Economia

Balança comercial de Flores da Cunha tem o maior superávit da década

Município fechou 2016 com US$ 31,3 milhões a mais de exportações. Resultado se deve à queda nas importações e à retração econômica

Com as importações caindo quase quatro vezes mais que as exportações, a balança comercial de Flores da Cunha fechou 2016 com um saldo positivo de US$ 31,3 milhões, o maior superávit dos últimos 10 anos. A última vez que o município havia registrado um índice desse porte foi em 2006, quando as exportações superaram as importações em US$ 34 milhões. Os números são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e revelam ainda que Flores da Cunha caminhou melhor em 2016 do que o próprio Estado. O Rio Grande do Sul registrou uma queda de 5,37% nas exportações e de 17% nas importações, resultando em um saldo de 10,2% maior que 2015. Enquanto isso, o município teve um acréscimo no comércio Exterior em comparação com o mesmo período em 88,8%, passando de US$ 16,5 milhões para US$ 31,3 milhões.

Apenas no mês de setembro, a balança comercial florense teve um superávit de US$ 5,5 milhões, resultado de exportações que somaram US$ 6,4 milhões. O saldo comercial é 89,2% maior do que o obtido no mesmo mês de 2015, quando se atingiu os US$ 2,9 milhões.

O resultado positivo foi possível porque as exportações subiram 23,8% em relação a 2015, enquanto que as importações sofreram uma queda de 34,6%. Em números reais, Flores da Cunha exportou US$ 43,3 milhões e importou US$ 12 milhões. O valor total movimentado pelo município no Exterior foi o segundo melhor dos últimos 12 anos, só não superando o ano de 2004, quando foram exportados US$ 46,8 milhões.

O principal motivo do tombo nas compras no Exterior foi a crise econômica nacional, que levou a redução da demanda por produtos e serviços produzidos lá fora, decorrentes da redução das vendas e do menor nível de produção. O dólar, que se manteve em um valor alto ao longo de 2016 e encareceu os importados, também contribuiu para essa queda.

Em 2016, o município consumiu 6,4 milhões de quilos em produtos de outros países, um volume 20,5% menor do que 2015. Houve queda nas importações de produtos manufaturados e industrializados, como itens de ferro ou aço, guarnições, ferragens e artigos para móveis, tubos e perfis ocos e assentos transformáveis em camas. Em contrapartida, as importações de produtos semimanufaturados tiveram um acréscimo de 120%.

Quando se olha a corrente de comércio (formada pelas exportações e importações) o dado é maior que o registrado em 2015, apresentando uma melhora de 3,7%.

Exportações

O volume de exportações somou, em 2016, 12,5 milhões de quilos, um aumento de 15,7%. Os destaques foram para móveis e suas partes, obras de carpintaria para construções, máquinas motrizes, vinhos, guindastes, tintas e vernizes e reboques e semirreboques. Tiveram diminuição nas embarcações e acessórios para veículos e aguardente e licores. As vendas ficaram em US$ 43,3 milhões. Tiveram crescimento os produtos manufaturados e industrializados, enquanto que os semimanufaturados apresentaram queda.

Outro ponto positivo das exportações no ano passado foi a evolução dos preços dos produtos vendidos, que iniciaram uma recuperação gradual ao longo de 2016. “Esse movimento foi influenciado pela valorização, mesmo que inicial, dos preços dos produtos básicos, na esteira da recuperação dos preços internacionais de algumas commodities importantes para o Estado, como a soja em grão e o fumo em folhas”, explica o pesquisador em Economia da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Tomás Torezani.

De acordo com dados do Ministério da Indústria, no ano passado Flores da Cunha teve 32 empresas que realizaram exportações. Dessas, uma exportou entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões; duas entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões; quatro entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões; e o restante das empresas comercializou até US$ 1 milhão.

Os principais destinos das exportações florenses foram Reino Unido (29,7%), Cuba (20,6%), Argentina (10,4%), Paraguai (6,5%), Haiti (6,3%), Estados Unidos (6,1%) e Chile (4,5%). Com exceção da Argentina (que caiu 10% em 2015 para 2016), os outros mercados de destino incrementaram sua participação nas exportações de produtos florenses.

As maiores variações positivas de valor foram observadas para México (146,6%), África do Sul (147%), Panamá (121,3%), El Salvador (106,1%), Estados Unidos (97,1%) e Cuba (81,7%). Já as variações negativas de valor foram registradas para Trinidad e Tobago (–78,1%), Guatemala (–62,6%), Equador (–39,1%), China (–21,8%), Colômbia (–17,5%) e Argentina (–10%).

Previsões para este ano

No Brasil, a balança comercial teve um superávit de US$ 47,6 bilhões em 2016, batendo recorde. Foram US$ 185,2 bilhões em exportações e US$ 137,5 bilhões em importações. Para este ano, a previsão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) é de um saldo semelhante ao ocorrido em 2016, mas com aumento nas exportações e nas importações, o que não ocorre desde 2011. “A retomada do crescimento econômico deve elevar nossa demanda por produtos importados. Será um crescimento lento, mas superior ao que tivemos no ano passado”, afirmou em entrevista no início do ano o secretário de Comércio Exterior do ministério, Abrão Neto.

No primeiro mês do ano, a balança comercial brasileira alcançou a cifra de US$ 2,725 bilhões, resultado de exportações de US$ 14,911 bilhões e importações de US$ 12,187 bilhões. O valor é superior ao alcançado em igual período de 2016, que foi de US$ 915 milhões.

Previsão é de crescimento dos mercados em 2017

Maior exportadora de Flores da Cunha e detentora de dois prêmios Exportação RS (2015 e 2016), a Treboll Móveis, com sede na Linha 80, tem feito o dever de casa para manter-se no mercado externo. A empresa moveleira direciona 70% de seus negócios para o Exterior, sendo os principais destinos o Reino Unido, os Estados Unidos e a França. Em 2016, ela praticamente dobrou o número de contêineres em relação ao ano anterior e chegou à média de 55.

Há cinco anos, a Treboll, que exporta desde a sua fundação em 1997, vem reestruturando e remodelado seu planejamento. Implantou um plano de expansão nos negócios, ampliou seu parque fabril, realizou mudanças no layout, atualizou seu maquinário e busca em 2017 aumentar seus mercados externos. “Nos últimos 20 anos passamos por duas crises que nos fizeram crescer e nos reestruturar para chegarmos até aqui. Mudamos processos, lançamos produtos e firmamos parcerias as quais atalham muito a construção do mercado. E para esse ano queremos ampliar nosso mercado americano e reativar antigos clientes ingleses”, cita o diretor comercial da empresa, Tobias Curra.

O principal produto de exportação são os dormitórios. A empresa se especializou em móveis laqueados na cor branca e já montados. “Tudo sai pronto daqui e temos obtido bons resultados com essa estratégia. Focamos na qualidade dos produtos para nos diferenciarmos e também para competir com o mercado chinês”, pontua Curra.

Em 2016, com o dólar alto, os custos internos sob controle e as mudanças, a empresa atingiu a meta programada de crescimento em 20%; para este ano planeja o mesmo percentual. “Desde o ano passado estamos desenvolvendo novos produtos e agora vamos oferecê-los e atacar o mercado, além de procurar novos nichos”, salienta o diretor comercial.

Diretor comercial da Treboll Móveis, Tobias Curra prospecta um crescimento de 20% em 2017. - Danúbia Otobelli/O Florense
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1 Comentários

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    Flores da Cunha na contra mão da crise, ou aproveitando a cri$e como oportunidade de melhoria!

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