Economia

Setor metalúrgico segue otimista em 2023

Segmentos de ônibus, caminhões e máquinas agrícolas apresentaram números expressivos de crescimento nos últimos anos

O setor metalúrgico vem tendo bons resultados após a pandemia que atingiu o mundo inteiro. Durante o ano de 2022 foi possível ver, por meio de números, o crescimento nos balanços das empresas e, neste ano, o cenário do setor segue otimista.

De acordo com o professor e economista do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, David Filakow, de 67 anos, o setor metalúrgico vem de excelentes resultados em 2022. “Tanto os segmentos de ônibus e caminhões, como o de máquinas agrícolas exibiram números pujantes de crescimento, refletidos nos balanços das empresas, com altas expressivas em receita líquida e lucro”, informa.

Ainda segundo Filakow, a guerra na Ucrânia não afeta diretamente setores de ônibus e caminhões de empresas da Serra, mas sim indiretamente, pela inflação e retração da economia europeia decorrentes das sanções à Rússia, com reflexos no mundo e aqui. “Como a Rússia é relevante exportador mundial de petróleo, trigo e fertilizantes, afetou também o Brasil, principalmente no segmento da produção rural, com reflexos nos custos dos insumos, como fertilizantes e ração”, explica.

Conforme o economista, o setor de máquinas agrícolas teve um excelente desempenho nos três últimos anos: “Cresceu 17%, 48% e 2% respectivamente em 2020, 2021 e 2022, um total de 76,62% em três anos, média de 25,54% ao ano. O índice aparentemente baixo de 2022 reflete a base elevada de comparação aos anos anteriores. Em 2022, máquinas agrícolas atingiram faturamento recorde de R$ 91 bilhões”, revela.

Neste ano o setor metalúrgico segue otimista. No primeiro quadrimestre de 2023 duas grandes empresas da região registraram um crescimento de 40% na produção de carrocerias ônibus. Conforme dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus), em abril as empresas concluíram a montagem de 1.477 veículos, 19,8% a mais que no mesmo mês de 2022, e no acumulado de janeiro a abril de 2023 foram fabricados 7.154 modelos, superando em 40,47% as 5.093 unidades produzidas no primeiro quadrimestre de 2022.

A luta pelo salário dos metalúrgicos

A data-base para o reajuste salarial dos metalúrgicos é dia 1º de junho. Durante os primeiros dias do mês o Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região enviou ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas de Caxias do Sul (Simecs) a reivindicação de 10% de aumento salarial.

“É hora de lutarmos pelo nosso trabalho. Queremos discutir de fato o aumento real, que não seja apenas uma vírgula. Enquanto os altos juros e a inflação corroem o poder de compra do salário dos trabalhadores, o faturamento das empresas da categoria em Caxias do Sul e na região batem recordes ano após ano. Os salários neste período não refletiram os recordes de lucros das empresas e que a reforma trabalhista trouxe ainda mais dificuldades e agravou a realidade dos salários defasados”, defende o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, de 61 anos.

De acordo com Melo, já foram realizadas duas rodadas de negociação com o Simecs, uma no dia 15 e outra no dia 20 de junho. Nesta última reunião foi oferecido um aumento de 4,24% à categoria, que foi para votação em uma Assembleia Geral na Sede Central do Sindicato, realizada no último sábado, dia 24 de junho. Na ocasião, cerca de mil trabalhadores participaram da reunião e rejeitaram, por unanimidade, a proposta oferecida.

Melo reforça que só será possível encerrar o ciclo de arrochos salariais, que a categoria vem enfrentado desde 2013, por meio da mobilização e da união de todos: “É hora de deixarmos as divergências políticas de lado e unirmos trabalhadores e trabalhadoras na luta por aumento salarial real”, enfatiza, na expectativa de um bom desfecho.

Simecs aguarda contraproposta

Desde a rejeição do reajuste de 4,24% por parte dos metalúrgicos no último sábado, dia 24, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) – que comporta 17 cidades, entre elas Flores da Cunha – aguarda uma contraproposta que possa garantir um acordo viável para trabalhadores e empresas, dentro da realidade do cenário econômico e de negociação do Estado. Neste ano, pela primeira vez, o Simecs abriu as propostas com ganho real de 0,5% aos funcionários, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que fechou em 3,74% no período de maio de 2022 a maio de 2023.

“É importante apontarmos que a negociação por meio dos sindicatos é fundamental tanto para as empresas quanto para os funcionários, já que ela considera um desempenho financeiro médio das indústrias e preza também pelo bem-estar dos trabalhadores”, afirma o presidente do Simecs, Ubiratã Rezler.

No entanto, um dos desafios apontados pelas empresas é a retração da indústria no país, conforme demonstram os indicadores econômicos: O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais (de abril de 2023 que mostrou recuo de 1,9% do indicador mensal contra abril do ano passado, embora o quarto mês tenha registrado alta de 2,7% na comparação com março), a Pesquisa Industrial Mensal - PMI (divulgada em 13 de junho pelo IBGE aponta que a produção industrial nacional recuou 0,6% em abril na comparação com março de 2023, frente a abril de 2022 a queda foi de 2,7%. Nessa última comparação, o Rio Grande do Sul é o terceiro Estado mais afetado, com encolhimento de 7,2%), O Informe Conjuntural da Confederação Nacional da Indústria - CNI (última atualização apontou que o  PIB da Indústria total deverá crescer apenas 0,1% em 2023, enquanto o PIB da Indústria de Transformação deverá cair 1,3%).

No ano de 2022 os metalúrgicos de Caxias do Sul tiveram reajuste salarial de 12%. De acordo com o INPC de 11,90%, o ganho real foi de 0,09%. Em 2023 os reajustes já foram concedidos nos municípios de Canoas, Bento Gonçalves, Porto Alegre, Joinville e Vale dos Sinos e o ganho real varia de 0,45% a 1%.  

 - Divulgação
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