Economia

Gasolina atinge o maior preço já registrado em Flores

Após um ano da greve dos caminhoneiros, preço do combustível ultrapassa os R$ 5

O preço da gasolina atingiu a maior cotação de 2019 em Flores da Cunha, com o litro ultrapassando os R$ 5. Após um ano da greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio de 2018, e que derrubou o preço do combustível, nos últimos meses o valor voltou a subir e não deve parar de crescer tão cedo. O preço da gasolina nas refinarias aumentou – na refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, a gasolina está sendo vendida a R$ 2,029 (valor de quinta-feira, dia 16) –, como também o ICMS, o que deve refletir no bolso do consumidor. Um levantamento feito pelo Jornal O Florense nos postos de combustíveis do município apontou um aumento de 5% (média de R$5,061) em comparação a dezembro do ano passado, quando a média era de R$ 4,817 (confira os preços da gasolina na tabela a baixo). O preço mais baixo é encontrado no Posto Trebobras a R$ 4,95 – o novo posto Sim da ERS-122, no bairro Pérola, está com preço promocional de inauguração, vendendo a gasolina comum a R$ 4,929. Já o mais alto é no distrito de Otávio Rocha, onde a gasolina comum está no valor de R$ 5,14. O único posto de Nova Pádua está vendendo a gasolina a R$ 5,19. 

Conforme o gerente do Posto Trebobras, Moacir Ascari, há um ano a greve ajudou a reduzir os preços. “Teve uma variação grande. Desde a greve até hoje o preço de compra oscilou bastante, de R$ 4,18, depois da greve, para R$ 4,52 em outubro. Teve uma queda em dezembro e hoje pagamos R$ 4,37 o litro”, revela. Para o gerente, isto é reflexo da economia e do monopólio. “Percebemos que quando o consumo de gás de cozinha aumenta, a venda de combustível diminui. Muitas pessoas estão optando por ficar em casa, do que sair”, analisa. 

Já para o gerente do Posto do Galo, Alcione Luiz Lusa, a margem de lucro que é colocada em cima da gasolina não paga nem as despesas fixas. “Está bem complicado para nós também. Temos aluguel, funcionários, água, luz e ganhamos em cima de centavos”, lamenta. De acordo com Lusa, a empresa repassa o valor que a companhia dita. “Estamos à mercê dos impostos”, comenta.  
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, de Empresas de Garagem, Estacionamento, de Limpeza e Conservação de Veículos e Lojas de Conveniência de Caxias do Sul e Região (Sindipetro Serra), Eduardo D´Agostini Martins, pontua que nem os economistas estão acertando a oscilação que está tendo os combustíveis. “As perspectivas nesse mercado são puro ‘chutômetro’. Não dá pra imaginar, porque qualquer alteração no preço de petróleo impacta diretamente no valor do combustível. Então, não sabemos o que vai ocorrer. Teve, por exemplo, no final do ano passado, uma queda muito brusca no valor, e isso nem estava previsto”, salienta.
Nos últimos meses, de acordo com o Sindipetro Serra, o preço do petróleo subiu demasiadamente nos últimos meses, o que acarreta um crescimento no valor das bombas. “Em dezembro, o barril do petróleo custava US$ 40, e agora se paga US$ 62 e isso refletiu no preço nas refinarias. A gasolina comum, em janeiro, chegou a R$ 1,43 e hoje estamos pagando R$ 2,02 – aumento de R$ 0,59, um acréscimo de 41,2%”, analisa. 
Nesta semana, houve ainda um pequeno aumento do ICMS, o que também refletirá em centavos no preço. “Pelo preço que a gasolina está hoje é difícil aumentar, porque já está muito alto para o consumidor. E pra revenda está terrível. O posto precisa ter um capital de giro para aguentar esse aumento, e tem muitos postos em que a revenda não consegue nem repassar”, salienta Martins. 

Consumidores estão insatisfeitos
Se os postos de combustíveis reclamam do valor alto, os consumidores estão perplexos com o preço que a gasolina chegou. Para o empresário Vagner Lovatel Anziliero, o preço da gasolina está muito alto, o que acaba refletindo em seu trabalho. “Como a gasolina é um bem básico, com o valor aumentando é necessário repassar isso também nos produtos que vendo. Vejo apenas pontos negativos com essa situação”, comenta. O agricultor Valdecir Tavares Freire compartilha da mesma opinião. “Está um roubo. Eu dependo do automóvel para trabalhar e isso gera muitas despesas”, afirma.
A florense Sabrina Salau contabiliza o combustível como um gasto fixo, já que a família utiliza o veículo para trabalhar. “Meu marido precisa do carro para trabalhar e não há ajuda da empresa, por isso temos que colocar isso na conta de todos os meses”, cita.
O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) divulgou nesta semana uma tabela com os valores (denominados de pautas) a serem utilizados como referência para o recolhimento do ICMS. Foram alterados os preços em 16 Estados – incluindo o Rio Grande do Sul que ficou com valor de R$ 4,78 para a gasolina comum sendo que 30% do ICMS é recolhido a partir desse preço –, e no Distrito Federal.
De acordo com a nota emitida pelo Confaz, não houve aumento no preço dos combustíveis. “Apenas foi divulgado o preço médio ponderado ao consumidor final para fixar a base de cálculo para a incidência do ICMS para retenção tributária, pelas refinarias, importadoras e usinas. A publicação da tabela não tem o intuito de fixar o preço dos combustíveis. O cálculo é baseado em uma pesquisa realizada pelas administrações tributárias dos Estados brasileiros de preço junto aos postos de combustíveis, considerando as diversas regiões dentro de cada Estado”, explica a nota.

Valores pauta para o RS
Gasolina comum – passa de R$ 4,6863 para R$ 4,7854
Gasolina premium – passa de R$ 6,4908 para R$ 6,5829
Diesel S 10 – passa de R$ 3,5438 para R$ 3,6346
Diesel S 500 – passa de R$ 3,4553 para R$ 3,5469
Etanol (AEHC) – passa de R$ 4,0969 para R$ 4,2785
GNV – passa de R$ 3,3952 para R$ 3,3969

Dia da Liberdade de Impostos 
No dia 30 de maio ocorrerá a 15ª edição do Dia da Liberdade de Impostos, quando os postos de combustíveis irão vender gasolina a R$ 2,50 ao litro. O movimento é promovido pelo Instituto Liberdade e pela Associação da Classe Média (Aclame), com a parceria do Sulpetro. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a alta carga tributária paga atualmente.
Os consumidores poderão comprar 20 litros de gasolina comum pelo preço de R$ 2,50 ao litro. A venda será realizada mediante a distribuição de senhas e estará sujeita ao limite de 1.000 litros por posto. O pagamento deverá ser feito em dinheiro. Na Serra Gaúcha, até o fechamento desta edição, apenas o Posto Sim Parque do Sol (Avenida São Leopoldo, 35), em Caxias do Sul, havia confirmado participação na campanha.

Preço da gasolina ultrapassa os R$ 5 nos postos florenses. - Gabriela Fiorio
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