As 10 maiores empresas de Flores
Ranking mostra que cinco delas se instalaram no município na última década
Keko Acessórios, Cosan Lubrificantes e Especialidades, Hidrover Equipamentos Hidráulicos, Cooperativa Nova Aliança e Lubritec Scherer. O que essas cinco empresas têm em comum? Todas elas saíram de outras cidades e decidiram transferir seus parques fabris para Flores da Cunha nos últimos dez anos. E mais, todas elas figuram no ranking das 10 maiores empresas do município, com base no Valor Adicionado (veja abaixo como é feito o cálculo). A lista é divulgada no Perfil Socioeconômico 2019, uma publicação anual do Jornal O Florense. Elas dividem as principais posições com empresas com terroir local, como a Fante Bebidas, que neste ano comemora seus 50 anos, e com a Florense, com uma tradição de 66 anos.
Uma das primeiras a apostar em solo florense, a Keko Acessórios, líder brasileira em acessórios para personalização de veículos, transferiu a sede da empresa em 2011, numa unidade fabril com 25 mil metros quadrados de área construída na Linha 80. Em matéria publicada pelo O Florense na época, o presidente executivo da Keko, Leandro Mantovani, relatou que a empresa mudou-se para Flores da Cunha após 25 anos de atuação em terras caxienses devido aos incentivos que recebeu da prefeitura municipal. Valores do terreno em conta, além de auxílios com água encanada, energia elétrica e acesso asfaltado garantiram a troca de cidade. “Percebemos que isso iria nos economizar alguns milhões”, disse Mantovani.
A Nova Aliança, que surgiu em 2011 da união de cinco cooperativas da região, também apostou em Flores da Cunha para sua sede. A moderna planta industrial com 22 mil metros quadrados foi inaugurada em 2014. Hoje, com mais de 900 associados, faturamento de R$ 160 milhões e um crescimento de 10% em 2019, a escolha pelo município foi acertada. “Estamos contentes com o projeto em Flores da Cunha e esperamos cada vez mais nos integrar ao município”, diz o presidente da cooperativa, Alceu Dalle Molle. Segundo ele, três foram os fatores que determinaram a vinda para o município: havia duas cooperativas ligadas ao projeto no município – Santo Antônio e São Pedro –, a parceria e o apoio do poder público e Flores dispor de um grande volume de matéria-prima – o município é o maior produtor de vinhos e uvas do Brasil. “Em 2020 queremos melhorar a rentabilidade e também crescer 10%”, diz Dalle Molle.
A boa localização geográfica, os incentivos e o acolhimento também foram determinantes para que a Lubritec Scherer Distribuidora de Lubrificantes – que hoje está no topo do ranking das 50 maiores empresas com um VA de 9,86% – deixasse Caxias do Sul para se instalar no município em 2013, numa área coberta de cinco mil metros quadrados. Para o diretor administrativo financeiro, Eduardo Menezes, a decisão da mudança foi acertada. “Aqui contamos muito com o apoio da prefeitura, desde a implantação até os dias atuais sempre foram muito atenciosos com a empresa. Além disso, podemos contar com uma mão de obra qualificada. Estamos aqui para somar e queremos continuar assim”, pontua.
O que os empresários se referem são medidas que a prefeitura municipal realiza por meio do Programa Estimulador de Emprego e Renda, uma lei municipal de março de 2017. O projeto visa atrair negócios industriais, comerciais ou de prestação de serviços, bem como atender aos já instalados no município. A medida estabelece um cálculo relativo ao retorno do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e geração de novos empregos, que justifique o incentivo da administração com aporte de recursos do orçamento público. Entre os benefícios estão o subsídio de até 100% das horas de serviços de máquinas e de brita, entre outros. A liberação dos recursos segue alguns critérios como maior retorno do ICMS, número de empregos, menor tempo de instalação ou ampliação do empreendimento. Todo o programa foi elaborado pelo setor técnico da administração. “Queremos facilitar o trabalho do empreendedor. Procuramos estabelecer a política da boa vizinhança e atender as empresas que já estão instaladas em Flores e também propiciar oportunidades para os novos empreendimentos”, explica o prefeito Lídio Scortegagna.
Uma ampliação do Programa Estimulador de Emprego e Renda tramita na Câmara de Vereadores com o objetivo de desburocratizar o projeto. Anteriormente, existiam alguns requisitos sobre os subsídios de serviços de máquinas, já no projeto atual há um único subsídio em até 100% para os custos de terraplenagem, drenagem, encascalhamento ou pavimentação de acessos, pátios e entornos. Outra mudança é que os limites desses subsídios passaram de R$ 275 mil para R$ 300 mil. O projeto foi enviado no dia 25 de outubro e atualmente passa por avaliação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final da Câmara de Vereadores.
Em pouco tempo, uma gigante em metalurgia
Os dados do Perfil Socioeconômico 2019 tem como base o ano de 2018 e mesmo não sendo um “ano cheio”, a Hidrover Equipamentos Hidráulicos já apareceu na sexta colocação entre as 50 maiores empresas do município com um VA de 3,29% e a primeira colocação entre as metalúrgicas. Isso que a empresa só passará a contribuir integralmente com os números de Flores em 2019 – a Hidrover iniciou parcialmente as operações em 2017, mas somente concluiu a mudança da fábrica de Caxias do Sul nos primeiros meses de 2018, por isso o ano não cheio.
A empresa, que já foi americana, depois alemã e agora é totalmente verde e amarela, iniciou seus planos em solo florense em 2014 com a compra do terreno de 180 mil metros quadrados às margens da ERS-122, no Bairro União. Conforme o diretor-geral, Jefferson Teixeira, a Hidrover tinha necessidades de crescimento e o parque fabril localizado no bairro Santa Catarina, em Caxias, não suportava essa demanda. “Flores da Cunha tem uma boa estrutura, é próxima a Caxias e oferece uma boa qualidade de vida. Além disso, tivemos um suporte muito bom da prefeitura e do Centro Empresarial para a nossa inserção”, explica Teixeira, que é paulistano e de segunda a sexta-feira reside no município. A planta local recebeu um investimento de R$ 45 milhões nos 13 mil metros quadrados de área construída e é totalmente voltada para a preservação do meio ambiente. A empresa conta com o certificado ISO 9001 2015.
Com a concretização da mudança em 2018, o plano dos sócios Teixeira, Ricardo Archilla (diretor comercial), Fabiano Rizzotto (diretor industrial) e Adilson Sartori (diretor financeiro) é seguir “rumo a excelência” na fabricação de cilindros hidráulicos para máquinas pesadas fora de estrada e para caminhões. A empresa, que é a maior fabricante de cilindros hidráulicos do Brasil, atende aos principais fabricantes de máquinas agrícolas, caminhões e máquinas de construção do Brasil e do mundo. A previsão é fechar 2019 com um crescimento 30% maior do que o ano anterior. “E para 2020 queremos manter o mesmo nível. Além de buscarmos novos negócios, queremos consolidar a nossa fábrica, que se modernizou muito. Acreditamos que as reformas trarão uma melhora do mercado”, comenta o diretor comercial, Ricardo Archilla.
Atualmente, a Hidrover fabrica mais de 100 mil cilindros ao ano e conta com 206 funcionários. Neste ano, a prioridade nas contratações tem sido a mão de obra local. Muitas contratações foram realizadas para atender ao crescimento da empresa. “É importante contribuirmos para o crescimento do município e inserir a marca Hidrover, que neste ano completa 45 anos, na comunidade. Nós levamos o nome de Flores da Cunha globalmente e sempre recomendamos os vinhos locais”, conta Teixeira.
O que é o Valor Adicionado
O ranking das maiores empresas do município é feito a partir do Valor Adicionado (VA), informado pela Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz-RS), por meio da Secretaria Municipal da Fazenda. Esse valor é definido como o resultado da diferença entre: o valor dos bens e serviços vendidos pelas empresas, as saídas; e o valor de bens e serviços comprados pela empresa junto a outras empresas, ou seja, as entradas. Dessa forma, o VA é o acréscimo de valor que a empresa incorpora ao bem na cadeia produtiva. Por exemplo, se o VA do município é de R$ 900 milhões, e uma determinada empresa teve saídas, menos entradas, de R$ 40 milhões. Então, o Valor Adicionado dessa empresa será de 4,44% (percentual calculado com base no total da cidade).
Esse índice é escolhido pelo fato de ser um dado público e possível de divulgação, já que nem todas as empresas revelam as suas receitas.
0 Comentários