Economia

Safra 2022 – implicações econômicas

Com queda na produção devido à estiagem, produtores de uva podem receber mais devido à elevação dos teores de açúcar da fruta

Há um consenso de que a estiagem que estamos passando, causada pelo fenômeno La Niña, vai reduzir a quantidade da safra que estamos colhendo. O presidente da Cooperativa Nova Aliança, Alceu Dalle Molle, estima que esta redução seja entre 10% a 15%, quando comparada a uma safra normal. Olir Schiavenin, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Flores da Cunha e Nova Pádua, estima que a perda pode chegar entre 30% e 40%, a partir da última safra, cujos dados finais de volume de colheita ainda não foram disponibilizados oficialmente, mas acredita-se que tenha sido a maior de toda a história da vitivinicultura gaúcha.
Em termos de renda ao produtor, a perda na quantidade pode ser compensada pela elevação dos teores de açúcar das uvas, principal atributo qualitativo além da variedade. Com mais açúcar, a uva tem maior valor. 
Na tabela publicada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 31 de dezembro de 2021, com aumento 19,09% em relação ao ano passado, 1 kg de uva Isabel de 15 graus Babo de açúcar, tida como referência para todas as demais uvas, vale R$ 1,31. Este valor aumenta 5%, 15% e 25% para uvas com 16, 17 e 18 graus Babo, respectivamente. O inverso também é valido, quando o menor teor de açúcar faz reduzir em 5% para 14 graus Babo e 15% para 13 graus Babo. A uva Bordô tem sua tabela de remuneração com a referência de R$ 1,57 para uvas de 15 graus Babo – confira a tabela.
Quando o novo preço mínimo estabelecido pelo governo foi anunciado, houve um misto de satisfação e preocupação por parte dos produtores. Em parte, satisfeitos pelo aumento anunciado, declararam-se inseguros se o mercado iria adquirir a quantidade esperada no valor estabelecido pela nova tabela. Quando há grande produção e a oferta é maior do que a procura, os preços entram em tendência de queda. Com a estiagem e a consequente redução na produção, a incerteza agora é saber se a indústria vai pagar pela qualidade.
Dalle Molle explica que algumas uvas estão atingindo graus mais altos e, a Cooperativa Nova Aliança tem uma política própria de remuneração acima da tabela para uvas de interesse da cooperativa, como é o caso da Bordô, Niágara e Concord, para a produção de sucos. Para Schiavenin, do Sindicato dos Agricultores Familiares, há esperança de que a remuneração pela qualidade compense as perdas na quantidade. Há, no entanto, rumores no mercado que algumas vinícolas estariam congelando os preços da uva Bordô em R$ 1,65 independente da qualidade fornecida. 
A tabela de preços publicada pela Conab serve de referência para as operações de Financiamento Especial da Estocagem de Produtos Agropecuários (FEE) e Financiamento para Garantia de Preços ao Produtor (FGPP), que são instrumentos pelos quais o governo financia a comercialização da produção. Ou seja, para as vinícolas ou cooperativas que queiram tomar recursos emprestados para pagar a safra, a tabela governamental de preços deve ser cumprida nas negociações. Em termos de seguro, o Programa de Seguro Rural não cobre perdas com estiagem. Apenas o produtor que realiza operações de custeio da safra, tem garantido pelo Proagro a perda da produção limitada ao valor do custeio e com franquia de 10%.

 - Arquivo O Florense
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