Economia

13º salário deve injetar mais de R$ 42 milhões na economia florense

Estimativa leva em conta o número de empregados formais e beneficiários da previdência social, com base em dados do Observatório do Trabalho, da UCS

Guardar, pagar contas, investir, viajar, comprar presentes. A primeira parcela do 13º salário entrou nas contas de trabalhadores e aposentados no dia 30 de novembro e tem muita gente indecisa de como vai aproveitar o dinheiro extra. Em Flores da Cunha, cerca de R$ 42,7 milhões deverão ser inseridos na economia local até o final do ano (o montante usa como base o valor médio recebido pelos trabalhadores formais, somado ao ganho dos beneficiários da Previdência) – o saldo (2ª parcela) deve ser quitado até 20 de dezembro. Por parte de economistas, a dica é sempre quitar dívidas antes de pensar em novos destinos para o valor.

De acordo com estimativas disponibilizadas pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), os trabalhadores caxienses recebem em 2018 um valor médio de R$ 3.078,63, enquanto que os beneficiários da previdência social recebem R$ 1.617,51. Considerando a mesma estimativa para Flores da Cunha – o secretário da Fazenda, Jorge Dal Bó, aponta que o valor pode ser timidamente menor –, o município terá cerca de R$ 30,6 milhões inseridos na economia somente pelos trabalhadores formais – são 9.997 empregados de acordo com o Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. A previdência social estima em 7.430 o número de beneficiários florenses, somando aposentados e beneficiários em geral (dados de 2017), o que corresponde a R$ 12 milhões revertidos em pagamentos do 13º salário. No total, São 17.427 pessoas, entre trabalhadores e beneficiários, que somam R$ 42,7 milhões de incremento na economia florense em plena época de final de ano.

O professor e pesquisador da UCS, Mosar Leandro Ness, explica que em Caxias do Sul R$ 613,8 milhões estarão sendo inseridos na economia do município até o final do ano. O valor se torna um incremento para toda a região. “A entrada desse novo dinheiro faz com que a economia, de uma maneira geral, se aqueça. Como já é característico, uma parte desse valor será utilizada para dívidas que estão em atraso, a outra vai para o consumo imediato, além daqueles mais precavidos, que aproveitam para saudar os compromissos do início do ano, como IPTU e IPVA. O impacto direto da entrada desse novo dinheiro é que a economia ganha um ‘gap’, ou seja, dá um salto”, avalia Ness, que é mestre em Economia.

Atualmente, o salário mínimo brasileiro é de R$ 954 e, para o próximo ano, deve aumentar cerca de 5%, passando R$ 1.006. Se aprovado, o reajuste começará a valer em janeiro, com pagamento a partir de fevereiro.

 

Impacto positivo, mas de curto prazo

Além das inúmeras possibilidades que o 13º salário leva para a casa dos brasileiros, existe ainda a expectativa de ver a economia voltar a crescer. Para o economista Mosar Leandro Ness, o extra no bolso dos trabalhadores aquece o comércio, mas tem um impacto de curto prazo. “Muitos se perguntam por que a economia não cresce mais, afinal, no ano passado o 13º salário teve um impacto de quase R$ 45 bilhões no país, o que ajudou a reaquecer o mercado. Contudo, o que faz a economia crescer são os investimentos, são eles que transformam o cenário, porque se desloca uma capacidade de produção, com compra de máquinas, de pavilhões, contratação de mão de obra, e assim por diante. O investimento tem um efeito de longo prazo, já o consumo, movimentado pelo 13º, tem um impacto positivo, mas que se dilui mais rápido, ou seja, é de curto prazo”, explica Ness.

Para o economista, as boas expectativas em investimentos para o próximo ano dependem diretamente de um cenário positivo. “Gastamos aquilo que conseguimos produzir, nada além disso. Quando você tem o incremento do 13º, se gasta um pouco mais, mas o consumo não será duradouro, vai ser apenas enquanto tiver o valor. Para que esse movimento se torne permanente, precisamos de um cenário positivo, aliado a novos investimentos, e isso vai fazer a economia crescer”, aponta.

 

Gastar ou guardar?

Muita gente fica ansiosa pelo pagamento do 13º salário. De acordo com a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), diferente do que ocorreu em 2017, no Natal de 2018 a compra de presentes aparece como o quarto destino para os recursos do 13º salário (18,4%). As prioridades entre os consumidores que recebem o dinheiro extra (52,2%), são o pagamento de contas do mês (48,3 %), a formação de poupança (34,3%) e o pagamento de contas em atraso (20,4%). “É um aspecto que demonstra certo amadurecimento e cautela do consumidor gaúcho. O ano de 2018 foi de bastante instabilidade, que começou com a greve dos caminhoneiros, e depois as eleições. A retomada da economia e da geração de empregos ainda é lenta, e os gaúchos parecem estar entendendo esse movimento”, considera Luiz Carlos Bohn, presidente da entidade.

O professor da UCS, Mosar Leandro Ness, concorda que a primeira opção deve ser a quitação de dívidas, além de opções em investimentos que podem ser mais lucrativos em longo prazo. “Para quem vai investir, dependendo do volume, a boa e velha caderneta de poupança é uma opção, além dos títulos de renda fixa. Outra possibilidade, a mais volátil, é entrar no mercado de renda variável e, por meio de uma corretora, adquirir algumas ações”, sugere. Depois disso, vale ‘se presentear’ pelo ano que está terminando. “Só trabalhar não vale a pena, então é importante se dar um presente, que poder ser uma festividade de final de ano, uma viagem com a família, enfim, algo que te faça bem”, indica o economista Ness.

 - Divulgação
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