"Ter em mãos um livro é uma iniciativa que merece aplausos"
Patrono da Feira do Livro, Floriano Molon, fala sobre o evento, a escrita e sua paixão pela imigração italiana
Um apaixonado pela escrita e pelo turismo. Assim é o patrono da 34ª Feira do Livro de Flores da Cunha (leia mais na página 2), Floriano Molon. Natural do distrito de Otávio Rocha, ele é professor, bacharel em direito, funcionário público aposentado e pesquisador da imigração italiana. Líder comunitário, já foi secretário de Turismo de Flores da Cunha e presidente de diversas entidades e de eventos como Festa Colonial da Uva e Festa Nacional da Vindima.
Publicou seu primeiro livro, Otávio Rocha – Cem anos de vida colonial, em 1982, e não parou mais. Durante a abertura da Feira estará lançando a sua 10ª obra, Vinhas e Vinhos na Bíblia. É uma pesquisa sobre a presença das vinhas, da uva e do vinho no livro mais lido da humanidade. "Não se trata de um livro religioso, mas que reconta os meus passeios e resgata a história do vinho, em especial no Egito, Grécia, Israel e Itália", adianta.
Nesta entrevista, Floriano fala da importância de ser patrono da Feira, do mercado literário brasileiro e de como iniciou sua paixão pela escrita da imigração italiana.
O Florense: O que significa para o senhor ser patrono da 34ª Feira do Livro de Flores da Cunha?
Floriano Molon: Em primeiro lugar é uma honra ter sido lembrado e escolhido. A gente tem que fazer as coisas sem esperar nada em troca. Quando se é distinguido, não se deve levar para o orgulho pessoal, mas mais para que sirva de exemplo a outras pessoas. Tenho uma vida dedicada a atividades comunitárias, em vários lugares e além da vida profissional, duas paixões: a escrita e o turismo. Ler para mim, foi o início de viagens maravilhosas, em uma época sem rádio, sem TV e internet. Escrever foi o desafio para divulgar a nossa terra e cobrir com informações as reivindicações e conquistas. Ainda no sentido de preservar a nossa identidade cultural, de descendentes dos valorosos imigrantes.
O Florense: Desde quando o senhor escreve? Por que começou a escrever?
Molon: Desde o colégio tinha especial vocação para a escrita e oratória. Os primeiros escritos, sobre eventos, no Pioneiro, me abriram as portas a dezenas de reportagens, pelo ano de 1968 em diante. Antes foi nos Colégios, com jornais estudantis e, em 1982, graças a amizade com o Frei Rovílio Costa, ele me abriu as portas para a edição do livro "Otávio Rocha, cem anos de vida colonial", com o qual recebi o prêmio Gerdau, como melhor monografia daquele ano. Pensei porque não contar a história de uma localidade centenária e que ainda continuava colonial? Só se escrevia sobre as grandes cidades e ninguém se lembrava dos pequenos lugares que não prosperaram urbanisticamente.
O Florense: Por que a senhor optou por escrever histórias relacionadas com a imigração italiana?
Molon: Por fazer parte do grupo de pesquisas do Frei Rovílio, a escolha pelo tema imigração foi óbvia. Ele nos incentivava a escrever, pesquisar, preservar tudo o que os nossos antepassados nos legaram. O ano de 1975, Centenário da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul, foi o marco divisor: antes a vergonha de ser italiano, rasgar e queimar fotos, rebocar casas de pedra, derrubar as belas casas de taipa e madeira, vergonha de falar o dialeto...Em 1975, vieram os meios de comunicação social para destacar de que deveríamos ter orgulho do nosso passado. Outros povos, com milhares de anos, preservaram seus casos, suas lendas, costumes, imagens e língua com orgulho. Vivi este final mais italiano de nossa região, e praticamente falei só o dialeto até os sete anos. A chegada do rádio e da televisão mudou profundamente as nossas tradições.
O Florense: O senhor irá lançar mais uma obra na abertura da Feira. Por que escrever sobre o vinho na Bíblia?
Molon: Tenho uma ligação muito profunda com o setor da uva e do vinho. Como filho de agricultores vivi o dia a dia na colônia e, coincidentemente, meus nove meses de gestação iniciaram com a poda da parreira, a brotação, a sulfatagem, a vindima, o vinho e, em abril, nasci com o vinho novo. Devo ter vivenciado este clima de esperança, que se consolida na vindima. Adulto, trabalhando em vinícolas e envolvido nos eventos de celebração da uva e vinho, me levaram para a pesquisa e, agora, como consequência da viagem ao Oriente Médio, me despertou a intenção de pesquisar a presença das vinhas, da uva e do vinho, no livro mais lido da humanidade, a Bíblia. Não se trata de um livro religioso, mas que reconta os meus passeios (publicados pelo O Florense) e resgata a história do vinho, em especial no Egito, Grécia, Israel e Itália.
O Florense: O que lhe despertou a vontade de escrever?
Molon: Um pouco é pela necessidade de comunicar. O isolamento que o mundo da violência nos impõe. Às vezes através do livro conseguimos repartir nossas observações, emoções, imagens a que o autor teve acesso. O Frei Rovílio era enfático e o fazia em suas publicações. Recolhia e publicava tudo. E dizia: "um dia, alguns destes dados poderão ser importantes." E um outro fator é preservar as nossas histórias, tão novas, apenas 135 anos e já tão velhas, tão esquecidas. Enquanto nas nossas aulas de história, estudamos os que os outros povos fizeram, suas guerras, suas conquistas... E os nossos heróis de 1875, quem vai levantar suas histórias? Cada família nossa tem também a sua história, de começo, meio e fim. São as nossas e futuras gerações que vão acrescentar novos capítulos.
O Florense: Tem algum escritor que te instigou no início?
Molon: Regionalmente, sem dúvida, o professor caxiense Mário Gardelin. Foram centenas de artigos enfocando fatos da imigração, que me despertaram também este interesse em pesquisar e registrar. Depois a presença extraordinária de Frei Rovílio Costa, que editou mais de mil títulos, abrindo as portas a centenas de autores.
Lançamento Vinhas e Vinhos na Bíblia
Na abertura da Feira do Livro, o patrono Floriano Molon estará lançando o livro Vinhas e Vinhos na Bíblia. A obra agrega dados de suas viagens pelo Egito, Israel e Grécia, pesquisas e fotos sobre a origem do vinho. Há também citações das principais mensagens envolvendo o vinho, com destaque especial para os dois milagres de Cristo: as Bodas de Caná e a Santa Ceia. O livro tem apresentações do arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, e do enófilo e editor do blog 'Todovinho', Sérgio Inglez de Souza.
A obra será comercializada na Feira do Livro pelo valor de R$ 10. Após será vendido por R$ 15. Informações e pedidos podem ser feitos pelo e-mail: fmolon@cpovo.net.
Obras do patrono
- Otávio Rocha - Cem anos de vida colonial (1982)
- Fenavindima - 20 anos (1987)
- Molon - A história de uma família (2001)
- Caminhos da Colônia (2002)
- Carreteiros de Flores da Cunha e Região (2002)
- Slaviero, João: Liderança na vitivinicultura gaúcha (2004)
- A Via Sacra de Guido Mondin (2006)
- Nossa Senhora da Uva (2007)
- Cooperativas Vinícolas de Flores da Cunha (2009)
- Santa Eurósia (2010)
Publicou seu primeiro livro, Otávio Rocha – Cem anos de vida colonial, em 1982, e não parou mais. Durante a abertura da Feira estará lançando a sua 10ª obra, Vinhas e Vinhos na Bíblia. É uma pesquisa sobre a presença das vinhas, da uva e do vinho no livro mais lido da humanidade. "Não se trata de um livro religioso, mas que reconta os meus passeios e resgata a história do vinho, em especial no Egito, Grécia, Israel e Itália", adianta.
Nesta entrevista, Floriano fala da importância de ser patrono da Feira, do mercado literário brasileiro e de como iniciou sua paixão pela escrita da imigração italiana.
O Florense: O que significa para o senhor ser patrono da 34ª Feira do Livro de Flores da Cunha?
Floriano Molon: Em primeiro lugar é uma honra ter sido lembrado e escolhido. A gente tem que fazer as coisas sem esperar nada em troca. Quando se é distinguido, não se deve levar para o orgulho pessoal, mas mais para que sirva de exemplo a outras pessoas. Tenho uma vida dedicada a atividades comunitárias, em vários lugares e além da vida profissional, duas paixões: a escrita e o turismo. Ler para mim, foi o início de viagens maravilhosas, em uma época sem rádio, sem TV e internet. Escrever foi o desafio para divulgar a nossa terra e cobrir com informações as reivindicações e conquistas. Ainda no sentido de preservar a nossa identidade cultural, de descendentes dos valorosos imigrantes.
O Florense: Desde quando o senhor escreve? Por que começou a escrever?
Molon: Desde o colégio tinha especial vocação para a escrita e oratória. Os primeiros escritos, sobre eventos, no Pioneiro, me abriram as portas a dezenas de reportagens, pelo ano de 1968 em diante. Antes foi nos Colégios, com jornais estudantis e, em 1982, graças a amizade com o Frei Rovílio Costa, ele me abriu as portas para a edição do livro "Otávio Rocha, cem anos de vida colonial", com o qual recebi o prêmio Gerdau, como melhor monografia daquele ano. Pensei porque não contar a história de uma localidade centenária e que ainda continuava colonial? Só se escrevia sobre as grandes cidades e ninguém se lembrava dos pequenos lugares que não prosperaram urbanisticamente.
O Florense: Por que a senhor optou por escrever histórias relacionadas com a imigração italiana?
Molon: Por fazer parte do grupo de pesquisas do Frei Rovílio, a escolha pelo tema imigração foi óbvia. Ele nos incentivava a escrever, pesquisar, preservar tudo o que os nossos antepassados nos legaram. O ano de 1975, Centenário da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul, foi o marco divisor: antes a vergonha de ser italiano, rasgar e queimar fotos, rebocar casas de pedra, derrubar as belas casas de taipa e madeira, vergonha de falar o dialeto...Em 1975, vieram os meios de comunicação social para destacar de que deveríamos ter orgulho do nosso passado. Outros povos, com milhares de anos, preservaram seus casos, suas lendas, costumes, imagens e língua com orgulho. Vivi este final mais italiano de nossa região, e praticamente falei só o dialeto até os sete anos. A chegada do rádio e da televisão mudou profundamente as nossas tradições.
O Florense: O senhor irá lançar mais uma obra na abertura da Feira. Por que escrever sobre o vinho na Bíblia?
Molon: Tenho uma ligação muito profunda com o setor da uva e do vinho. Como filho de agricultores vivi o dia a dia na colônia e, coincidentemente, meus nove meses de gestação iniciaram com a poda da parreira, a brotação, a sulfatagem, a vindima, o vinho e, em abril, nasci com o vinho novo. Devo ter vivenciado este clima de esperança, que se consolida na vindima. Adulto, trabalhando em vinícolas e envolvido nos eventos de celebração da uva e vinho, me levaram para a pesquisa e, agora, como consequência da viagem ao Oriente Médio, me despertou a intenção de pesquisar a presença das vinhas, da uva e do vinho, no livro mais lido da humanidade, a Bíblia. Não se trata de um livro religioso, mas que reconta os meus passeios (publicados pelo O Florense) e resgata a história do vinho, em especial no Egito, Grécia, Israel e Itália.
O Florense: O que lhe despertou a vontade de escrever?
Molon: Um pouco é pela necessidade de comunicar. O isolamento que o mundo da violência nos impõe. Às vezes através do livro conseguimos repartir nossas observações, emoções, imagens a que o autor teve acesso. O Frei Rovílio era enfático e o fazia em suas publicações. Recolhia e publicava tudo. E dizia: "um dia, alguns destes dados poderão ser importantes." E um outro fator é preservar as nossas histórias, tão novas, apenas 135 anos e já tão velhas, tão esquecidas. Enquanto nas nossas aulas de história, estudamos os que os outros povos fizeram, suas guerras, suas conquistas... E os nossos heróis de 1875, quem vai levantar suas histórias? Cada família nossa tem também a sua história, de começo, meio e fim. São as nossas e futuras gerações que vão acrescentar novos capítulos.
O Florense: Tem algum escritor que te instigou no início?
Molon: Regionalmente, sem dúvida, o professor caxiense Mário Gardelin. Foram centenas de artigos enfocando fatos da imigração, que me despertaram também este interesse em pesquisar e registrar. Depois a presença extraordinária de Frei Rovílio Costa, que editou mais de mil títulos, abrindo as portas a centenas de autores.
Lançamento Vinhas e Vinhos na Bíblia
Na abertura da Feira do Livro, o patrono Floriano Molon estará lançando o livro Vinhas e Vinhos na Bíblia. A obra agrega dados de suas viagens pelo Egito, Israel e Grécia, pesquisas e fotos sobre a origem do vinho. Há também citações das principais mensagens envolvendo o vinho, com destaque especial para os dois milagres de Cristo: as Bodas de Caná e a Santa Ceia. O livro tem apresentações do arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, e do enófilo e editor do blog 'Todovinho', Sérgio Inglez de Souza.
A obra será comercializada na Feira do Livro pelo valor de R$ 10. Após será vendido por R$ 15. Informações e pedidos podem ser feitos pelo e-mail: fmolon@cpovo.net.
Obras do patrono
- Otávio Rocha - Cem anos de vida colonial (1982)
- Fenavindima - 20 anos (1987)
- Molon - A história de uma família (2001)
- Caminhos da Colônia (2002)
- Carreteiros de Flores da Cunha e Região (2002)
- Slaviero, João: Liderança na vitivinicultura gaúcha (2004)
- A Via Sacra de Guido Mondin (2006)
- Nossa Senhora da Uva (2007)
- Cooperativas Vinícolas de Flores da Cunha (2009)
- Santa Eurósia (2010)
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