Expressões

“A leitura é a alma da escrita”. “Não é tão fácil escrever”. “Eu publiquei bastante, mas, isso não garante nada”. É a partir da simplicidade e sabedoria proferidas nestas frases que conseguimos compreender porque, aos 82 anos, o crítico de arte, filósofo, poeta, escritor e professor, Jayme Paviani, em sua postura, evidencia o jeito simples de ser e cativa por sua humildade. Mesmo com todas essas habilidades, vangloriar-se está longe do vocabulário deste multitalentoso, que contabiliza mais de 40 livros publicados e outros cinco, encaminhados. 
Paviani – que nasceu no Travessão Mutzel, quando este ainda pertencia a Flores da Cunha, mas, após a emancipação passou a integrar o município de Nova Pádua – é o escritor homenageado na 2ª Feira do Livro ao ar livre, que ocorre na primeira semana de novembro, no Complexo Belvedere Sonda, em Nova Pádua. O florense/paduense também possui formação em Direito e pós-doutorado em Filosofia, sendo considerado mestre por excelência na arte do conhecimento. 
O erudita revela que, hoje, passa grande parte do dia em sua biblioteca, rodeado pelas incontáveis obras e, em relação ao seu modo de escrever, acredita que, de forma geral, os textos dependem da personalidade de cada um e da forma particular que se faz. “É muito treino, bastante treino, porque se você escreve todos os dias, você se habitua, você cria um estilo. Agora se você escreve só de vez em quando, é mais difícil”, destaca o primo de Flávio Luis Ferrarini.   
E por falar em diferentes formas de se conectar com a arte, a literatura e a música, neste ano, a Feira do Livro ao ar livre terá um artista plástico como patrono. Quem recebeu essa responsabilidade foi o aquarelista Antonio Giacomin, 58 anos, natural do distrito de Mato Perso, em Flores da Cunha. 
Giacomin iniciou no universo da pintura em meados de 1980 e, de lá para cá, passou temporadas nos Estados Unidos, México e Europa, dedicado ao aperfeiçoamento de sua arte e de sua técnica. Atualmente ele reside e trabalha em Caxias do Sul, onde mantém sua galeria e atelier, além de desenvolver workshops – que ministrou na Espanha, Itália, Portugal, China e Argentina – oficinas criativas e palestras, atendendo também a compromissos de cunho artístico em diversos eventos no exterior e, inclusive, representando o Brasil em alguns deles; sem falar dos livros que ilustrou com seu talento. 
Mesmo com reconhecimento internacional, o artista nunca esqueceu sua origem simples, na Serra Gaúcha, e as pessoas que por aqui conheceu: “Falar de Nova Pádua é falar também de um cidadão que muito nos ensinou e muito nos deixou na literatura, no exemplo de vida e nas suas escritas, que, através das suas metáforas, criou maravilhas, nos fez viajar no tempo, na nostalgia, na nossa infância, criando rotas de viagem sem sair de casa. Esse era o Flávio, que me foi apresentado pelo nosso amigo Maneco. Uma pessoa maravilhosa, que deixou um legado fantástico, um patrimônio imaterial e que todos nós devemos apreciar, meditar e agradecer pela sua presença. Essa foi a pessoa que muito me ensinou a ser humilde, a ser coerente com a vida e apreciar as coisas boas”, lembra o patrono, com carinho. 
Muito mais que a relação profissional, fortalecida ao ilustrar algumas obras de Ferrarini – como Quadrantes e O Menino da Terra do Sol – Giacomin e Flávio aproximaram-se e, justamente esse sentimento de amizade é o que o artista plástico enaltece ao agradecer pelo convite de ser patrono da 2ª Feira do Livro ao ar livre: “Essa é a Nova Pádua, o filho de Nova Pádua (Ferrarini) que tão bem nos ensinou e que deixou um exemplo de vida maravilhoso. Devemos muito a você, aonde você estiver”, conclui, grato.
A 2ª Feira do Livro ao ar livre é uma realização da prefeitura de Nova Pádua, em parceria com o Instituto Flávio Luis Ferrarini.