Economia

Crise não afetou alguns segmentos

Empresas têm se reinventado para enfrentar a crise do coronavírus

A economia balançou com a crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19. Com a necessidade de isolamento social, diversas empresas viram seus faturamentos despencarem e notarem sua sobrevivência ameaçada. Do outro lado dessa moeda, alguns segmentos se mantiveram estáveis ou até cresceram em meio à pandemia, outros se reinventaram para superar a crise. Um desses ramos é o setor de bebidas, com presença bastante forte em Flores da Cunha e responsável por 20,3% do Valor Adicionado do município, de acordo com o Perfil Socioeconômico 2019. Conforme o diretor da Fante Bebidas, terceira empresa no ranking das maiores do município, Júlio Fante, mesmo sofrendo uma baixa na média global, algumas bebidas tiveram um aumento considerável, já que a empresa oferece uma diversidade de produtos. “A demanda acabou se mantendo um pouco abaixo, se comparado ao mesmo período do ano anterior, mas  por outro lado, nos deparamos com certo nível de crescimento para as linhas de bebidas que podem mais facilmente ser consumidas em casa, como vinhos e sucos”, explica Fante, que diz que houve uma queda na comercialização de espumantes, produto associado a festas e eventos.

Atualmente, a empresa trabalha com 95% dos seus funcionários – permanecem afastados os que se enquadram nos grupos de risco –, além de intensificar todas as medidas preventivas de saúde. A Fante também tem feito horas-extras para atender a demanda e contratou novos profissionais nesse período da quarentena.
Também no ramo de bebidas, a Muraro Bebidas tem encarado o momento com serenidade. Com 67 anos de história, a empresa diz que já passou por outras crises e devido a elas adquiriu experiência. “Nosso foco está nas nossas pessoas e em ajudar ao máximo nossos clientes. Um bom antídoto para o pessimismo é a criatividade, pois estes são os exatos momentos em que surgem oportunidades e inovação”, destaca o gerente executivo, Frederico Muraro.

De acordo com Muraro, o segmento de bebidas alcoólicas sofreu mais nos períodos iniciais da quarentena, pois um dos principais canais de venda, os bares, casas noturnas e eventos foram fechados. Porém, com o passar dos dias, vendas online e delivery começaram a operar, o que impulsionou as vendas. “Devido à amplitude de produtos da empresa e a diversidade de clientes nacionais e internacionais, estamos mantendo os volumes históricos. Além disso, a estação do ano naturalmente impulsiona as vendas de vinho, que já possuía um perfil de consumo em casa e está ganhando cada vez mais notoriedade”, diz.

Transportes
O setor de transportes foi outro segmento que viu a comercialização se manter estável devido a grande procura por cargas de álcool gel e de bebidas. Conforme o gerente comercial da Rodo Mio, Ademar Mioranza, a empresa está operando com 80% de sua frota. “Comparado com outros anos, nesta época a demanda se manteve estável”, relata Mioranza. A maioria de seus clientes são engarrafadores que atendem fornecimento em grandes redes de supermercados.  “Acreditamos que o consumo de álcool gel ainda será elevado nos próximos meses e com a atividade econômica voltando ao normal aos poucos, as cargas alimentícias deverão retomar a sua normalidade, assim aumentando a demanda da empresa e possibilitando até novas contratações”, afirma. Atualmente, a Rodo Mio possui 28 caminhões e está com 22 em atividade.

Mudanças nos negócios
Um dos segmentos que se viu em alta nessa pandemia foram as vendas online. E muitas empresas de Flores da Cunha apostaram nesse caminho. A Loja Lobster iniciou suas vendas online. “A ideia surgiu faz um tempinho, mas o site foi para o ar no segundo semestre de 2019. Somos novos no e-commerce e tínhamos algumas vendas isoladas. Mas, desde março, vimos um aumento crescente na procura de nossos itens”, diz o vendedor Paulo Toscan, que acrescenta. “O online foi uma forma de nos manter conectados com nossos clientes. Estamos trabalhando para melhorar cada dia e intensificar ainda mais nosso investimento no e-commerce”, garante.

Outra empresa que viu suas vendas virtuais aumentarem no período foi a BBVA Confecções, que desde 2016 mantém um e-commerce. “Ele tem sido, basicamente, a principal fonte de faturamento da nossa empresa. Costumávamos vender nossas peças em feiras, e todas foram canceladas ou adiadas. E, então, o online está salvando o nosso faturamento”, garante a gerente Bruna Bebber. Conforme ela, as vendas online de maio já atingiram a meta e, se comparado com o mesmo período do ano passado, foram superiores. “Nossa meta é fortalecer cada vez mais o online, mas não esquecer as lojas físicas. Ainda temos pessoas que precisam provar e sentir o tecido. Não podemos esquecer disso. Estamos trabalhado para manter os dois modos de venda (online e físico)”, explica.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Jásser Panizzon, a hora é de ressignificação dos negócios. “A pandemia fez os comerciantes que ainda achavam que deviam ficar sentados esperando o cliente entrar, perceberem que relacionamento é vital e que a tecnologia está disponível para facilitar essa relação. É um desafio para quem está acostumado com o tradicional, mas é preciso criatividade, empatia e espírito empreendedor para evoluir nos negócios. Só cresce quem se permite sair da zona de conforto”, pontua.

Aplicativos gastronômicos em alta
Em meio à pandemia, os aplicativos gastronômicos invadiram o município. Desde março, Flores da Cunha conta com o Aiqfome, que atua em 200 cidades do interior.  “Acredito que a cidade estava precisando deste tipo de serviço, pois agiliza o pedido tanto para o estabelecimento quanto para o usuário do aplicativo. É prático, fácil de usar, o cardápio de cada estabelecimento está na palma da mão pra qualquer pessoa ver”, informa o city manager Jonatas Zaniol de Oliveira, que adianta que até o final do ano deve estar em operação os apps Aiqentrega e Aiqpay, aplicativos de motoboy e maquininha de cartão, respectivamente. Atualmente, o Aiqfome conta com 31 estabelecimentos e nove em fase de cadastro.

Quem apostou na venda por meio do app, não se arrepende. É o caso da empresária Marina Bertolini Sonda, proprietária da A Doceria.  “A internet sempre foi nosso principal meio de divulgação. Desde o começo, ainda quando fazia doces em casa, já usava bastante as redes sociais para mostrar os produtos e, agora com a pandemia, ela é um ótimo instrumento de propaganda e o aplicativo veio para agregar ainda mais”, conta. Através do Aiqfome, Marina declara que novos clientes surgiram. “Nesse período tivemos uma queda significativa no atendimento dentro do estabelecimento e o serviço do aplicativo ajudou muito a continuar com esse relacionamento com o cliente”, destaca.

O Aiqfome não cobra taxa de adesão, nem mensalidade para quem quer divulgar a sua marca. Através do aplicativo ou site, o usuário escolhe entre diversos restaurantes, navegando pelos cardápios e informações de serviço (endereço, horários de atendimento). Para cada pedido feito, o app ganha uma comissão sobre o valor do pedido. O preço dos pratos é o mesmo das lojas físicas. Para quem quer saber mais o contato é (54) 9.8441.4141. Já o app Ifood – também presente no município – possui mensalidade e mais uma taxa sobre o valor dos lanches para quem quer ser vinculado.

Na Fante Bebidas houve contratação de novos profissionais. - Foto Fante/Divulgação A Muraro Bebidas está com manutenção estável de produtos. - Foto Gabriela Fiorio A gerente Bruna Bebber declara que a BBVA superou as expectativas de vendas online. - Foto Divulgação Loja Lobster investiu no e-commerce e está tendo resultados positivos. - Foto Gabriela Fiorio Os empresários da A Doceria, Marina Sonda e Edson Schiavenin,  optaram por fazer parte do Aiqfome e realizar telentregas.   - Foto Gabriela Fiorio
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