Esporte

Rapel, um esporte para superar os limites

O rapel permite, através de cordas, a descida de montanhas, pedras, pontes, cachoeiras, prédios e ainda desfrutar de paisagens ímpares

Força, técnica, e muita concentração. Essas são as premissas fundamentais para quem deseja praticar ou já pratica o rapel. O esporte, cada vez mais em evidência, é procurado pelas pessoas que buscam uma atividade radical em contato direto com a natureza, e que também ofereça diversos benefícios, tanto para a mente quanto para o corpo. O rapel é uma atividade física vertical realizada por cordas e com equipamentos próprios, geralmente praticada ao ar livre. 
Para o agricultor e instrutor de rapel, Tadeu Baggio, 40 anos, o interesse surgiu quando tinha 17, ao praticar o esporte pela primeira vez. “Sempre gostei de aventura e quando tive a experiência no Mirante Gelain me apaixonei pelo rapel e, a partir daquele momento, me aprimorei com cursos para oferecer essa vivencia a outras pessoas”, destacou Baggio.  
De acordo com Tadeu, o rapel proporciona inúmeros benefícios, como o controle da ansiedade, melhora na coordenação motora, aumento da força muscular (braços e pernas), além de reduzir o estresse. A equipe Adrenalina Vertical, de Nova Pádua, que conta com nove instrutores, já realizou o rapel em vários municípios, mas com maior frequência no Mirante Gelain, no campanário de Flores da Cunha, na Cascata Borella e no local próximo ao Lago Dom Camilo, no Belvedere Sonda, e, na Cachoeira da Ilha, no Travessão Divisa. “No verão, as pessoas nos procuram para fazer as descidas nas cachoeiras”, ressaltou ele. 
Entre todas as pessoas que já praticaram o rapel, Tadeu destaca a pequena Anna Lívia Panizzon, de cinco anos, que já presenciou o rapel dos pais Cristiane Tochetto Panizzon, 35, e Daniel Panizzon, 40 anos, na descida do campanário de Nova Pádua e Flores da Cunha, no Mirante Gelain e na Cascata Borella, frisou o instrutor.  
Segundo Daniel, a filha já realizou o rapel na Cascata Borella por duas vezes, além do pêndulo na ponte de ferro entre Nova Roma do Sul e Farroupilha. “No primeiro rapel, a Anna estava muito tranquila. Foi ao natural e nem nós acreditávamos que ela realizaria a descida com tamanha serenidade”, recorda o pai. 
O soldador Rodrigo Toscan, 42 anos, sempre teve curiosidade em conhecer o rapel. “Em 2004 recebi um convite de alguns amigos para fazer uma descida no Mirante Gelain. Quando completei o rapel o gosto pelo esporte só aumentou”, frisou Toscan, que com o passar dos anos montou a equipe K2 Adventure Rapel.


De acordo com o instrutor, por se tratar de um esporte de risco é importante ter muito cuidado na escolha dos equipamentos, que devem ter certificado e a resistência comprovada. Os principais itens de segurança são, o mosquetão de aço (ou alumínio), cordas (próprias para a prática do esporte), luvas, capacete, freio oito (ou blocante), cadeirinha e, ter um conhecimento sobre técnicas verticais”, argumenta Rodrigo, pedindo que as pessoas interessadas e que não têm conhecimento do rapel procurem equipes profissionais para praticar essa modalidade esportiva. 
Toscan já fez rapel em Flores (Mirante Gelain e algumas cascatas particulares), em Caxias do Sul desceu na gruta da 3ª Légua, no Viaduto 13, na cidade de Vespasiano Corrêa, na ponte de ferro, entre os municípios de Nova Roma do Sul e Farroupilha, na Usina Hidrelétrica, no município de Três Coroas, entre outros lugares da região e do Estado.
Por si só, o rapel já é uma forma de enfrentar os limites. Para o comerciário Fabio Henrique de Oliveira, 50 anos, a deficiência visual é apenas mais uma dificuldade, mas que não o impede de praticar esse esporte. Depois de perder 97% da visão, Fabio fez o maior pêndulo do Brasil, localizado em Urubici/SC. O porto-alegrense fez o Pico Camapuã/PR, o Parque Nacional/PR e inúmeros rapeis no Rio Grande do Sul. 


“Realizar o rapel no Mirante Gelain foi uma grande satisfação. No local participei do 2º Encontro Gaúcho de Rapel. Essa foi a minha primeira ida sozinho a um lugar depois de perder a visão. Peguei um ônibus até Caxias do Sul, outro até Flores da Cunha e me desloquei até o Mirante de taxi. Quando cheguei, montei minha barraca e dormi esperando os amigos que chegaram no dia seguinte”, relembrou ele.
Depois, em 2019, esteve novamente no Mirante com o instrutor Rodrigo Toscan. “Eu preciso do amparo dos amigos para subir a trilha de volta, mas eu mesmo coloco os equipamentos de segurança e faço o rapel sozinho”, ressalta Oliveira, que faz trabalho voluntário alimentando moradores de rua e no serviço de prevenção ao suicídio, ambos em Porto Alegre.  
Fabio começou a fazer rapel num dos lugares mais altos do Estado, na Cascata do Chuvisqueiro, no município de Riozinho. “Não tinha nenhuma experiência. Fiz por aventura já que todos os meus amigos que participavam da excursão fizeram o rapel. A adrenalina bateu a milhão. Apesar do medo e da tensão, a experiência foi incrível”, relata ele.
Oliveira complementa que a primeira experiência trouxe medo, mas ao mesmo tempo prazer e satisfação de ter concluído a descida. “É um esporte viciante e estou sempre pronto a conhecer e desafiar novos locais, novas descidas, seja durante o dia, durante a noite, com chuva ou com vento. Costumo dizer que todos problemas que enfrentei na minha vida são “café pequeno” perto do que já superei no rapel”, finaliza Fabio.  

O instrutor Tadeu Baggio e a pequena Anna na Cascata Borella. - Equipe Adrenalina Vertical/ Divulgação
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