Expressões

As falas da ‘Pele’

Exposição fotográfica de Tatieli Sperry inaugura o projeto ‘Todas as Mulheres do Mundo’, uma parceria entre a Procuradoria da Mulher e o Coletivo Quitérias

Foi para dar visibilidade às lutas femininas contra a desigualdade de gênero, o racismo e as condições sociais, que a Procuradoria da Mulher uniu forças com o Coletivo Quitérias e lançou o projeto ‘Todas as Mulheres do Mundo’, na  quinta-feira, dia 5, no Solar Dalva Maitelli Belló da Casa Legislativa de Flores da Cunha. 
Para a inauguração do feito, a fotógrafa Tatieli Sperry, 37 anos, foi convidada para apresentar os trabalhos de seu ensaio intitulado ‘Pele’. A exposição, em formato acessível, foi desenvolvida com o intuito de descentralizar a cultura. “Eu comecei a perceber a falta extrema de pessoas negras nos portfólios. Quando tu vê alguém com o teu tom de pele, com o teu tipo físico de corpo, tu se sente incluído na sociedade, se sente visto. Ela (a exposição) vem dessa necessidade, dessa importância do poder se ver”, ressalta Tatieli. Para a fotógrafa, expor seu trabalho dentro de ‘Todas as Mulheres do Mundo’ é muito importante: “Eu acho isso muito democrático, muito acolhedor, acho que nós precisamos falar das mulheres. Precisamos falar dos trabalhos das mulheres. Justamente nós, que ao longo dos séculos, fomos caladas, reprimidas, a potência da mulher vem sendo apagada”, enfatiza, acrescentando que já trabalhou bastante com causas sociais em suas fotografias. “Se eu puder fazer alguma diferença nesse mundo e somar de alguma maneira, através desse olhar, através da minha arte, vou fazer, e vou fazer nas partes que são importantes para mim, que é o mundo das mulheres, que é o meio social”. 
A relevância de trazer à tona pautas sociais é destacada por Tatieli, que reforça que ‘Pele’ também fala sobre racismo: “É muito importante porque, nesse caso, estamos falando do racismo. Então, a gente usando a arte, chega com essa pauta de uma forma carinhosa, apesar de saber que o racismo, ele nunca foi carinhoso”, fomenta a artista, que salienta a urgência de se colocar pessoas negras em visibilidade, nos lugares de fala e ocupando espaços: “Isso é uma pauta necessária, e ela é para ontem, ela é urgente”. 
Racismo é o preconceito e a exclusão de pessoas com base na cor de sua pele. “Tem algumas pessoas que falam que não existe, mas ele existe e ele está quente, está vivo, está forte, está machucando, trazendo dor”, comenta Tatieli, evidenciando que é preciso acabar com o racismo estrutural, que é plantado internamente dentro da sociedade. 
Sobre expor seu trabalho na Terra do Galo, a fotógrafa diz que se sentiu ouvida: “Senti que Flores da Cunha me acolheu muito bem, foi muito legal o lançamento, foi muito precioso estar com as pessoas que estavam lá naquele momento, a escuta. Pude falar e sentir que fui, de fato, escutada”. Ela também compartilha a experiência de expor em outro município, já que é natural e residente em Caxias do Sul: “Muito legal expor em outra cidade, expor algo que movimenta, algo que causa questionamentos. Que isso venha a se expandir, que vá para outras cidades, e que as sementes sejam plantadas”. 
A exposição fotográfica ‘Pele’, de Tatieli Sperry, permaneceu no Solar Dalva Maitelli Belló, da Casa Legislativa, até esta sexta-feira, dia 13. A partir da segunda-feira, dia 16, até dia 27 de outubro, as fotografias serão exibidas na Casa da Cultura Flávio Luis Ferrarini. A atividade é gratuita, aberta à comunidade, e faz alusão à importância do autocuidado, da aceitação e da diversidade feminina, pautas que também merecem ser debatidas no Outubro Rosa.

A modelo, Sabrina Moreira, com a fotógrafa, Tatieli Sperry, na abertura da exposição ‘Pele’. - Karine Bergozza
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