Esporte

O sonho de ser atleta profissional

As Olimpíadas acabaram, mas o amor pelo esporte continua vivo em Flores da Cunha

Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 terminaram no domingo, dia 8. No Japão, os atletas brasileiros garantiram a melhor performance do país em Olimpíadas, terminando em 12º lugar, com sete medalhas de ouro, seis de prata e oito de bronze. Histórias como a da menina Rayssa Leal, de 13 anos, segundo lugar no skate feminino, reacenderam o interesse pelos esportes no Brasil, inspirando crianças que sonham em virar atletas profissionais (confira embaixo).
Viver do esporte e viajar o mundo através dele foi um desejo alcançado pelo florense Altamir Molina Cezar Junior, atleta profissional de Jiu-Jitsu. A arte marcial colocou muitas vezes Altamir no lugar mais alto do pódio: o hobby foi virando profissão a cada passo dado, desde a conquista das primeiras competições estaduais, depois regionais, até internacionais, como o campeonato europeu e o Grand Slam Abu Dhabi, torneio disputado no Rio de Janeiro em 2017.
“A decisão mais difícil foi largar a empresa onde eu trabalhava, com cargo e salário bem legais. Eu ia até para psicólogo, porque eu estava meio em dúvida, sempre com angústia, ansiedade. O campeonato me ajudou bastante a tomar a decisão, e decidi que queria me dedicar 100% ao Jiu-jitsu”, explica Altamir, que ficou fora por cerca de quatro anos, dando aulas do esporte em mais de 15 países para pessoas de várias nacionalidades.
Segundo o atleta, a coragem de se aventurar pelo mundo vivendo do sonho nasceu de lições aprendidas dentro do tatame. E durante toda a jornada, o amor pelo Jiu-jitsu foi um guia pelos países onde passou: “Esse é o ponto principal no esporte. É uma sensação de pertencimento gigante, todo mundo se ajudando, todo mundo é igual. O Jiu-jitsu é uma fraternidade mundial”, conta, lembrando um amigo gaúcho que mora em Israel e dá aulas para palestinos.
A competição existe e ensina a disciplina, a capacidade de estar preparado para situações adversas, o raciocínio sob pressão, a coordenação motora, entre outros – tanto que, nos Emirados Árabes, é matéria escolar. Mas o mais importante não é ganhar e sim evoluir: “A tua vitória é do tamanho do teu adversário. Se só eu evoluo e o cara que treina comigo não, a minha evolução trava, não progride”, afirma Altamir. 
Morando no Brasil desde o fim do ano passado, depois de voltar da Irlanda, onde estava prestes a abrir uma academia, sonho atrapalhado pela pandemia, o atleta dá aulas de Jiu-jitsu na JA Flores da Cunha. “O esporte me abriu muitas portas. Me despertou a vontade de apresentar à sociedade, de devolver de certa forma. Hoje eu tenho a satisfação de ensinar, de plantar o amor pelo Jiu-jitsu, de contribuir para a evolução das pessoas”, diz o professor.
Altamir garante que nenhuma outra profissão o deixaria realizado como viver do Jiu-jitsu, e se vê preparado para tudo com o crescimento proporcionado pela vida no esporte: hoje fala inglês e espanhol, aprendidos em suas andanças. “O Jiu-jitsu é a minha profissão. Estou iniciando aqui, com crianças, com adultos, me dedicando bastante. Não há outra coisa que eu queira fazer na minha vida”, ele afirma.
Sobre o sonho de virar um atleta profissional, ele chama atenção para as dificuldades de se fazer isso no país, que ainda engatinha na estrutura necessária para desenvolver jovens em diversas modalidades. “O adversário no Brasil é se manter no profissional. É preciso valorizar as medalhas brasileiras frente a atletas de países que nunca treinaram sob más condições. Bronze é diamante para um país de terceiro mundo”, conclui. 

Os atletas do futuro

Futebol
“De todos os esportes, é o que eu mais gosto. Desde 2018, jogo futsal e futebol sete em uma escolinha. Me inspiro na Marta. O futebol feminino não era tão levado a sério, mas depois dela e da Formiga, se ouve falar mais. Futebol não é só para meninos, é para qualquer pessoa, é uma felicidade, mexe demais com as pessoas. Seria legal seguir nessa carreira e muito emocionante poder ganhar uma medalha para o Brasil nas Olimpíadas”. Cauane Luiza Dallacua, 13 anos

 

Jiu- jitsu
“Pratico Jiu-jitsu há mais de três meses e tenho gostado bastante. O que eu mais gosto é a união que existe entre todos os colegas. Eu aprendi muita coisa: a disciplina, o respeito dentro do tatame. Eu me vejo praticando no futuro porque o Jiu-jitsu abre muitas portas, de sair do país. Pretendo treinar bastante, futuramente sair, adquirir conhecimento, conhecer outras culturas. Seria muito legal ser um atleta quando eu crescer”. Otávio Mattiollo Fontana, 11 anos

Jiu- jitsu
“Estou na oitava aula, faz um mês e meio que comecei no Jiu-jitsu, porque o meu irmão me disse que era muito legal. Eu vim assistir algumas aulas, gostei e perguntei para o meu pai se eu podia vir. Gosto dos meus colegas, de que todos se tratam igual e que quando alguém faz alguma coisa errada, eles explicam como fazer melhor. Eu aprendi muitas coisas, as posições, defesa pessoal. Pretendo continuar praticando, chegar na faixa preta igual ao professor”. Alice Mattiollo Fontana, 9 anos

 

Salto em distância
“Na escola, chamamos de pula-rio. Comecei a praticar porque eu acho legal, gosto de correr e pular. Descobri na escola, com a professora que passou os exercícios. Quando tem Educação Física, eu aproveito para treinar. Tenho o sonho de um dia me tornar um atleta de salto em distância, de ir para as Olimpíadas. Eu ficaria muito feliz e ia treinar todos os dias para conseguir uma medalha para o Brasil”. Marco Antônio Teles Martins, 11 anos

Altamir Molina Cezar Junior se dedica inteiramente ao esporte.  - Pedro Henrique dos Santos
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