cada 15, 20 dias, porque é importante manter essa relação”, defende. 
O caminhoneiro acredita que o maior perigo de sua profissão seja a estrada, porque ela é traiçoeira e exige cuidados do motorista com ele mesmo, com o outro, com sua carga e seu instrumento de trabalho: o caminhão. “A estrada sempre vai ser o maior problema para qualquer motorista. Todo o cuidado é pouco porque temos que cuidar de nós mesmos e do próximo que está na nossa frente – porque ele também tem família. Tem a questão das cargas que temos que cuidar muito porque o cliente sempre tem prioridade e a gente procura levar a mercadoria em ordem, adequada, para não dar nenhum transtorno. Além disso, muitas vezes, na parte da noite, ‘bate o sono’ na gente, e temos que cuidar também, temos que estar cientes do que estamos fazendo para poder chegar com a mercadoria em dia para o cliente”, detalha Uliana sobre o dia a dia de seu trabalho.   
Levando em consideração o estado de alerta e os desafios que o caminheiro se submete quase que 24 horas por dia durante a viagem, a entrega e a parada para descanso e alimentação, o florense pensa que falar da importância dessa profissão seja um assunto complicado, mas observa: “Para falar a verdade, está em falta de caminhoneiros aqui na cidade, não só aqui, mas em todo o lugar. Nós precisávamos de mais apoio na questão do setor, como um todo. O profissional teria que ser mais valorizado por tudo que faz”, conclui o motorista, com uma provável justificativa do porquê está tão difícil encontrar pessoas que queiram seguir transportando o alimento do campo até a mesa, movimentando o Brasil e transportando a economia sobre as rodas.

Adriano Uliana, de 48 anos, acredita que o maior perigo de sua profissão seja a estrada. - Karine Bergozza
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