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“Fazer um segundo mandato melhor do que o primeiro”

Prefeito de Nova Pádua, Itamar Bernardi, do PMDB, 43 anos, avalia como foi seu quinto ano à frente do Poder Executivo

Tranquilo e sereno. Falando pausadamente, o prefeito de Nova Pádua, Itamar Bernardi (PMDB), o Kiko, avaliou seu primeiro ano à frente da prefeitura após a reeleição. Aos 43 anos, o chefe do Executivo conta que pretende sair de férias no final de janeiro, “depois que tudo estiver ajeitado”, argumenta. Usando a palavra transparência para defender o fato de ter sido reeleito com aprovação, Kiko contou ao jornal O Florense, antes das festas do final do ano, que os próximos três anos estão muito bem encaminhados – com previsão de obras (principalmente asfaltamentos) e ações nas áreas da saúde e educação. Confira a seguir os principais trechos da entrevista com o prefeito de Nova Pádua.

O Florense: Com relação a esse seu primeiro e quinto ano de mandato, levando em conta as ações de continuidade, esse seu primeiro ano do novo mandato é avaliado como?
Itamar Bernardi:
Bom, um ano muito mais maduro e mais tranquilo se comparado com o primeiro ano do primeiro mandato. Tranquilo quanto ao trabalho, o funcionamento das secretarias e do próprio setor público. Eu lhe diria que não tem nem comparação ser eleito pela primeira vez e ter uma reeleição. Claro que os desafios são os mesmos, as responsabilidades são as mesmas, até aumentam um pouquinho, mas muito mais tranquilo, mais sereno sabendo aonde quer chegar, como que você vai chegar e sabendo que você tem que fazer um grande trabalho. Não é porque você está na reeleição que vai dizer “ah, vou relaxar um pouquinho, descansar um pouquinho”. Não dá. A questão é continuar, continuar batalhando, trabalhando e saber que a reeleição não veio por acaso. Ela veio porque o povo acreditou no seu primeiro mandato e acredita que o segundo vai ser tão bom ou melhor que o primeiro, e eu estou focado nisso: fazer um segundo mandato melhor do que o primeiro.

O Florense: De todas as ações que vocês desenvolveram em 2013, quais o senhor citaria como as mais positivas?
Bernardi:
Além da continuidade até agora, posso citar neste ano, e eu bato muito nessa questão, que não avançou muito a municipalização da educação, uma coisa que eu gostaria muito que saísse do papel, mas vai ser complicado por uma série de razões. É algo que eu gostaria muito de realizar até o final do meu segundo mandato. Isso é um avanço muito grande para Nova Pádua. Eu não estou falando aqui em qualificação em termos de corpo docente, de estrutura física, mas na oportunidade de o município poder investir na educação do município. Hoje a dificuldade maior é que a escola infantil tem uma realidade e, a estadual, outra, por 1.001 razões. Você prepara a criança para um ‘estilo’ de educação e ela vai para outro ‘estilo’, uma realidade diferente. Pelo tamanho de Nova Pádua, pela arrecadação que a gente tem, os recursos que a gente tem, nós poderíamos fazer uma unificação disso e transformar a educação em um símbolo só, não precisando ter essas duas coisas separadas. Seria ideal para Nova Pádua, porém, não depende da prefeitura, não depende da direção da escola, não depende de ‘n’ fatores, mas que a gente vai tentar agregar. Eu acho difícil acontecer esse sonho, acho muito complicado.

O Florense: O pedido já foi feito para o Conselho Estadual de Educação?
Bernardi:
Sim e recebemos um não descarado, isso foi no início de 2012. Agora teve uma mudança de rumo, pode ser que se consiga algo. A segunda meta é em relação à saúde, de trabalhar a prevenção e não a parte curativa, mas não sei que vamos conseguir chegar a um ponto que eu gostaria. Isso é uma coisa que esta impregnada na cabeça das pessoas, é uma realidade que vai ser difícil de mudar e para modificar teria que ter um corpo de trabalho muito grande, seria mudar da água para o vinho.

O Florense: O senhor se refere ao consumo desenfreado de medicamentos em Nova Pádua?
Bernardi:
Não vai ser fácil e não sei se a gente vai conseguir e quanto a gente vai conseguir avançar, se é 10%, 15%, 20% ou 100%, mas é uma coisa que gostaria muito de tentar, conscientizar as pessoas disso. Depende muito da cultura de Nova Pádua, são coisas que não se mudam de hoje para amanhã, nós temos que fazer primeiramente as pessoas se questionarem, a importância que seria trabalhar preventivamente. Eu estou passando nas comunidades agora e fechamos 2013 com R$ 500 mil aplicados em medicação. Faz essa pergunta em Flores da Cunha, com 27 mil habitantes, quanto que eles gastam com medicação. E não é com saúde, meio milhão só com remédios, sem contar o que o pessoal compra nas farmácias daqui, de Flores e de Caxias. Meio milhão de reais em remédios para uma cidade de 2 mil habitantes é muito. Se fosse comparar proporcionalmente Flores da Cunha teria que gastar R$ 15 milhões em remédios, e eu acho que não chega a R$ 1 milhão. Isso é a realidade do que eu estou falando, que nos não temos um trabalho preventivo. Não vai ser fácil, por que hoje as pessoas querem a solução de imediato, tomar o remédio hoje para amanhã ficar bem. Por exemplo, um médico, antigamente, te pedia: “tu é filho de quem”, “tu trabalha com o que”, “o que tu come”. A consulta demorava meia hora, hoje em dia saiu até na televisão que em 12 segundos o médico consultou. Então chega lá você com dor de cabeça, “ah, dor de cabeça, ó o remédio”. E o povo também é assim, quer as coisas de hoje para amanhã, e o trabalho de prevenção seria uma coisa mais duradoura, um trabalho de conscientização.

O Florense: E as obras, prefeito. Alguma coisa que foi desenvolvida em 2013? Vocês estão passando nas comunidades e vocês prestam contas e já programam o próximo período, isso?
Bernardi:
Exato. Em questão de obras a gente fez, em 2013, 3,6 mil metros de asfalto no Travessão Accioli e fizemos 700 metros indo em direção ao Rio das Antas, em direção a Nova Roma do Sul. Foram 4,2 mil metros de asfalto em 2013. Já tenho planejado para agora, em janeiro, alguma coisa lá para o Travessão Leonel que temos dinheiro em caixa para fazer pelo menos uma parte da estrada, do Mützel até o Leonel. Foi licitado agora o projeto da creche municipal, nós iremos iniciar a construção neste ano, não quer dizer que vá ficar pronta neste ano. Fizemos a abertura da estrada do Leonel, estamos abrindo o Travessão Bonito em direção ao Cerro Grande. Vamos ver se até janeiro terminamos e se até o primeiro trimestre de 2014 asfaltaremos algumas ruas aqui do Centro, que já esta com o projeto aprovado.

O Florense: Como tem sido a receptividade nas comunidades nesta prestação de contas?
Bernardi:
O que a gente faz nas comunidades: mostramos ao paduense quanto a prefeitura arrecada em todas as instâncias e quais são as principais contas; quanto a gente está aplicando na saúde, na educação... E, além disso, apresentamos os investimentos, o que foi investido; o asfalto é investimento; a compra de máquinas, a compra de um veículo é investimento e para fazer essa relação de receita e despesa. E alguns pontos polêmicos, por exemplo, uma coisa que o pessoal comenta muito: aonde vai ser o próximo asfalto, por que vai ser o Leonel e não o Barra? Então comentamos porque disso. A compra ou não, junto à Mitra, do ginásio de esportes, também estamos comentando, é um assunto que a comissão da construção do salão nos propôs, mas é muito cru ainda, por isso nos estamos comentando nas comunidades para ver o que a população acha. Programamos os serviços e horas de máquinas para o próximo período. O que o agricultor está pensando para o ano que vem em relação a horas de máquinas? Daí verificamos se daremos conta, se teremos que licitar, contratar máquinas, porque quando eles vão preparar a terra, naquele mês todo mundo quer. Aí tu imagina se fossem muitos pedidos e só uma pá-giratória e um trator disponíveis, o que fazer? Fazemos esse levantamento porque em março, depois da safra da uva, o pessoal vai começar a mexer na terra. Basicamente o que a gente faz nas comunidades é isso, planejar e mostrar as contas do município. Acho que isso é importante. Esses dados não devem ficar só a conhecimento do prefeito, do secretário, duas ou três pessoas apenas. Acho que as pessoas fora da prefeitura devem saber, porque administramos o dinheiro de todos.

O Florense: Pensando em 2014, uma visão mais macro, o senhor já adiantou algumas coisas, como a abertura das estradas, asfaltamentos nas ruas do Centro, início da creche. Além desses, quais são os planos para Nova Pádua para 2014?
Bernardi:
Nós temos o asfaltamento do Travessão Leonel, do Mützel em direção ao Barra, concretizar a estrada do Travessão Bonito, a estrada do Travessão Paredes e depois vamos ver as condições que temos em relação à máquinas. As primeiras obras seriam essas. E tudo depende do tempo. A creche é uma coisa que vamos ter que começar ainda no primeiro semestre. Em termos de unidade sanitária, teremos uma reunião para algumas decisões, mas temos um projeto quase pronto sobre uma pequena ampliação na entrada, na farmácia, na recepção. E trabalhar junto os dois ramos que eu te falei, a educação e a saúde, municipalizar e prevenir. Eu também estou com o vice-prefeito Ronaldo Boniatti, que ele está mais nessa parte do turismo e das questões culturais, em termos de biblioteca para ver o que podemos fazer, se uma reforma ou ampliação da Biblioteca Pública. E pleiteamos um projeto turístico que abrangesse o Belvedere Sonda e toda aquela região. Já damos alguns primeiros passos para deixar o espaço licenciado para um projeto turístico. Já fizemos estudo de fauna e de flora. Também demarcamos qual é o terreno da prefeitura junto ao Belvedere Sonda para fazer um investimento.

O Florense: E em termos econômicos, prefeito, muita gente está dizendo que vai ser um ano de retração, esse ano aqui o pessoal ‘tirou o pé’. A previsão era de um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% a 4%, isso falando em Brasil, e deve fechar em 2,3% no máximo...
Bernardi:
Não é a questão de o cara ser otimista ou pessimista, mas eu sempre ando com um pé atrás. Eu prefiro ter uma surpresa positiva a uma negativa no final. Geralmente no início do ano o que eu faço: reúno os secretários e falo para darmos uma segurada para ver o que acontecerá nos três primeiros meses, sempre faço isso, janeiro, fevereiro e março, porque é aí que você tem uma tendência do ano. E outra coisa que eu faço a partir de outubro, mais para o final do ano, é uma retração firme mesmo, vou frear para depois não me pegar com as ‘calças curtas’ em dezembro. Isso é mais como uma defesa, o cara aprende a se defender e isso foram duas coisas que eu aprendi na administração. Os três primeiros meses te dizem como está a economia. Essas projeções de PIB geralmente acontecem no ano anterior, mas logo no primeiro trimestre já vão te dizer, pelo que se viu esse ano, se vai cair ou se vai aumentar. A questão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dá para saber pela safra, que até agora está boa. Vai ter um pouco de queda, mas nada que assuste, 12%. Até agora não teve chuva de granizo, não teve geada, a chuva está certa, não foi demais nem de menos. Mesmo tendo 10% a menos vai ser uma safra boa. Uma cultura que teve queda em 2013 foi a da pera, quase não produziu, e não foi só Nova Pádua, toda a região. Falando com os produtores do Travessão Mützel, eles me disseram que pera dá uma safra boa uns dois ou três anos, e no outro dá uma ‘falhada’ antes de voltar a produzir. Pêssego e ameixas estão com ótimas perspectivas. No alho e na cebola talvez não seja o preço esperado pelos produtores, mas é um valor razoável. Enfim, Nova Pádua se baseia na agricultura e nesse ponto o tempo tem colaborado. E isso é importante.

Kiko conta que o projeto da nova creche, que está pronto, deve começar a sair do papel neste primeiro semestre. - Fabiano Provin
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