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Ouro Escocês

A história do uísque é tão antiga quanto a da própria destilação. O que exatamente fez da Escócia a terra do uísque é um assunto nebuloso, onde explicações científicas se confudem com lendas de nacionalismo exagerado. Porém, há registros de que as tribos celtas, que habitavam a Escócia há mais de dois mil anos, produziam uma bebida conhecida por uisge beatha (água da vida) através da destilação.

A história do uísque é tão antiga quanto a da própria destilação. O que exatamente fez da Escócia a terra do uísque é um assunto nebuloso, onde explicações científicas se confudem com lendas de nacionalismo exagerado. Porém, há registros de que as tribos celtas, que habitavam a Escócia há mais de dois mil anos, produziam uma bebida conhecida por uisge beatha (água da vida) através da destilação. A evolução do antigo uísque, muito mais forte e usado até como remédio, começou com o surgimento de novos métodos de destilação. Aos poucos, a bebida foi conquistando espaço na cultura e economia da Escócia, o que chamou a atenção do parlamento. As primeiras taxas sobre produção de uísque são de 1644, ocasionando grande crescimento de destilarias clandestinas. Depois dessa e outras taxas mais duras que se seguiram, em 1758 havia apenas oito destilarias legais na Escócia. As ilegais passavam de 400. Incapaz de manter o controle da situação, o governo decidiu relaxar as leis. A partir desse período, o uísque escocês de boa qualidade passou a ser popular, também graças à criação de um novo tipo de destilador, que possibilitou o surgimento do grain whisky. Até 1831, o uísque era produzido exclusivamente com cevada, mas apartir da criação do destilador de Coffey, começaram a ser usados outros grãos como trigo, milho e centeio. O resultado é um uísque mais fraco e barato. Na Europa, a popularidade veio um pouco mais tarde, com ajuda da filoxera, que arrasava grande parte dos parreirais. Os produtores escoceses tiraram vantagem da crise de vinho, brandy e cognac que se seguiu. Quando a indústria vinícola se recuperou, o uísque já tinha ganho muitos adeptos, principalmente na França. Entretanto, hoje a Escócia não é o único produtor de uísque. Ainda que em menor número, Irlanda, Canadá, Estados Unidos, Índia e Japão também têm destilarias produzindo uísque de excelente qualidade. Prova disso é o prêmio concedido todos os anos pela Revista Whisky, que pela primeira vez esse ano não ficou na Escócia. O puro malte Yoichi 20 anos, produzido no norte do Japão, superou dezenas dos melhores scotchs, inclusive o ganhador do ano passado, Talisker 18 anos, destilado na ilha de Skye. Tendo em vista essa crescente produção estrangeira, o governo britânico decretou em 1990 o Scotch Whisky Order, uma espécie de “controle de qualidade”, oficializando o termo scotch como sinônimo de uísque escocês. Além de determinações geográficas óbvias, tais leis delimitam idade mínima de maturação (três anos e um dia), porcentagem de álcool (mínimo 40%) e qualidade da matéria-prima, mas estão atualmente sendo revistas. Haggis com batatas e uísque A culinária escocesa é rica em carnes, mas muito limitada em sabores e temperos. Salmão e outros peixes, como o arenque defumado, são muito comuns e o bife de Aberdeen é famoso internacionalmente. Mas em termos de tradição, nada se compara ao haggis. Há muitas receitas de haggis, mas em todas elas os ingredients básicos são coração, fígado e pulmão de ovelha moídos e misturados com cebola, aveia, gordura e sal. Depois, tudo isso é colocado dentro do próprio estômago da ovelha e cozido em água fervente por três horas. Hoje em dia, pode-se comprar haggis nos supermercados e o estômago de ovelha foi substituído pelo material usado em salsichas e salames, com instruções até mesmo para cozinhar no microondas. Purê de batatas, nabo e uísque são o acompanhamento. No entanto, esse prato é hoje quase que exclusivamente consumido na ceia de 25 de Janeiro, dia do poeta nacional Robert Burns, que fez por merecer a homenagem. Entre outros poemas mais conhecidos, ele também escreveu a “Ode ao Haggis”.
<i>Uísque ganhou muitos adeptos após crise no vinho, brandfy e cognac.</i> -
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