Economia

Malharias contabilizam prejuízos

Queda no faturamento já chega a 70% em algumas delas

Com a economia praticamente parada em decorrência da pandemia do novo coronavírus, malharias e confecções de Flores da Cunha contabilizam as perdas resultantes do cancelamento de feiras e do fechamento do comércio para evitar a propagação da doença. Em algumas delas, a queda no faturamento já chega a 70% em relação a períodos regulares. E justamente no principal período do ano para o setor.

“Estamos buscando alternativas para aumentar o faturamento e não ter que tomar atitudes mais drásticas”, afirma a diretora da D’Águia Confecções, Luana Caumo.
Atuando há 12 anos na fabricação de casacos de lã, a empresa familiar viu as vendas despencarem desde que as medidas de distanciamento social entraram em vigor. Com estoque cheio, o empreendimento continua entregando produtos para lojistas dos estados da Região Sul que já haviam feito pedidos. “O período de abril a agosto representa 70% do nosso faturamento anual, mas está tudo suspenso. Estamos analisando dia após dia o que fazer”, resigna-se.

“Nosso melhor vendedor é o tempo”
A administradora da BBVA Confecções, Bruna Bebber, vive as mesmas incertezas. Após conceder férias coletivas de 20 dias, a empresa retornou ao trabalho nesta quarta-feira. “Voltamos a trabalhar, mas não sabemos até quando, porque trabalhamos com produtos com venda sazonal. Nossa maior venda é no inverno e 90% em feiras. No verão quase não vendemos. Se continuar do jeito que está, vamos ter que parar em definitivo”, projeta.

Atualmente, a empresa tem atendido alguns poucos lojistas que já haviam feito pedidos e consumidores finais por meio de canais online. “Estávamos com uma expectativa muito boa, porque o nosso melhor vendedor é o tempo. Se está frio, conseguimos vender mais. Esse ano a previsão é que faça um inverno com bastante frio”, salienta Bruna, acrescentando que a fábrica está com o depósito na capacidade máxima desde maio, em preparação à estação mais fria do ano.

“Este ano se mostrava promissor”
Após 20 dias de férias, a Colloda Confecções, especializada em peças de cama, mesa e banho para atacado e varejo, é outra que enfrenta os impactos da crise causada pela Covid-19. Trabalhando com 50% de um total de 22 funcionários, a empresa precisou fechar todas as lojas próprias nas cidades de Capão da Canoa, Tramandaí, Arroio do Sal e Porto Alegre. A única que pôde ser reaberta foi a de Farroupilha, já que o decreto municipal permitiu o funcionamento do comércio.

“Voltamos a trabalhar com pessoal reduzido porque tem algumas lojas que estão pedindo. Algumas vendedoras autônomas que possuem MEI também continuam, mas o faturamento de março ficou 70% menor do que o do ano passado. Desde 2010, estávamos vindo numa crescente de 10%, 12%, 15% ao ano, em média, e este ano se mostrava promissor”, calcula o sócio proprietário Claudionei Colloda.

Colloda aposta na retomada gradual do comércio para continuar mantendo o negócio sem cortar vagas na empresa. “A gente tem esperança de que o comércio volte, mas com rigidez nas medidas de segurança. Todo mundo tem que se conscientizar um pouco e a gente consegue se manter. Estou tentando fazer de tudo para manter os colaboradores. Eles precisam comer”, desabafa o empresário.

Com depósito na capacidade máxima desde maio, BBVA atende lojistas que já haviam feito pedido e consumidores finais por meio de canais online. - Bruna Bebber/Divulgação
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