Economia

Preço da gasolina dispara

Combustível nos postos da cidade já atingiu a barreira dos R$ 5

O florense que abasteceu seu carro nos últimos dias deve ter tomado um susto: em todos os postos de combustíveis, o preço da gasolina ultrapassou a barreira dos R$ 5. O valor pesa no bolso dos motoristas que não têm outra alternativa a não ser encher o tanque dos mais de 25 mil veículos que compõem a frota da cidade, mesmo com os preços elevados.
Um deles é Rodrigo Luz, funcionário da construção civil que usa o carro diariamente para trabalhar. “É um absurdo, está muito caro. A cada dois dias eu preciso abastecer, aos poucos, por causa do preço. Dependendo de onde estou trabalhando, eu gasto R$ 1.500 em gasolina por mês. Nós somos obrigados a pagar o valor que estão cobrando, porque a gasolina é um bem que a gente precisa. Se eu parar, não tem para abastecer e não tem para comer também”, diz.

O aumento

A alta dos preços é um resultado direto dos reajustes feitos pela Petrobrás, que nos últimos meses se tornaram mais frequentes – somente nos meses de dezembro e janeiro foram quatro, que fizeram a gasolina acumular uma alta de 13,4% somente em 2021. Quem explica é o diretor-executivo de varejo da SIM Rede de Postos, Diego Panizzon Argenta. “A política de preços da Petrobrás tem sido balizada pelos mercados internacionais e acabamos sentindo um maior impacto no preço do combustível. Pra se ter uma ideia, o barril do petróleo tipo Brent saiu de menos de $ 20 nos meses de pandemia para $ 50”.
Conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, de Empresas de Garagem, Estacionamento, de Limpeza e Conservação de Veículos e Lojas de Conveniência de Caxias do Sul e Região (Sindipetro Serra), Eduardo D’Agostini Martins, além do preço do barril do petróleo, o dólar em alta contribui para a elevação dos preços. “A Petrobrás precisa fazer essa equiparação internacional. O petróleo vem subindo desde dezembro e o real está muito desvalorizado. A empresa se obriga a aumentar o preço e ele aumenta em todos os estados, todas as cidades do país, já que no Brasil a gasolina só sai da Petrobrás”, diz Martins.
Segurar os preços não é uma opção para o governo, segundo ele, para evitar grandes estouros como no passado – além disso, os investidores da estatal não querem ver seu preço defasado em relação a outras petroleiras internacionais. Assim, a Petrobrás reajusta os valores, as distribuidoras repassam para os postos, até o aumento chegar no bolso do consumidor final.

Os postos

Os postos de gasolina ficam sabendo dos aumentos ao mesmo tempo em que a população e, como a compra de combustível é diária, o reajuste chega no dia seguinte para os consumidores. “Apareceu no Jornal Nacional que vai aumentar uma porcentagem amanhã, não adianta querer comprar agora, porque o preço é cobrado na hora da entrega. Eles não te dão a chance de fazer um estoque, nada”, conta o gerente do Posto do Galo, Alcione Luiz Lusa.
Do total do preço pago pelo consumidor na gasolina, apenas cerca de 10% está sob responsabilidade dos postos – e, com essa margem, eles precisam pagar todos os seus custos operacionais, como explica o diretor do Posto Trebobras, Moacir Ascari. “Eu tenho a folha de pagamento, aluguel, água, luz, telefone, taxas, evaporação, sindicato. A margem bruta de 10% é inviável para arcar com tudo e não há como aumentar, porque já está caro para os consumidores. E abaixar não dá, ninguém faz milagre. Se alguém vender a um preço muito abaixo, tem algo de errado com a gasolina”, comenta Ascari.
De acordo com o sócio proprietário do Posto do Élio, Felipe Alexandre Salvador, o preço da gasolina estar alto é ruim para todos, inclusive para os postos de combustível . “Como a margem é pequena, eu preciso vender bastante, ganhar no volume. É ruim para nós que aumente a gasolina, porque o pessoal compra menos”, diz Salvador.

Os impostos
Na composição dos preços ao consumidor, quase metade são provenientes de impostos federais (PIS/COFINS, CIDE) e estaduais (ICMS). No Rio Grande do Sul, o ICMS é de cerca de 30%, maior do que a média nacional. Por isso que, comparada a outros estados, como Santa Catarina, bastante visitado por gaúchos nesta época do ano, a gasolina vendida no Rio Grande do Sul é R$ 0,30, às vezes R$ 0,40 mais cara – no estado catarinense, o ICMS é de 25%.
“O preço que nós compramos é praticamente o preço que eles vendem. Então eu acho que tem que existir uma pressão para que a gente tenha uma carga tributária menor. Seria melhor pra todo mundo, pros consumidores, pros donos de postos, giraria mais. Imagina quem está na fronteira com Santa Catarina hoje, tem o posto quebrado, porque o pessoal atravessa a fronteira para abastecer”, afirma o presidente do Sindipetro Serra.

Os descontos

Uma boa maneira de economizar no preço da gasolina é recorrer a aplicativos de descontos, disponíveis em quase todos os postos de combustível. Além de garantir vantagens para o consumidor, para os varejistas eles significam uma forma de fidelizar os clientes.
Nos postos Ipiranga, há o aplicativo ‘Abastece aí’, onde todo o valor gasto em produtos se converte em pontos que podem ser trocados por benefícios – inclusive, com a possibilidade de receber o dinheiro de volta. Programas semelhantes podem ser encontrados nos postos Petrobrás (Petrobras Premmia) e SIM (SIM Rede). No Grupo Andreazza, o cartão fidelidade garante R$ 0,10 de desconto por litro e 40 dias para pagar. 
“Se o cliente for assíduo, for fiel, nós conseguimos dar mais desconto. Uma pessoa que faz o cadastro tem direito a um ainda maior. Com o ‘Abastece Aí’, toda a transação que é feita pelo aplicativo dá em torno de 5% de desconto. Mas tem dias que ele chega a 10%”, diz o diretor do Posto do Galo.




 

 - Pedro Henrique dos Santos
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