Economia

Treboll Móveis entra em recuperação judicial

Decisão da empresa florense foi motivada pela alta taxa de juros e recessão do mercado externo

Há 37 anos no mercado de Flores da Cunha, a Treboll Móveis é conhecida por ser uma empresa com grande atuação no mercado externo, exportando cerca de 80% de sua produção para a Europa (principalmente Reino Unido, França, Alemanha) e Estados Unidos. Além disso, conforme seu diretor administrativo-financeiro, Juezel Tafarel, se trata de um empreendimento que oferece muitas oportunidades de emprego ao município florense e que hoje conta com aproximadamente 205 colaboradores.  
No início deste mês, no entanto, a fábrica virou notícia pelo deferimento do pedido de recuperação judicial, em 1º de junho – o mesmo havia sido protocolado em 22 de maio. De acordo com os consultores que prestam assessoria econômica e financeira à Treboll, Alberto Schwingel e Katine Oliveira, a empresa está funcionando normalmente, conta com todo o apoio dos credores e fornecedores, e não demitiu nenhum funcionário em virtude da recuperação judicial. 
“O passivo financeiro dela, na verdade, não é R$ 41,9 milhões. A Treboll não está devendo esse valor. A questão é que quando você entra em um processo de recuperação judicial tem que relacionar todas as obrigações e as dívidas, então seriam R$ 23 milhões, e o restante outros credores que estão relacionados porque somos obrigados devido a lei, mas eles não envolvem o passivo financeiro”, esclarece Schwingel acerca dos valores em negociação. 
Conforme o consultor, o que levou a Treboll a tomar essa decisão está relacionado a alta taxa de juros e a recessão, especialmente do mercado externo: “Enquanto a recessão estava só aqui dentro (Brasil), a empresa estava se defendendo, mas quando atingiu lá fora, onde eles atendem, complicou bastante. A Europa já estava passando por uma crise pós-pandemia, aí veio a guerra entre Rússia e Ucrânia, então a recessão atingiu o volume de vendas da empresa. Atingindo o volume de vendas da empresa o caixa foi atingido momentaneamente e a empresa, que já vinha tocando suas operações com dificuldades na pandemia e utilizando um pouco das reservas para se manter, se deparou com a crise externa e o corte das exportações no segmento de móveis”, detalha. 
Schwingel defende que o processo de recuperação judicial auxiliará na preservação da empresa, dos empregos, dos fornecedores, dos produtos que a empresa produz, enfim, de toda a microeconomia que gira entorno dela, e reforça: “Não há intenção nenhuma de a empresa ‘dar um calote’, deixar de pagar alguém, ou, demitir alguém. Pelo contrário, ela já abriu a negociação e está iniciando o processo de renegociação para que a dívida se encaixe melhor nas condições financeiras para pagamento”. 
Ainda de acordo com o consultor, o plano de recuperação judicial deve ser entregue em 60 dias e, para isso, a empresa já está conversando com os credores e, claro, tem planos de sair desta recuperação o mais breve possível – dentro dos prazos legais previstos pela Lei no 11.101 – e que, inclusive, o administrador judicial já foi nomeado, apresentado, visitou a Treboll e ficou impressionado com a estrutura da mesma.  
“A empresa está trabalhando arduamente e positivamente para recolocar seus produtos em outros mercados. A Treboll conta, hoje, com o mesmo número de funcionários que possuía, não houve nenhuma demissão, não há atraso de salário nem de fornecedores. A recuperação judicial foi feita de maneira consciente e organizada”, conclui Schwingel.

Em 1º de junho a Treboll Móveis teve seu pedido de recuperação judicial deferido.  - Karine Bergozza
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