Economia

Sem frio, comércio antecipa promoções

Objetivo é zerar estoques de artigos mais quentes e abrir espaço para as próximas coleções, de primavera e verão

No ano todo é assim: quando uma estação está chegando ao fim, o comércio baixa os preços das roupas e produtos que ficaram nas prateleiras e nos cabides. Mas neste ano o movimento começou bem antes de nos despedirmos do inverno, isso porque, além da desaceleração no consumo, motivada pela crise econômica, o inverno gaúcho não foi tão rigoroso. Sem um frio duradouro, os consumidores estão se virando com o que têm em casa e os comerciantes recorrendo às promoções, inclusive dos itens consumidos durante o inverno, para tentar aquecer as vendas.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Flores da Cunha, Marcio Rech, é comum próximo à troca de estação os estabelecimentos colocarem em liquidação os produtos da estação anterior com descontos convidativos. Neste ano, isso aconteceu um pouco antes do que o tradicional período de setembro. “As promoções são um método de atrair clientes, ou seja, por meio delas você pode oferecer ainda outras mercadorias. Uma boa promoção incentiva o cliente a entrar na sua loja, e assim conhecer seu atendimento, espaço, e suas mercadorias, com isso ele poderá voltar em outro momento e ser um cliente fiel. Efetuar as ‘queimas de estoque’ é uma recomendação, pode-se ter um lucro menor que o esperado, porém, a ação traz um capital para giro para as futuras compras da próxima estação”, acredita Rech.

O comerciante Gaspar Menegat foi um dos lojistas que aderiu às promoções para atrair consumidores e liberar espaço no estoque a nas vitrines. Nas suas duas lojas percebeu o acúmulo de itens mais quentinhos como jaquetas e botas de cano mais alto e com lã. “Embora as vendas venham apresentando uma estabilidade, restaram mais artigos de inverno. Se em outros anos costumávamos fazer a reposição junto às fábricas no meio do inverno, neste ano, além de isso não ter sido necessário, sobraram mais peças”, admite o lojista. Para liberar espaço e poder exibir as tendências da primavera e do verão, a loja está em clima de promoções – algumas peças têm preço único e, em geral, é oferecido desconto de 30% à vista. “Nos próximos dias nossa intenção é ampliar esses descontos com o objetivo de chamar o cliente e eliminar o estoque”, adianta.

A vitrine da Pé & Pé Calçados está dividida entre as botas em liquidação e as peças que chegam para colorir a próxima estação. A expectativa é que tantos atrativos deixem a loja sempre movimentada. “O principal objetivo é aumentar as vendas, mas está cada vez mais difícil manter a competitividade, que acaba tendo uma interferência também

Frio insuficiente

Se a agricultura também sentiu a falta de frio contínuo, a diminuição de dias com baixas temperaturas também interfere diretamente nas vendas do comércio, em especial do setor de vestuário. “O inverno 2017 se mostrou descontínuo e as ondas de frio não prevaleceram por muito tempo. Isso afeta diretamente o comércio local, pois o mesmo possui estoques de produtos de inverno e sem as baixas temperaturas, acontece o acúmulo desses produtos e, consequentemente, uma quebra no retorno financeiro. Isso tudo, com a crise que se estende nos últimos anos, vem a acarretar sim na diminuição das vendas”, reconhece Marcio Recha, da CDL florense.

Para o comerciante Gaspar Menegat, estações pouco definidas vêm se tornando cada vez mais comuns. “Trabalho no comércio há mais de 15 anos e percebi que nos últimos anos isso vem se tornando uma dificuldade. No ano passado, por exemplo, o inverno vendeu bem, mas o verão não, pois as temperaturas baixas perduraram por mais tempo. Isso, somado à falta de confiança e baixo desempenho da economia, resulta em vendas longe do esperado”, lamenta o lojista.

De acordo com dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul, no acumulado dos últimos 12 meses (levando em conta maio de 2016 e maio de 2017), o comércio em geral apresentou um recuo de –2,7%. O setor que teve a maior redução foi o de produtos químicos (–54,5%), seguido de materiais de construção (–20,4%); eletrodomésticos, móveis e bazar (–13%); livrarias, papelarias e brinquedos (–8,9%); e materiais elétricos (–7,5%). Apenas quatro setores cresceram: implementos agrícolas (+26,3%); automóveis, caminhões e autopeças (+6,2%); vestuário, calçados e tecidos (+4,6%); e informática e telefonia (+0,4%). De acordo com a CDL florense, os dados se refletem também no município.

Especificamente nas condições apresentadas neste inverno, a CDL aponta o setor de vestuário como aquele mais afetado e o alimentício que seguiu com o padrão mais estável.

Orientações

Atenção, consumidores: compras apressadas nem sempre podem ser um bom negócio. O Procon alerta para alguns cuidados para essas épocas de promoções como, por exemplo, taxas de juros, número e valor das prestações e preço total à vista e com financiamento. Além disso, é preciso exigir nota fiscal e pesquisar preços, qualidade e procedência dos produtos. O consumidor deve também analisar a situação financeira da família. Mais informações no site www.procon.rs.gov.br.

 - Camila Baggio/O Florense O comerciante Gaspar Menegat está entre os lojistas que percebeu uma menor venda neste inverno e agora investe nas liquidações. - Camila Baggio/O Florense
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário