Expressões

Entre um hobby e outro

Há sete anos, Robson Meneguzzo coleciona histórias em quadrinhos, mas elas não são a única paixão do florense, que despertou esse gosto ainda na infância

Uma fascinação que surgiu na infância, juntando tampinhas de garrafas coloridas e latinhas, passou (e ainda passa) pelos clássicos álbuns de figurinhas de futebol, e impressiona até culminar nas 1.653 histórias em quadrinhos. Muito mais que um hobby, colecionar faz parte da rotina de Robson Meneguzzo, 38 anos.
“No dia 23 de setembro de 2015 eu comprei a minha primeira revista: Superman, número 23, no Almanaque Cultural, aqui em Flores da Cunha. Depois foi uma da Liga da Justiça, número 1. Nos primeiros seis meses eu entrava na internet e comparava os mais baratos, de forma aleatória, porque queria fazer volume, depois desse período percebi que elas não são histórias fechadas, que têm continuidade, e eu precisava buscar os números anteriores àquelas que tinha, além de prestar mais atenção no que comprava, para poder ter um arco de histórias fechadas”, lembra Meneguzzo, acrescentando que a partir do momento em que começou a ler gibis, não parou mais.
Fato que se torna evidente ao contemplarmos, na sala de sua casa, uma estante repleta de HQs, produzida especialmente para suportar o peso e as dimensões dos livros, na qual ele expõem, orgulhoso, 1.500 exemplares de sua coleção. Os primeiros a ocupar as prateleiras do móvel, segundo o florense, foram da DC e da Marvel: “Conforme fui percebendo o mundo dos quadrinhos vi que não eram só esses dois universos, mais representativos por causa do cinema, então eu comecei a comprar outras histórias, de outros escritores, italianos e até israelenses. Tem muita coisa legal para consumir no mundo dos quadrinhos e é um estilo de arte”, revela. 
Mas, em meio a tantos livros, como lembrar os que já foram e os que ainda devem ser lidos? Os que possuem uma história que vale a pena ler de novo? E como precisar o número exato dessa coleção? “Tenho uma planilha no Excel, na qual catalogo eles. Coloco quanto eu paguei cada um, quando comprei em uma promoção ou não, faço uma cronologia e algumas anotações. Não consigo chegar, pegar um e ler, tenho que saber por onde vou começar, porque os quadrinhos vêm desde 1938, então tem muita história que eu compro de arcos bem antigos e preciso ter uma sequência, uma organização”, destaca o comercial, frisando que, no início, contou com a orientação de um amigo para saber o que comprar e conseguir um direcionamento.
E se você é daqueles que pensa que os gibis se resumem aos personagens clássicos e leves da Turma da Mônica ou do Tio Patinhas, Meneguzzo explica que o quadrinho mudou muito ao longo dos anos e sua leitura exige atenção para ser compreendida: “A era de ouro, nas primeiras HQs, tinha muita violência, porque envolvia a parte da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos. A era de prata entra com muita censura, do final dos anos 1950 até o início de 1970, são histórias mais ‘bobas’, diferentes, que não podiam ter certas palavras. Nos anos 1980 surgiram novos autores e desenhistas, eles começaram a mudar essa pegada, a censura foi ficando de lado e as histórias voltaram a ser classificadas por faixa etária”, contextualiza. 
Apesar de adquirir algumas HQs em bancas de aeroportos, em suas viagens, atualmente o florense costuma comprar de forma online, especialmente na Amazon, que acredita ter um melhor custo-benefício. Ele também conta que chegou a ter dois empregos, para poder investir na coleção sem mexer na renda da família, mas percebeu que, assim, não sobrava tempo para ler e decidiu mudar sua estratégia. “Hoje eu compro coisas esporádicas, tenho quase tudo dos arcos da era de ouro, de prata e de bronze, então espero sair um encadernado de luxo com a edição completa, focando em menor quantidade e mais qualidade”, enfatiza o comercial, que defende se envolver muito mais pelo universo dos quadrinhos do que pelo retratado nas cenas dos filmes. 
O colecionador, que leu mais da metade de seus gibis, revela que compra os exemplares com esse objetivo, não só de alcançar um número elevado: “A gente vê, na internet, o pessoal que é o colecionador de lombadas – uma lombada é composta por diversos livros que formam uma imagem – muita gente tem elas completas e nunca leu. Eu procuro ler, não quero ser um colecionador de lombada, se eu tenho o produto, investi um valor nele, leio e procuro reler, porque não quero me desfazer”, destaca, acrescentando que chega a acordar às 5h da manhã, nos finais de semana, para colocar a leitura em dia. 
Além de colecionar histórias em quadrinhos, Meneguzzo possui outros hobbies, como montar quebra-cabeças e completar álbuns de figurinhas, os quais procura compartilhar com a filha Rebeca, de 7 anos, que, ao que tudo indica, será uma futura colecionadora. E se depender do pai, itens para isso é o que não vão faltar: “Tenho coleção de rolhas, todos os vinhos que consumo guardo elas. Imãs de geladeira, que eu comecei a comprar das cidades que viajo. Meias coloridas eu também tenho algumas. Não são coisas que me dedico, mas, acabo comprando e quando percebo vão se tornando uma coleção”, empolga-se, e finaliza acrescentando que já colecionou muitos filmes, séries e desenhos antigos e que aguarda, ansioso, a chegada do álbum da Copa do Mundo 2022, para completar mais um capítulo de suas paixões, na história de colecionador. 

Robson Meneguzzo possui um acervo de 1.653 HQs, entre elas estão exemplares que receberam o Prêmio Eisner, o
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