Expressões

“Escrever nunca é para a gente mesmo, é para os outros”

Patrono da 43ª Feira do Livro de Flores da Cunha, Frei Jaime Bettega, enxerga a leitura como um ato de amor e transformação

Depois de a literatura ter tomado conta do Pequeno Paraíso Italiano, na segunda edição da Feira do Livro ao ar livre realizada no último fim de semana, agora é a Terra do Galo que está em clima de poesia. É que de 21 a 26 de novembro será realizada a 43ª Feira do Livro de Flores da Cunha que, neste ano, ocupará a Praça Nova Trento (Corsan). 
“Uma das metas da administração é dar vida comunitária aos espaços públicos do nosso município. Com isso, optamos por realizar a Feira do Livro na Praça Nova Trento. A escolha do local também foi pensada para não conflitar com a decoração de Natal, que está sendo instalada na Praça da Bandeira”, esclarece o secretário de Educação, Cultura e Desporto, Itamar Brusamarello, complementando que, por essa mesma razão, a programação se encerrará no sábado, dia 26, não se estendendo para o domingo, dia 27, data em que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação realizará a abertura dos Sinos de Natal no município.  
Por conta da pandemia, a última Feira do Livro ocorreu em 2019 e, em 2021, foi realizada a Semana das Letras, em formato reduzido, na Casa de Cultura Flávio Luis Ferrarini. Dessa forma, a 43ª edição também marcará a retomada do evento, que contará com atrações para todos os públicos, entre elas um piquenique noturno – uma parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Nos seis dias de feira haverá uma intensa programação nos três turnos, sempre objetivando aproximar as escolas do evento. 
O patrono da 43ª Feira do Livro de Flores da Cunha, o Frei Jaime Bettega, de 62 anos, foi escolhido ainda em 2020, em meio às incertezas da Covid-19 – em 2022 o projeto de 2020 foi readequado. E, dois anos depois, chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre o Frei Capuchinho, que é natural de Caxias do Sul, possui formação em Filosofia, Teologia e Administração de Empresas, pós-graduação em Gestão de Pessoas, mestrado em Administração e, atualmente, é doutorando em Administração. Bettega é professor do curso de Administração da UCS e criador da especialização “Espiritualidade no Mundo do Trabalho”. Também é fundador do Projeto Mão Amiga.
Frei Jaime Bettega já foi patrono de feiras do livro em municípios como Jaquirana, Caxias do Sul e Veranópolis. É autor das seguintes obras: O olhar do coração; A espiritualidade nas organizações: uma dimensão humana vital ao trabalho; A perfeição do amor; Fazer o bem; Quando a vida se torna oração; 365 dias de paz; Toques que edificam; Parei de sentir medo; e Amanhecer por dentro: Palavras que elevam. Também organizou os livros, em coautoria com Benildo Bordignon e Leomar Brustolin: Convidados para a ceia: Primeira Eucaristia; Confirmando a fé: Crisma 1; Decidi ser cristão: Crisma 2 e; Primeiros passos: Iniciação à vida cristã. Confira, abaixo, a entrevista completa com o patrono. 

O Florense: Como recebeu o convite para ser patrono da Feira do Livro? 
Frei Jaime Bettega: Foi uma surpresa agradável, é sempre uma notícia que nos enche de alegria, não nos eleva, o título nunca vai nos colocar em uma situação de melhores do que os outros, o título sempre reconhece um trabalho, e escrever nunca é para a gente mesmo, é para os outros. Então que bom que a escrita, o meu estilo de texto, de redação, de crônicas, foi reconhecido. Eu entendo que a Feira do Livro é incrementar a vida, qualificar a vida com boas leituras, e também que o meu estilo é bastante a questão do cotidiano, e que o cotidiano tenha bastante motivos para celebrar a vida. 

OF: Como é a relação do frei com o município florense? 
Bettega: A gente tem um carinho especial por Flores da Cunha, pela história dos Freis Capuchinhos, pelo dinamismo desse município, pela qualidade da vida em família, pela produção, o trabalho e a espiritualidade. Eu acho que o que me une muito a Flores da Cunha é a espiritualidade, é um povo de muita fé e um povo que sempre amou os Freis Capuchinhos. Não é por nada que Flores da Cunha tem o Frei Salvador Pinzetta, nesse processo de beatificação e, ele só foi considerado, isto é, acima da média, como alguém que se encaminha para a Santidade, porque conviveu com uma comunidade muito querida. Então eu tenho um carinho enorme por Flores da Cunha, pelas comunidades e por tudo aquilo que de bom Flores da Cunha faz acontecer, e também por acolher as nossas Irmãs Clarissas Capuchinhas e por termos o Frei Salvador e o Eremitério. 

OF: Qual o sentimento em ser escolhido como patrono da Feira do livro?
Bettega: Eu tenho a sensação de que teriam outras pessoas que mereceriam este destaque, talvez antes da minha pessoa, mas eu aceitei justamente porque veio de Flores da Cunha e porque a gente se sente muito próximo deste município e também porque a causa do livro, a causa da escrita, a vida que vai se transformando a partir daquilo que a gente lê, isso me deixou com um sentimento de gratidão a Flores da Cunha.

OF: Qual a importância da realização de feiras do livro em uma sociedade cada vez mais conectada pelas tecnologias e redes sociais? 
Bettega: Dá para dizer que nunca o livro foi tão importante, porque a gente pode ter muita coisa arquivada, quer seja no computador ou no próprio celular, mas um livro a gente tem na mão, a gente sabe onde está o livro, qual é a coletânea que ele tem dentro de si e aí a gente se situa mais facilmente. Não se trata de, ou rede social, ou livro físico, o impresso, eu acho que dá para ter as duas coisas, até porque, em alguns momentos, a gente não consegue ser só tecnológicos, nós precisamos tocar. A escrita guardada em um livro dá a impressão de que ela está mais viva do que quando registada em uma tela.

OF: De que forma a leitura pode ser mais incentivada entre as crianças? 
Bettega: A leitura é uma missão da família e um desafio muito grande da escola – eu lembro do meu tempo de fazer fichas de leitura – nós precisamos fazer fichas de leitura, incentivar, eu vejo crianças entusiasmadas com as leituras. Gosto quando uma criança descobre o prazer de ler, procuro sempre dar algum livro, presentear, para que possa ler cada vez mais. Por isso, é muito importante que todos nós incentivemos a leitura, os pais adquiram livros e a escola faça da biblioteca um espaço de muita criatividade. 

OF: Para o frei, leitura significa... 
Bettega: Leitura significa esperança, o horizonte. Leitura é um ato de amor, amor à vida, ao conhecimento e à transformação. 

 - Arquivo Pessoal/ Divulgação
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário