Exportações florenses em alta
Primeiros meses do ano apontam um crescimento de 19,3% em relação ao mesmo período do ano passado
O cenário econômico ainda instável e a paralisação dos caminhoneiros – que alterou a tabela de fretes instituída por medida provisória e deve refletir na balança comercial neste mês de junho –, não foram suficientes para inibir as exportações do mercado florense. De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Flores da Cunha teve um crescimento de 19,3% nas exportações nos primeiros cinco meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado, o saldo da balança comercial (exportações menos importações), apresentou um índice tímido de 0,16%, resultado ocasionado pela alta das importações, que tiveram um aumento de 42,3% em comparação com os primeiros meses de 2017. O secretário do Comércio Exterior do Mdic, Abrão Neto, já declarou que a expectativa do governo é de que as exportações cresçam menos do que as importações neste ano. Por isso, o superávit da balança comercial em 2018 deve ficar mais baixo que o do ano passado.
Como o dólar em alta, no período de janeiro a maio, as indústrias florenses exportaram US$ 18,1 milhões. As categorias de manufaturados e industrializados registraram alta de 19,5% no comparativo de exportação e os bens de capital (referem-se a fábricas, máquinas, equipamentos, ferramentas utilizados para produzir) cresceram 82,5%.
A alta nas exportações foi puxada por dois setores: o industrial de máquinas e motores, com uma participação de 10% nas exportações locais, apresentou um crescimento de 174,2% e uma venda de US$ 1,81 milhão. A segunda maior alta se deu no setor de vinhos, com uma participação de 8% no comércio externo, teve um aumento de 56,5% e comercializou, nos primeiros meses do ano, US$ 1,45 milhão.
Como já tinha ocorrido em 2017, o setor mais representativo no comércio exterior florense, os móveis tiveram um recuo de 2,59%, ante uma participação de 34,3% nas exportações. O mercado de acessórios para veículos também declinou. Com uma representatividade de 16% nas exportações, houve um decréscimo de 15,6% nos primeiros meses deste ano.
O principal destino dos produtos ‘made in Flores’ foram Reino Unido, Argentina, Paraguai, Cuba e Haiti. De acordo com os números do Ministério do Comércio Exterior, 24 empresas sediadas em Flores da Cunha realizaram exportações nos primeiros cinco meses do ano. Por questões de sigilo fiscal/empresarial e seguindo a Constituição Federal, o Ministério não divulga mais o valor exportado por cada empresa e o país de destino.
Compras no exterior
Se as exportações estão em alta, as importações também – o que torna o principal fator pelo singelo aumento do saldo comercial. De janeiro a maio, a compra de produtos internacionais avançou em 42,3% na comparação com o mesmo período de 2017, chegando a US$ 9,93 milhões. Cresceram, nos últimos cinco meses, as compras em todas as categorias: bens de capital (+246,2%), bens de consumo duráveis (aqueles que podem ser utilizados várias vezes, como carro, roupa, etc - +87,7%), bens de consumo não duráveis (aqueles que devem ser consumidos de imediato, como alimentos e bebidas - +803,4%) e bens intermediários (aqueles que são usados na produção de outros bens, a matéria-prima - +0,4%).
Os dados do Mdic apontam que 43 empresas florenses importaram produtos estrangeiros neste ano, o que somou um volume de aquisições em 4 milhões de quilos – no comparativo com 2017 uma diminuição de 22,9%. As principais compras foram motores e máquinas motrizes, que com uma participação de 17,1% nas importações, tiveram um aumento de 839,6%; e tubos e perfis ocos de ferro ou aço, com representatividade de 8,3%, cresceram 439%. Houve acréscimo também nas aquisições de guarnições e ferragens com 14,2% e assentos transformáveis em cama com 64,1%. Nesses primeiros meses, China, Itália e Estados Unidos foram os principais vendedores para o município.
Detentora do mercado externo vinícola
Não é todo o dia que se ganha o ‘Prêmio Exportação RS’, concedido pela Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADV/RS), e a Fante Indústria de Bebidas fez a lição de casa para ganhar a distinção em 2018. A empresa, com 48 anos de tradição, ostenta números expressivos para o mercado externo. A exportação representa hoje 15% das 34 milhões de unidades produzidas pela Fante. No Rio Grande do Sul, a empresa de bebidas é responsável por 75% das exportações de sucos, vinhos e espumantes. Se olharmos apenas os vinhos, o percentual chega a 84% sobre o volume total de produtos enviados ao exterior pelo Estado. De 2016 para 2017, a empresa aumentou em 25% seus negócios no exterior. Exporta para vários países da América Latina e também África, mercado este conquistado no ano passado.
Os números animadores são fruto de um trabalho que iniciou há 20 anos e foi trilhado passo a passo, buscando conhecer as particularidades dos países, logísticas, clientes e consumidores e oferecendo produtos de qualidade, num mix que abrange mais de 100 itens. “É um estudo aprofundado de cada país e uma estratégia de trabalho focada, que está alinhada com um dos nossos grandes diferenciais, que é o nosso mix de produtos. A Fante tem hoje desde vinhos e espumantes até sucos e destilados. Claro que temos os nossos carros chefes, que são os vinhos, a Rajska e o Black Stone, mas temos a facilidade de apresentar os nossos produtos e isso faz diferença no mercado. E também estamos sempre focados em entender qual o perfil do cliente e o que ele necessita”, explica o gerente de exportação da Fante, Isaias Fante.
Para ele, o trabalho de formiguinha iniciado há anos resultou em méritos positivos que devem continuar a ser colhidos. Somente no primeiro trimestre, a Fante já apresentou crescimento em relação ao ano passado e estima que 2018 seja melhor, mesmo que a greve dos caminhoneiros tenha influenciado na logística. “Hoje uma questão que enfrentamos é o custo-Brasil, que é pesado, e temos que conversar diariamente com nossos clientes para criar estratégias que driblem isso. Há toda uma logística custosa para os produtos chegarem nos portos e isso impacta diretamente no valor, além de todos os tributos, embora muito se diga que a exportação tem isenção de impostos, eu digo o ‘Brasil exporta impostos’”, cita Fante.
Dentro do planejamento, a empresa projeta um crescimento de 15% ao ano para os próximos três anos. “É um cenário promissor e bem interessante e conseguimos plantar, colher e continuar colhendo bons frutos. O Prêmio Exportação é a comprovação desse trabalho que está sendo feito e uma vitória para nós e também, acredito, que para o município de Flores da Cunha”, conclui.
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