Comércio gaúcho deve encerrar o ano com resultados mais animadores
FCDL-RS, em parceria com a Escola de Negócios da PUCRS, projeta crescimento de 3,3% no desempenho do setor neste ano em relação a 2020
O comércio gaúcho conseguiu obter, após enfrentar uma série de obstáculos, um resultado consistente em 2021 e projeta um ano de 2022 de melhores perspectivas. Esse é o resumo da análise que a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) apresentou em entrevista coletiva concedida pelo presidente Vitor Augusto Koch e pelo economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes. Eles fizeram um balanço deste ano e apontaram caminhos para o varejo em 2022.
A FCDL-RS e a Escola de Negócios da PUCRS somaram esforços para produzir o levantamento que demonstrou, conforme apontou o presidente Vitor Augusto Koch, o crescimento de 3,3% do varejo gaúcho geral e de 5,5% no varejo ampliado, que abrange venda de veículos e de material de construção, na comparação com 2020.
No que se refere as vendas do varejo neste 2021 por segmentos, o ano mostrou a reação do setor de tecidos, vestuário e calçados, que deve findar o ano com um incremento de 16,5% na comparação com 2020. Veículos também devem registrar crescimento de quase 14%, vindo a seguir artigos de uso pessoal e produtos farmacêuticos e médicos.
O economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes, mostrou que os indicadores de emprego no varejo do Rio Grande do Sul também reagiram neste ano na comparação com 2020. Até o final de outubro, foram criados mais de 26 mil novos postos de trabalho no comércio estadual, totalizando um crescimento de 4,2% ao longo do ano. Atualmente, o comércio responde por quase 24% do total de trabalhadores formais no RS, totalizando 624 mil colaboradores atuando no setor. O varejo estadual segue tendo papel fundamental na criação de empregos.
O que esperar de 2022
A FCDL-RS e a Escola de Negócios da PUCRS projetam que o ano de 2022 vai trazer novos desafios para o comércio gaúcho. O primeiro é a combinação de pressões inflacionárias e o aumento da taxa de juros. A aceleração inflacionária ocorre em função de eventos como a seca e sua consequente crise hídrica e a interrupção das cadeias globais de produção, como consequência das dificuldades logísticas, e também pelo repasse de preços de matérias-primas afetadas pelo câmbio. Logo, o sucesso do choque de juros está dependente também de outros fatores, fora do alcance do Banco Central.
Também será preciso que a economia tenha seu ritmo de operação mais acelerado, crescendo mais do que o 1,2% projetado para o Brasil e o 1,8% esperado para o RS. Para que aconteça um incremento superior, é fundamental incentivar projetos de desenvolvimento e diminuir os juros que impedem os investimentos privado e público.
Pode acontecer, também, um incremento da inadimplência, o que precisa ser monitorada atentamente pelos lojistas. Para tanto, se faz necessário que o varejo aperfeiçoe a gestão de inadimplência, controlando o seu risco e oferecendo oportunidades de negociação a seus clientes.
“Apesar dos desafios de 2022, nosso cenário é de que o crescimento do varejo gaúcho permaneça superior ao da economia e se consolide uma recuperação de estabelecimentos e empregos com consistência ao largo de condições sanitárias mais favoráveis. Essa recuperação ocorre simultaneamente à adoção de novas ferramentas de comercialização, novas formas de pagamento e novos mecanismos de divulgação de linhas de produtos” alerta Vitor Augusto Koch.
Gustavo Inácio de Moraes, por sua vez, destaca que o crescimento esperado para 2022 sinaliza o fim da década perdida, pois deve superar os níveis de vendas reais equivalentes ao ano de 2014, no caso do varejo geral e os níveis de 2013, no caso do varejo ampliado.
Desta maneira, o próximo ano pode representar ao varejo uma redenção, não apenas na superação da pandemia, mas também na de saída da paralisia econômica que caracterizou os anos recentes, engatando um segundo ano consecutivo de bom desempenho.
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