Expressões

O riso levado a sério

Às vésperas de completar uma década de atividades, a Cia. Garagem de Teatro integra a programação do 25º Sinos de Natal de Flores da Cunha

Mesmo sem conhecer a verdadeira identidade dos atores Janio Nunes e Paulo Macedo, os florenses já estão familiarizados com os diversos personagens interpretados pela dupla, como os palhaços Zoinho e Montanha, que vem roubando muitos aplausos e boas gargalhadas nos eventos do município.  
No último fim de semana, a Cia. Garagem de Teatro – cujo nome se deve ao fato de que no início os ensaios eram realizados nas garagens dos integrantes – levou à Praça da Bandeira a produção “A mala do meu vô”, durante o Natal da Família; antes disso, a trupe apresentou o espetáculo “Um Natal no Circo”, marcando a abertura do 25º Sinos de Natal e, ainda, teve participação na Semana das Letras de Flores da Cunha com “Hora dos Contos, Histórias e Magia” e a exibição do curta metragem “Cadê o Circo”. 
Agora, o grupo integra a programação descentralizada dos cortejos natalinos e percorre diversos bairros da cidade. “Eu senti uma receptividade do município em entender um profissional que trabalha com arte e cultura, de um grupo que tem uma qualidade. Isso foi muito bom para podermos ter essa abertura e fazer todo esse trabalho de Natal nesse ano. É muito gratificante e importante, além de ser uma alegria abraçarmos esse desafio e levarmos o espírito de Natal descentralizado”, empolga-se Janio Nunes, que mora em Flores da Cunha há mais de um ano e afirma gostar muito da cidade.
O grupo de teatro, por sua vez, é de Caxias do Sul e surgiu da vontade de transformar a arte em uma fonte de renda. Para isso, em 2012, Nunes e Macedo uniram seus talentos e desenvolveram o trabalho “Cadê o Circo”, que foi uma espécie de laboratório, um projeto piloto apresentado nas ruas, “passando o chapéu”. A iniciativa deu tão certo que, anos depois, a dupla melhorou a versão inicial do espetáculo e realizou mais de 70 apresentações pelo estado: “A partir disso, nós transformamos ele em um curta metragem e, com a ajuda de amigos, montamos com verba própria, foi uma produção independente”, relembra Nunes, que tem uma formação com cursos voltados para a área do cinema.  
O currículo da trupe contempla, ainda, um projeto que se chama “Um por todos e todos pela causa”, que teve mais de 50 apresentações pelo estado, e resgata um pouco da história da guerra Farroupilha, mesclando elementos com a clássica história de Os Três Mosqueteiros. Outro produto é o solo “O Andarilho”, um trabalho mudo, inspirado nos mestres da palhaçaria como Charles Chaplin e O Gordo e o Magro.
“A maior parte do nosso portfólio é do mundo da palhaçaria, até pela formação minha e do Paulo. O meu palhaço, o Zoinho, ele me alimenta a alma e também me alimenta de alimento, literalmente falando, porque a maior parte do meu ganha pão, vem dos trabalhos que eu faço como palhaço, tanto intervenções em eventos, quanto aberturas de lojas e apresentações de teatro”. Além de ser a principal fonte de renda de Nunes, a opção pela palhaçaria se deve ao fato de ser uma linguagem universal e divertida. 
Às vésperas de completar seu 10º aniversário, a Cia. Garagem de Teatro revela uma dica para àqueles que querem fazer da arte sua profissão: “É possível viver da arte, só precisamos nos organizar e ter um pouco de paciência que as coisas acontecem. Tem que começar, montar coisas e oferecer. Estamos sempre buscando aprender, quando eu iniciei não tocava instrumentos, hoje eu consigo fazer um evento e tocar algumas músicas na gaita de botão, por exemplo, quando precisa ajudo os colegas na percussão, e as pessoas que trabalham conosco fazem outras coisas também, não são somente atores, tocam ou cantam. A dica é: vá com calma, mas, siga, não desista”, enfatiza Nunes, e finaliza dizendo que o objetivo do grupo é de levar carinho, amor e instigar as pessoas ao conhecimento, a sorrirem, a serem mais felizes e humanas, não só no Natal.

Zoinho em
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