Esporte

Mulheres ganham espaço no futebol e futsal

O que há poucos anos era um enorme tabu, hoje vem perdendo espaço na medida que as mulheres estão conquistando seu lugar no esporte

A primeira partida do futebol feminino foi disputada na Inglaterra, entre a seleção inglesa contra a Escócia, em 1898, na cidade de Londres. A primeira partida do futebol feminino em território brasileiro aconteceu no ano de 1921, na zona leste de São Paulo.
Na década de 40, um decreto-lei do Estado Novo passou a proibir a prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina, com isso, o futebol deixou de ser jogado por mulheres. Essa lei durou até 1979, quando foi revogada e permitiu que pudessem existir equipes e ligas de futebol feminino no país. 
Apenas em 1983 a modalidade foi regulamentada. Com isso, foi permitido que se pudesse competir, criar calendários, utilizar estádios, ensinar nas escolas. A primeira Copa do Mundo foi realizada em 1991, na China, e o Brasil terminou em nono.
Quando se fala da busca por igualdade de direitos das mulheres dentro da sociedade, é impossível não falar do esporte, um ambiente majoritariamente masculino. 
A babá e massoterapeuta Sandra Carneiro, 37 anos, começou a praticar o esporte com oito anos de idade, nas aulas de educação física, na cidade de Santa Helena, no Paraná. Sandra veio para Flores da Cunha com 15 anos de idade para trabalhar como babá. Uma amiga, da mesma cidade paranaense, já morava em Flores da Cunha há alguns anos e teve gêmeos. “Ela me pediu para que eu viesse para a Serra Gaúcha com o objetivo de ajudá-la com as crianças”, recorda. 
Sandra sempre jogou futebol e não tinha interesse por outras modalidades. “O futebol sempre foi a minha paixão, desde o primeiro chute na bola”, lembra ela que sempre teve o apoio da família para praticar esse esporte, e, de modo especial, quando começou a disputar as competições. “Sempre era chamada pelos meus amigos para fazer parte dos times do futsal e do futebol”, destaca a paranaense.
Pelo fato de ter muitas dificuldades para jogar na linha, Sandra intensificou os treinamentos para atuar como goleira. “Fui convidada pela minha amiga Alice Vanin para jogar pelo Pedancino, de Caxias do Sul. Ela jogava como goleira, mas por ter mais qualidade e técnica passou a jogar na linha. Com isso, acabei jogando alguns campeonatos e conquistando dois títulos pela equipe caxiense”, relembra.
Com o passar dos anos, Sandra tornou-se uma das referências na posição de goleira em Flores da Cunha, onde atuou pelo União Feminina e conquistou mais três campeonatos do futsal florense. Na sequência, vieram quatro títulos no futsal, defendendo o J.A, e, mais dois no futebol 7. Em 2019 veio a primeira conquista do futsete, atuando pelo Alfredão. 
Sandra acredita que ainda exista preconceito das mulheres no futebol, embora tenha diminuído bastante. “Percebemos essa atitude em todas as áreas da sociedade, e no futebol não é diferente, mas posso garantir que estamos conquistando o nosso espaço dentro do esporte”, frisa a arqueira, que tem como ídolo o goleiro Guitta, da seleção brasileira de futsal.  
Os benefícios do futebol e futsal são os mais variados. O esporte melhora a concentração, proporciona gasto calórico, promove a socialização, ajuda a aliviar o estresse e ansiedade, melhora o humor e disposição, ajuda a fortalecer os músculos, melhora a frequência dos batimentos cardíacos e a circulação sanguínea. “Além dos benefícios para a saúde, o futebol também incentiva o espírito de equipe, liderança e o respeito entre colegas e adversárias”, afirma a massoterapeuta.  
Sandra lamenta o fato da pandemia do coronavírus ter prejudicado o início do futebol 7 feminino de Flores da Cunha na temporada 2021. “Para os campeonatos do futsal e futebol 7, os organizadores deveriam convidar equipes de outros municípios da região, como Antônio Prado, Ipê, Nova Pádua, Caxias do Sul, Nova Roma do Sul. Com isso teríamos campeonatos mais longos, com mais jogos. Se continuarmos apenas com os times de Flores, com o tempo não teremos mais competições para nós, mulheres”, finalizou Sandra. 

As goleiras Sandra Carneiro (E) e Caroline Alessi (D) sempre atuaram na mesma equipe, revezando entre titular e reserva. - Maicon Pan
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