Expressões

O futuro do Talian em documentário

As gravações do audiovisual, produzido pelo Jornal O Florense, ocorreram neste mês

Levar às telas um produto dinâmico e criativo, que incentive crianças e adolescentes a resgatarem suas origens, unindo tradição e inovação por meio de um único e atemporal produto. É isso que a equipe do Jornal O Florense pretende com a elaboração de um documentário sobre o Talian que, em breve, chegará às escolas de Flores da Cunha e região da Serra Gaúcha e, quiçá, sirva de inspiração para mais iniciativas em prol da preservação desta língua. 
Conforme o diretor de O Florense, Carlos Raimundo Paviani, o projeto é uma contrapartida da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) e busca valorizar a história e o legado dos imigrantes. “Dentro da questão da cultura, o primeiro elemento que se destaca é a língua, então nós estamos em uma região de imigração italiana e tem toda uma herança cultural. Nesse sentido, a língua, que hoje já não é mais o italiano, nem o dialeto, mas essa coiné, essa mistura de diferentes influências, dos diferentes dialetos italianos; quando herdamos essa língua ela se aculturou e se transformou no que nós chamamos de Talian”, contextualiza Paviani, que revela que, desde o século XVIII, cada região da Itália falava uma língua diferente, só sendo definida, na Unificação Italiana, como a de Dante Alighieri, que era escritor da Florença, logo, o Vêneto não era a língua oficial, embora comercialmente fosse mais forte por se relacionar com o Porto de Veneza.
E foi justamente para informar acerca desta língua, de como ela está hoje e o que está sendo feito para mantê-la, que se pensou na produção de um documentário: “Esse é o principal objetivo, fazer com que esse Talian que hoje é parte daquilo que nós herdamos, possa dinamicamente sobreviver, então o objetivo também é de poder levar para as escolas, para os alunos, para que eles possam entender que realmente é uma segunda língua, com todas as suas dificuldades, porque não é uma língua rica, não é uma língua culta, mas é uma língua que serviu para comunicar durante muito tempo, então pelo menos como herança cultural que ela possa ser mantida”, enaltece o diretor deste semanário.
A opção pelo documentário também se deve ao fato de ser um formato que não vence e atrai públicos de todas as idades. “Durante muito tempo ele poderá ser visto, e ter essa função numa linguagem audiovisual, que é mais criativa e mais chamativa, consegue entreter mais, porque hoje tudo é vídeo”, destacou Paviani, acrescentando que se pretende fazer um misto de documentário com filme, isto é, mesclar a realidade com alguns elementos de ficção. 
“Vamos retratar, por exemplo, o surgimento do Tóni Sbrontolon, que é um personagem fictício, mas é parte da nossa memória, desde que fundamos o jornal e convidamos o Ivo Gasparin para escrever uma coluna em dialeto. O Ivo tem uma influência muito grande nisso, porque foi na Vindima da Canção que surgiu o Grupo Ricordi, depois teve um festival de música em Talian, em dialeto italiano, em Serafina Corrêa, e isso deu projeção para prospectar novos cantores, intérpretes, compositores. Foi quando se começou a ter uma literatura sobre isso, tanto é que hoje temos uma gramática do Talian”, enaltece Paviani. 
O enredo de um menino que aprende a língua do Talian na escola e exercita em casa, na convivência diária com os pais, até crescer e se preocupar com a sobrevivência dessa importante herança cultural, além de buscar alternativas para mantê-la viva, teve como cenário a Escola Municipal de Ensino Fundamental Rio Branco, o Jornal O Florense e as próprias residências dos atores voluntários. 
Para retratar a necessidade de a língua estar presente no dia a dia, o elenco é composto por atores do cotidiano, sendo eles: o pequeno Arthur De Dea Scalcon e os pais, Marcelo Scalcon e Mineia De Dea Scalcon, a professora que ministra aulas de Talian na Escola Rio Branco, Ivana Lunardi, o apresentador do programa Parla Talian, Alex Eberle, o colunista mensal de O Florense – com a coluna Ciàcole e seu personagem Tóni Sbrontolon – Ivo Gasparin. 
Com duração aproximada de 20min, o audiovisual teve pesquisa, roteiro, direção e produção da editora do Jornal O Florense, Gabriela Fiorio, com auxílio da redatora, Karine Bergozza. A filmagem, a edição e a finalização ficaram por conta do florense Nícolas Mabilia, da Transe Lab - Transe filmes. 

Documentário será exibido nas escolas de Flores da Cunha e região.  - Karine Bergozza
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