Rua Raimundo Montanari: a rua da arte
Studio Tere Finger está localizado no endereço e tem por objetivo aproximar as pessoas desse universo
Ao andarmos pela Rua Raimundo Montanari uma casa de construção inacabada chama a atenção pela arquitetura diferenciada e por sua grandiosidade. Ao entrarmos no espaço a surpresa é ainda maior: nos deparamos com incontáveis e arrojados trabalhos da artista plástica florense, Terezinha ‘Tere’ Finger Fiorio, que transformou o local em um inspirador studio.
“Eu sempre fui uma guria ousada de querer buscar, ou era na dança, ou era na música, eu cantava nem que fosse embaixo do chuveiro. Eu sempre fui das artes, eu nasci para ser das artes, é uma coisa minha”, lembra Tere, que complementa contando que começou a trabalhar com afinco no segmento há cerca de 10 anos, na área de serviço de sua casa e, depois, migrou para o segundo andar de sua loja, na área central da cidade.
“Mas, na loja também não dava. No inverno, como eu gosto de pintar trabalhos grandes, eu tinha que ir pintando e secando com o secador aqueles metros de tela. Nessa época, uma amiga minha estava para vender essa casa, aí surgiu a ideia de comprar e começar o atelier o que, em um primeiro momento, eu achei impossível”, revela a artista plástica que, no início, não se dedicava tanto ao mundo das artes, uma vez que sabia das dificuldades desta área no Brasil.
Foi quando, há sete anos, Tere e seu marido, Paulo, avaliaram as possibilidades e perceberam que o lugar disponível para venda era exatamente o que queriam, sendo assim, adquiriram para transformá-lo no atual studio: “Não tinha a intenção de que fosse outra coisa a não ser o atelier, porque não viríamos morar em uma casa que ainda não está com toda a construção acabada, então era para isso mesmo. A função foi e está sendo essa”, frisa e acrescenta que gostaria que mais pessoas usufruíssem do local, que conta com uma ampla área verde, aos fundos, onde ela mesma planta flores e verduras.
“As experiências aqui me parecem que são muitas, as pessoas dizem que a energia é boa e se sentem dentro de um contexto das artes, ou, até mesmo, em um museu, em uma galeria e se sentem felizes por poderem participar, gostam de falar sobre o trabalho, de tentar interpretar, de fazer parte da obra, e eu fico muito feliz por isso”, comemora a artista que destaca que o endereço está de portas abertas para receber a comunidade de Flores da Cunha e região. “Quem quiser pode vir visitar, eu fico muito feliz, nas sextas-feiras eu geralmente estou aqui – na verdade eu estou sempre, quem quiser é só bater na porta que se eu estou aqui é um prazer – mas na sexta-feira eu deixo aberto, e até a hora que tiver gente nós ficamos aqui. Também deixo aberto o convite para quem quiser vir pintar, caso não tenha um espaço eu ajudo a ter, com certeza”, empolga-se e revela estar em busca de parcerias culturais para otimizar o aproveitamento da casa.
De acordo com Tere, é gratificante e, ao mesmo tempo, um privilégio poder contar com a oportunidade de ter o seu próprio studio, porque o artista precisa de um ambiente para poder criar. Ela destaca que, por vezes, se questiona sobre as facilidades que teria ao viver em uma metrópole, mas, por outro lado, se diz apaixonada por seu atelier, pelo município florense e por poder oferecer essa imersão e vivência às pessoas.
“Significa uma alegria poder fazer isso, porque na minha trajetória de vida eu sempre pensei muito no outro. Então eu gosto, sim, de proporcionar isso às pessoas porque é como se eu estivesse proporcionando para os meus 14 irmãos esse espaço, eu fico muito honrada em poder ajudar. Às vezes, também dou aulas filantrópicas, porque eu gosto disso e eu acho que eu vim para fazer isso, para fazer a diferença e é justamente isso que o artista quer. Do contrário, a obra não respira, não conspira, não existe se não for por algum objetivo e o meu é deixar aberto esse espaço para que outras pessoas venham, usufruam, possam aproveitar e eu me sinto muito grata por poder fazer isso, porque é do meu ser”, finaliza, emocionada.
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