Um ano economicamente estável
Confira as projeções para 2019 e como se comportaram alguns setores de Flores da Cunha em 2018
A economia brasileira deverá ganhar um novo fôlego neste ano e engatar uma retomada mais consistente, diferente de 2018, quando a esperada reação não veio e deixou frustrações. Pelo menos é o que projetam alguns dos principais segmentos gaúchos. A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) projetou que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional deverá subir 2,8% em 2019. Por setores, a entidade empresarial projeta que a maior alta virá das fábricas. A previsão é de que a indústria gaúcha crescerá 2,8%. Na sequência, o segmento agropecuário deverá subir 2,5% e os serviços 2%. No cenário estadual, a alta do PIB chegará a 2,4% neste ano. Num quadro mais pessimista ficará em 1,2% e num cenário mais otimista passará para 3,8%, aponta o balanço da Fiergs.
Segundo as estimativas da entidade, no mesmo cenário base, a taxa de inflação ficaria próxima da meta do país, com 4,25%, e a Selic teria um leve aumento no segundo semestre, fechando 2019 no mesmo patamar de 2018, de 6,5%. Com a melhora no cenário econômico há uma valorização do real, com a taxa de câmbio caindo 0,2% neste ano e o dólar atingindo, em dezembro, R$ 3,75.
“Os resultados estão baseados, principalmente, na expectativa da indústria com relação ao novo governo e à redução de incertezas nos campos político e econômico. O setor industrial deve manter a confiança elevada se o governo avançar nas reformas estruturais para equacionar a crise fiscal. Isso, combinado com inflação baixa e juros menores, deve consolidar o processo de recuperação da indústria gaúcha, tornando o cenário mais favorável para investimentos”, explica o presidente da Fiergs, Gilbero Porcello Petry.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI-RS) registrou crescimento de 1,6 ponto em janeiro frente a dezembro, alcançando 67,1 pontos. Tendo como máximo os 100 pontos, o índice acima dos 50 demonstra presença de confiança. O número é o mais elevado desde 2010. Já o Índice de Expectativas (IE) com relação aos próximos seis meses, alcançou o melhor número desde o início da série histórica: 72,2 pontos, mostrando otimismo recorde dos empresários industriais gaúchos. Também é inédito o grau de otimismo com o futuro da economia brasileira: o índice (IE-EB) teve elevação de 2,7 pontos no período e alcançou 72 pontos. O Índice de expectativas para as empresas (IE-E) atingiu 72,2 pontos em janeiro, pontuação que, da mesma forma, ainda não havia sido alcançada.
O município de Flores projeta um orçamento de R$ 99,9 milhões. A peça orçamentária ainda prevê o valor do Fundo de Previdência dos Servidores (Fuprev), que corresponde a R$ 20,3 milhões e o Orçamento do Legislativo em R$ 1,8 milhão.
Cenário
Se as projeções para 2019 são otimistas, veja como se comportaram alguns dos principais setores econômicos em 2018 em Flores da Cunha. A geração de empregos seguiu estável no município com um balanço final de 85 postos de trabalho criados, num universo de 9.997 empregos formais; a balança comercial, embora menor do que 2017, atingiu o maior volume em exportações dos últimos 10 anos, num valor de US$ 44,2 milhões; e o setor industrial deu uma reagida com um balanço positivo de 16,4% em relação ao ano anterior, numa receita de R$ 15,2 bilhões na região. “De 2016 para 2017, o faturamento cresceu R$ 1 bilhão e de 2017 para 2018 foram R$ 2 bilhões. Esperamos que em 2019 aumente até R$ 3 bilhões”, acredita o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), Reomar Slaviero.
A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), responsável pela produção moveleira, irá divulgar o balanço de 2018 no mês de fevereiro.
Flores segue empregando
Os últimos dois anos foram de estabilidade na geração de empregos em Flores da Cunha. De janeiro a dezembro de 2018, o município abriu 85 vagas com carteira assinada. O número do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta que foram efetuadas 3.916 admissões, contra 3.831 desligamentos, obtendo um balanço positivo, embora 19,8% menor do que o registrado em 2017.
O destaque do ano ficou para o setor de serviços, que abriu 46 vagas formais, seguido pelo comércio com 42 novos postos e a construção civil, que depois de anos em recessão e um 2017 com fechamento de 60 postos, voltou a empregar. O setor contabilizou 37 novos vínculos, tendo sido o único segmento a fechar o mês de dezembro com números positivos – veja matéria ao lado.
Por outro lado, a indústria de transformação, que começou 2018 com mais de 100 vagas abertas, fechou o ano com um saldo negativo de 15 vagas. Somente no mês de dezembro o segmento teve 152 postos de empregos fechados em Flores. Em 2018, também fecharam no vermelho os serviços industriais de utilidade pública e a agropecuária, que encerraram 2 e 25 vagas, respectivamente.
O mês de dezembro foi o vilão na geração de empregos. Conhecido por ser um período de férias coletivas e desligamentos, o mês encerrou 178 postos de trabalho, resultado das 175 contratações e das 353 demissões. Todos os setores, com exceção da construção civil, demitiram. Somente na indústria foram 152 vagas. Também registraram balanços negativos de empregabilidade os meses de março (-1), maio (-41) e junho (-12).
A melhora na construção civil
Desde os 18 anos trabalhando na área da construção civil, Gustavo Manica, 35 anos, disse que já passou por várias fases. “Quando comecei tinha muito trabalho, mas há alguns anos a demanda diminuiu bastante. No ano passado, senti que começou a reagir e foi um ano bem bom. Temos grandes expectativas que o cenário se mantenha assim”, conta o trabalhador, entusiasmado com a profissão. “Tudo é bom. Não tem pontos negativos”, opina.
Seu colega, Sidinei Hindersmann, 25 anos, iniciou na construção há menos tempo, porém diz que não conseguiria trabalhar em outra área. “Aqui é uma maravilha. A gente se sente livre”. Os dois trabalham na empresa Manica e Manica, terceirizada da Pilar Incorporadora, que está com um projeto diferenciado no mercado de Flores da Cunha. “Pensamos em uma proposta nova com todo o apelo sustentável que a nossa marca possui. As pessoas não querem só comprar apartamentos, elas querem ter uma ligação com a empresa, sentir que ela tem os mesmos direcionamentos. E essa questão ambiental é muito forte, porque tem um grande impacto construir uma obra, então tudo que a gente consegue minimizar a gente faz”, ressalta a sócia proprietária da empresa, Vanessa Smiderle.
Para ela, o ano de 2018 foi bom, mas acredita ser pela proposta do Pier 31. “Temos outros imóveis finalizados, mas as vendas estagnaram. Com o lançamento do empreendimento, em fevereiro de 2018, já iniciamos a comercialização e hoje ele está 50% vendido”, afirma a empresária, que revela que venderam, no total, quase 39% dos imóveis que havia em estoque, entre prontos e na planta.
O chefe da obra e um dos proprietários da empresa, Marcos Manica, afirma também que comparado ao ano de 2017, o ano passado foi bastante promissor. “A construção civil em 2014 e 2015 era uma loucura, mas agora estamos tendo esperanças, temos bastante procura”. Um ponto que Manica ressaltou foi o aumento crescente de pessoas que trabalham nessa área sem ter uma empresa. “Não conseguimos competir em relação a preço com essas pessoas, pois a empresa tem muitos gastos. Todos os profissionais que atuam conosco têm cursos e treinamentos, além dos impostos que temos que pagar, e isso acaba encarecendo. Mas quem já viu nosso trabalho fica bastante satisfeito porque temos qualidade”, garante o empresário.
A empresa, que possui três sócios e quatro funcionários, planeja, em um futuro próximo, contratar mais pessoas, contando que algumas das propostas encaminhadas saiam do papel. “Percebo que não é fácil encontrar pessoas que se dedicam à construção civil. Nosso trabalho é de particularidades e não podemos perder essa característica. Além disso, é um serviço pesado e sempre estamos expostos ao tempo, independente de sol ou chuva”, finaliza.
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