Esporte

“Precisamos encontrar tempo para cuidar na nossa própria saúde”

Os profissionais da saúde encaram rotinas exaustivas, onde o foco é dar tudo de si para cuidar dos pacientes infectados

De uma hora para outra, as pessoas precisaram se adaptar em diversos sentidos. Em virtude da pandemia do coronavírus, precisaram aprender novas formas de trabalho, consumo e de socialização. 
Com as restrições para sair de casa, a prática de atividades e esportes, que antes eram feitas em academias, ginásios, parques e campos tiveram que ser readequadas.
A rotina dos profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à pandemia da Covid-19 tem como desafios encarar longas jornadas de trabalho e lidar com a sobrecarga no sistema de saúde. 
Se antes da pandemia as atividades físicas dos profissionais eram quase que diárias, a dedicação e o esforço em salvar a vida acabou diminuindo a frequência de praticar esportes. O médico pediatra, Alfredo Mazzocchi Koppe, 43 anos, integra o grupo de 10 pessoas ligadas à saúde de Flores da Cunha que, comandados pela secretária da Saúde Jane Paula Baggio, ajudam a planejar as ações para o combate que cabem ao município. “Embora tenha existido, na minha opinião, um excelente trabalho de preparação do ambiente hospitalar para o enfrentamento da pandemia, com a aquisição de equipamentos, medicamentos e treinamento, hoje vivemos nosso pior momento trabalhando na capacidade máxima”, lamenta Koppe.
A população está ansiosa, insegura e com medo do vírus. Para os profissionais da saúde, essa preocupação é ainda maior por estarem em contato e cuidando dos pacientes portadores da Covid-19. “Ficamos receosos com nossa saúde e da nossa família, mas, acima disso, vem o nosso dever de trabalhar em prol dos doentes. Os profissionais estão exaustos, expostos a cargas de trabalho gigantescas, mas tentando sempre dar o seu melhor”, frisa Alfredo.
Apesar do tempo bastante escasso por conta do trabalho, o profissional encontra tempo para cuidar da própria saúde e afirma ser fundamental para ter mais ânimo para cuidar da saúde do próximo. “Embora os esportes e as atividades físicas estejam restritos, uma caminhada ao ar livre, usando máscara, ou exercícios em casa, não podem faltar”, frisou. 
Koppe tem uma ligação muito próxima com as equipes do Alfredão e Atlético Florense, que disputam as competições do futsal e futebol de Flores da Cunha. “Continuarei muito envolvido com esses dois times, mas, esse ano, depois que essa pandemia passar, pretendo tirar um tempo para mim e para curtir a família. Nesta temporada de 2021 não estarei treinando nenhuma equipe”, explica o profissional.
Para Alfredo, o ensinamento mais importante dessa pandemia é que sempre o coletivo é mais importante que o indivíduo, que o dinheiro não vale nada sem saúde e que a vida das pessoas deve estar acima de projetos pessoais de poder. Só assim poderemos deixar para as futuras gerações uma sociedade mais justa e humana. “Peço encarecidamente que as pessoas usem máscaras porque elas salvam vidas. Vamos nos cuidar até que estejamos todos imunizados com a vacina”, conclui o profissional.
A técnica em Radiologia, Carina Bandeira, 33 anos, tem um papel muito importante no enfrentamento da pandemia, pois todos os pacientes com sintomas, principalmente respiratórios agudos (sejam pacientes com suspeita e até para o controle da doença), chegam até o seu setor para avaliar a extensão da doença nos pulmões, seja por imagem radiográfica ou tomográfica. De acordo com Carina, a rotina no Hospital Fátima tem se tornado bem intensa nos últimos meses devido ao aumento da procura por atendimento decorrente da Covid-19, principalmente por parte da população mais jovem. “Todos os profissionais do Hospital, independente dos setores, estão muito focados em atender essa demanda da melhor forma possível”, garantiu ela.  
A profissional lamenta o número de pessoas que estão perdendo a vida, não somente em Flores da Cunha, mas em todo Brasil. “Essa situação tem marcado de uma forma bem triste os primeiros meses deste ano, bem como a projeção preocupante que toda a pandemia vem trazendo tanto na área da saúde como na esfera econômica do nosso país”, ressalta a técnica em radiologia.  
Carina pratica Crossfit há seis anos, corre, pedala e também é adepta da yoga. “Depois que a pandemia começou, nem sempre consigo me dedicar aos treinos da forma que gostaria, pois trabalho em dois hospitais e tenho somente à noite para dedicar um tempo para mim. Agora com tudo fechado, e não conseguindo treinar constantemente, as cargas de treinos mudaram, pois há dias que não estou 100% e isso influencia muito”, explica a atleta que treina na Upper Crossfit e tem treinado em casa com alguns materiais emprestados pelo box de Crossfit. 
Para ela, a atividade física faz toda a diferença, não só para quem trabalha na linha de frente. “Existem estudos que comprovam os benefícios da prática esportiva, principalmente durante a pandemia. A meditação tem sido muito importante no sentido de manter o foco, a calma e o equilíbrio. Quando tudo isso passar, quero muito voltar a treinar pesado, todos os dias, com a possibilidade de focar em futuras competições do Crossfit”, espera a florense.
Carina destaca que a pandemia nos ensinou que precisamos nos cuidar, mas também que é importante pensar nas pessoas. “Ter todas aquelas medidas preventivas que parecem clichê, mas que são de suma importância, significa proteger nossa família, nossos vizinhos e os idosos que são mais vulneráveis. É uma atitude para evitar a propagação da doença e evitar de termos um cenário mais drástico do que esse que estamos vivendo”, pede ela. 
Para ela, os momentos que até então deixávamos passar despercebido, agora possuem um valor muito maior e especial, como estar ao lado de quem se ama, bem como poder abraçar sem receio. “E quando tudo isso passar, reviver tudo aquilo que é realmente prazeroso como sair com os amigos, tomar um chimarrão no parque, assistir partidas de futebol nos estádios, ir a shows”, enfatiza ela. De acordo com Carina, as atenções para a saúde devem ser redobradas, tanto no quesito físico, quanto mental. “A pandemia está nos ensinando que é preciso ter mais empatia com o próximo e nos reinventarmos como pessoas e profissionais. Apesar de tantas perdas e de todas as dificuldades, sairemos desta mais fortes e unidos” finaliza a profissional. 

A Técnica em Radiologia, Carina Bandeira relata a intensa rotina no Hospital Fátima nos últimos meses por conta da pandemia. - Mário Britto/ Divulgação
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