Expressões

A cultura de mãos dadas com a comunidade

Administração e florenses comemoram a consolidação do Sistema Municipal. Agora o desafio é tirar do papel as prioridades estabelecidas

Flores da Cunha conta com um Sistema Municipal de Cultura consolidado. Desde o dia 25 de março, o município possui essa certificação, mas que, só foi possível com a aprovação unânime do Plano Municipal de Cultura – um dos pilares desse sistema que também é formado pelo Conselho Municipal de Cultura e Fundo Municipal de Cultura – em sessão extraordinária da Câmara de Vereadores, no dia 23 do mesmo mês.
Mobilização que teve início ainda em agosto de 2021, com a Conferência Municipal de Cultura, que contou com a participação da comunidade, de forma online, para definir 10 prioridades para o segmento, que serão adotadas nos próximos 10 anos. “As pessoas apresentaram as sugestões, os motivos, o porquê, em quanto tempo gostariam que cada uma dessas ações fosse realizada e, a partir disso, foram construídas 100 diretrizes, por todos os grupos, em diferentes segmentos. Depois elas foram postas em votação e o nosso objetivo era que 10 delas, as mais votadas, fossem as prioritárias. Mas, acabamos trazendo para o grupo principal mais 10, então, nós temos mais 10 que também serão trabalhadas porque têm afinidade com as primeiras, não tem como fazer uma sem fazer a outra”, explica a diretora do departamento de Cultura de Flores da Cunha, Nata Francisconi.
De acordo com ela, desde 2012 os florenses têm à disposição a lei que institui o Sistema Municipal de Cultura, com a consolidação do Conselho e do Fundo, no entanto, ainda faltava o Plano, e a conferência foi realizada justamente com esse intuito, para poder definir as prioridades e incluí-las no mesmo: “A etapa seguinte foi elaborar esse documento, que resultou em cerca de 48 páginas, somente o Plano, que precisou ser aprovado no município, não enquanto Plano, mas uma lei que o instituísse na esfera Executiva e Legislativa do município”, revela Nata. 
Mas o que muda, efetivamente, com essa novidade? “A principal alteração é que agora a gente trabalha as diretrizes da cultura a partir do Plano, não ficamos mais sentados em uma sala discutindo o que vamos fazer, agora discutimos como vamos fazer aquilo que a comunidade disse que precisa ser feito. Essa é a principal função do Plano, organizar de uma forma documentada e legalizada aquilo que a comunidade quer que aconteça”, defende a diretora que acrescenta que a diretriz principal, votada por mais de 50% do público, foi a conclusão do teatro da Casa da Cultura Flávio Luis Ferrarini. 
Em relação à essa obra, Nata destaca que existe uma expectativa de que ela seja concluída até o final de 2023: “Agora estamos em uma etapa em que vamos precisar licitar os projetos complementares, que são: iluminação, climatização, sonorização e cenografia – a parte de palco, camarim, coxias, essa questão toda – porque são valores que precisam ser licitados para desenvolver as propostas. Feito isso, inscreveremos o projeto na Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC) para a busca de recursos, para que possamos avançar até o final. Esse já é um compromisso assumido também pelo prefeito César, porque é uma atitude que requer que tenha o apoio incondicional do Executivo”, esclarece, ao mesmo tempo em que frisa que as articulações para concluir todas as etapas necessárias acontecem em uma conversa próxima, mas que termina nos órgãos, no gabinete do prefeito, na Câmara de Vereadores e no plenário, porque eles são os parceiros para validação e institucionalização dessas medidas.
E por falar em parcerias, o desenvolvimento do Plano Municipal da Cultura contou com o apoio do Conselho Municipal da Cultura que, de acordo com seu presidente, Jésus Reis, tem a função de representar a comunidade como um todo, tanto nas secretarias e administração, como nos segmentos artísticos e culturais do município.
“É uma alegria imensa conseguirmos consolidar esse Sistema de Cultura porque sabemos que mais projetos podem ser aprovados. Trabalho que começou com a conferência, por meio de apontamentos de novas ações em relação à cultura, e isso só nos alegra, porque, afinal, a gente precisa olhar para o passado com carinho, mas precisamos viver no presente e projetar o futuro”, destaca Reis, que enfatiza a importância de seguir as diretrizes aprovadas.
Conforme o presidente, a partir de agora a cultura ganha força e isso está atrelado à possibilidade de novos projetos e arrecadação em prol dos mesmos, ou busca de verbas necessárias para a realização das prioridades elencadas: “Não só a nível municipal, mas estadual e federal também, e até com a iniciativa privada, por que não? Daqui a pouco podemos ter uma Lei Municipal que estabeleçamos um fundo de verbas para a cultura e nós vamos buscar isso também”.
No que diz respeito à principal prioridade elegida na conferência, a construção do teatro da Casa da Cultura, Jésus explica que o espaço vai se somar ao objetivo de promover atividades maiores, uma vez que haverá um local próprio para tal e que, consequentemente, essas ações também poderão ampliar a visibilidade do município: “Na verdade, todos os setores ganham. Não só a sociedade civil, mas a administração pública também ganha com essa movimentação, com esse olhar de fora e que, a nível de administração pública, nesse momento, a gente tem muito esse respeito, de parar se alguma coisa não está sendo bem construída e refazer, repensar, então isso me alegra bastante”. 
Outro aspecto a ser comemorado pelo presidente é que vem mais novidades culturais por aí, ainda neste ano. “Em breve vamos ter, provavelmente, um novo decreto com uma nova nominata dos conselheiros, porque alguns não estavam tendo condições de participar – apesar de serem pessoas extremamente qualificadas e habilitas. Fomos buscar, de forma muito técnica e conjunta, novos nomes e, em breve, vamos ter uma nova constituição desse conselho para que ele esteja mais forte, mais participativo, que seja melhor divulgado, melhor consultivo e melhor representado pela comunidade”, adianta e finaliza destacando o quão importante é o engajamento de todos. “A cultura é uma construção coletiva, a gente não tem que planejar nada sozinho, a cultura não se faz com uma única pessoa, mas se faz com o todo”. 

Relembre:
- Nos dias 18, 19 e 20 de agosto de 2021 foi realizada a Conferência Municipal de Cultura, na qual os florenses puderam escolher, de forma online, as 10 prioridades para a cena cultural do município nos próximos 10 anos.
- As dez prioridades eleitas foram:
1. Concluir o teatro da Casa de Cultura;
2. Criar a Lei Municipal de Incentivo à Cultura;
3. Inserir oficinas de dança e teatro no contraturno das escolas;
4. Inserir oficinas de música nas escolas;
5. Promover a Vindima da Canção em novo formato, com artistas nacionais e locais; 
6. Promover passeios guiados e roteiros turísticos que visem valorizar o patrimônio;
7. Restaurar o Museu e Arquivo Histórico Pedro Rossi; 
8. Revitalizar os grupos de canto e música, como o Coral Nova Trento e a Banda Florentina;
9. Despertar nas crianças o valor pela cultura; 
10. Direcionar recursos municipais para o Fundo Municipal de Cultura para financiar ações.

Nata Francisconi e Jésus Reis comemoram mais uma conquista.  - Karine Bergozza
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