Economia

Os impactos da pandemia no setor de plástico

Período aumentou demanda, mas a falta de matéria-prima elevou os preços para indústrias e consumidores

Aos poucos, as embalagens plásticas começaram a ganhar espaço no mercado. A cada ano que passa, essa matéria-prima vem sendo ainda mais consumida em embalagens, eletrônicos, calçados, brinquedos, objetos, enfim, em uma infinidade de coisas.
O aumento no consumo também aumenta a quantidade de lixo produzido: segundo o Atlas do Plástico, o Brasil é o 4° país que mais produz lixos plásticos. Dois anos atrás, o Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana divulgou que o país produz mais de 78,3 milhões de toneladas de lixo – desses, 13,5% é plástico, o que equivale a 10,5 milhões de toneladas.
Com a chegada da pandemia, o consumo de plástico no Brasil disparou: se antes já consumíamos muito plástico, agora passamos a consumir ainda mais. O uso de material hospitalar descartável, como máscaras e luvas, aumentou não só pelos profissionais da saúde, mas também pela população. Outro serviço que começou a ser mais utilizado foi o delivery, o que obriga os restaurantes e lancherias a utilizarem mais embalagens do que normalmente.
Ainda por causa da pandemia, no ano passado, muitas empresas ficaram fechadas e quando reabriram, o consumo foi maior do que o esperado, fazendo com que a demanda voltasse acima da média. Esse aumento fez com que a matéria-prima diminuísse e o valor aumentasse em 45%. Como os preços subiram, os bolsos dos consumidores começaram a pesar. Isso ocorreu no mundo todo e não há previsões de quando isso voltará ao normal.
O supervisor comercial da SAS Plastic, Marcelo Matana, confirma que foi a escassez de resinas plásticas o fator que levou ao desiquilíbrio na política internacional de preços. “No Brasil, há um único fornecedor, que já reajustou seus valores inúmeras vezes no período. O cenário é delicado para as indústrias do setor que, além da elevação absurda dos custos, estão sofrendo com o desabastecimento. Outro agravante é que com o câmbio no patamar em que se encontra, a alternativa de importação é inviável”, explica Matana.
Para ultrapassar as dificuldades, a empresa buscou novos fornecedores a fim de abastecer o estoque e atender a demanda, além de melhorias no processo para reduzir custos internos e amenizar o impacto no bolso do consumidor final. A programação para a compra de insumos, antes baseada em projeções de consumo por período, agora passou a ser reavaliada todos os dias, nesse novo mercado criado pela pandemia. 
Mas o novo normal também trouxe à tona a importância dos materiais plásticos para o conforto, praticidade e até segurança na vida moderna. “Não podemos imaginar a segurança na área hospitalar, por exemplo, sem certos artigos plásticos. O que falta na sociedade é educação e diretrizes para o uso consciente, atrelado ao descarte de forma correta. Temos que ser sustentáveis, utilizar e respeitar as necessidades das gerações futuras”, afirma Matana.
Na Kaballa Indústria e Comércio de Plásticos, que tem como principais clientes hotéis, motéis, resorts, bares, restaurantes, buffets e casas de eventos, a pandemia trouxe desafios ainda maiores. “A grande maioria de nossos clientes está de portas fechadas ou operando seguindo os protocolos dos locais onde estão instalados. Nossa vendas desabaram. Tivemos uma redução próxima de 70%”, conta o diretor comercial da empresa, Mauro Ricardo Ludke.
Com o inevitável repasse de alguns aumentos de preços aos consumidores finais, as vendas se tornaram ainda mais difíceis. Durante a pandemia, a Kaballa ajustou sua operação para atender somente pedidos e faz serviços de injeção para terceiros, o que garante o pagamento do salário dos colaboradores e as despesas fixas. 
Para a volta à normalidade, a esperança é a mesma dos diversos setores da sociedade: a vacina contra o vírus. “A retomada das atividades normais de nossos clientes é o maior desafio. Acreditamos que isso aconteça somente com a vacinação em massa de toda a população de nosso país e do mundo inteiro. Assim poderemos voltar a ter esperança que, aos poucos, tudo retorne ao normal”, diz Ludke.
No cenário pós-Covid, um dos maiores desafios do setor é mostrar que a vida útil dos plásticos não termina no seu descarte nas casas e empresas. É o que diz o gerente industrial da Plastiline, Roberto Paganella Neto: “O plástico sairá fortalecido, porque as pessoas estão passando a valorizá-lo pelos seus benefícios e entendendo que mesmo após seu uso, ele pode continuar gerando receita à cadeia. O grande desafio é o setor público conseguir organizar a destinação correta dos resíduos, favorecendo a reciclagem e o reaproveitamento”.
O conceito de economia circular já é, segundo Paganella, uma realidade nas empresas do setor, como é o caso da Plastiline. “Buscamos a maior eficiência do produto desde a sua origem e concepção até o descarte correto para que o material permaneça na cadeia gerando valor. Com clientes e fornecedores, avaliamos a eficiência das embalagens, evitando desperdícios e auxiliando no seu reaproveitamento e descarte da forma correta”, diz o gerente industrial. 

 - Kaballa/ Divulgação
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