Preço mínimo da uva está em debate
Líderes do setor agrícola estão se reunindo para melhorar o valor da fruta para a próxima safra
A safra 2021/2022 ainda não começou, mas as tratativas para melhorar o preço da uva já iniciaram. Na última semana, líderes florenses participaram de uma reunião juntamente com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e Sindicatos Rurais para iniciar o debate e melhorar o preço. “Conseguimos fazer esse primeiro encontro através do gabinete do senador Luis Carlos Heinze (Progressistas) para articular este momento, colocar as deficiências do preço, que erroneamente é pago pelo preço do custo variável e não do custo total, onde aqui se encontram o preço da depreciação de máquinas e equipamentos, além do próprio parreiral”, relata a vereadora Silvana De Carli que se fez presente no encontro.
O presidente da Comissão Interestadual da Uva e presidente do Sindicato Rural de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, ao fazer uma retrospectiva, destaca que em 2019 teve uma valorização e uma remuneração boa pela qualidade da uva, mesmo que a safra não tenha sido volumosa. “Então a expectativa para essa última safra era que também tivesse uma valorização”, relata Postal.
Conforme o presidente, a safra 2020 foi grande e muitos agricultores não entenderam o porquê do baixo preço, já que as indústrias estavam vendendo bem. “Teve uma revolta muito grande porque não foi pago o preço justo para os produtores. E o aumento de apenas R$ 0,02 foi um tapa na cara do agricultor”.
Porém, Postal revela que pode haver uma falta de informação por parte dos agricultores “que acham que quem define o preço é o Sindicato. Os Sindicatos não definem. Eles lutam para que o agricultor tenha uma remuneração justa pelo seu trabalho e pela sua produção. Muitas vezes o governo não é sensível em atender os agricultores”, defende.
O presidente da Associação Interestadual da Uva relata que está sendo feito, como todos os anos, o levantamento do custo de produção. “Teve adubos que dobraram de preço, o arame que conseguíamos por R$ 380, R$ 400, hoje custa R$ 700, combustível, muitos produtos tiveram aumento bastante significativos”, elenca Postal, que garante que vai lutar pelo aumento. “O nosso agricultor precisa ficar satisfeito e ser valorizado pelo seu trabalho”.
Preço mínimo da uva
O preço divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que vale sempre a partir de 1º de janeiro de cada ano, leva em conta a uva industrial – destinada a fabricação de suco, vinho e outros derivados com 15° glucométricos – para os estados da região Sul, Sudeste e Nordeste.
Conforme Cedenir Postal, o que é visto e que vem acontecendo historicamente, é que a indústria usa o preço mínimo como sendo um preço de referência para pagar a uva. “Isto não deveria acontecer. Preço mínimo é para garantir o valor quando tem uma super safra ou para fazer políticas públicas”, defende.
O mesmo é argumentado pela vereadora Silvana. “O preço mínimo divulgado pelo governo não deve ser um balizador do mercado. Ele serve para questões onde o governo atua, em dificuldades momentâneas. Precisamos conscientizar as indústrias que preço mínimo não deve ser preço de referência de mercado”, relata.
Conforme o presidente do STR, além do preço mínimo precisa ter uma valorização para que não se pague apenas o custo de produção. “Ninguém consegue trabalhar só cobrindo os custos”, defende Cedenir, que revela o preço que estão lutando para a próxima safra: R$1,34 para o custo variável e R$ 1,70 para o custo total – uva Isabel 15°, 20 toneladas por hectare.
Próxima reunião
“Estamos tentando sensibilizar o governo”. Para isso, uma reunião está sendo programada para ocorrer durante a 44ª Expointer, em Esteio, juntamente com a Ministra da Agricultura Tereza Cristina, na sexta-feira, dia 10. “Vamos levar essa demanda e também a questão da divulgação dos dados do Cadastro Vitícola referente à última safra que ainda não foi divulgado pelo Ministério. Precisamos desses dados para saber que rumo tomar”, finaliza Postal.
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