Economia

1,8 milhão de pessoas visitaram Flores da Cunha através de eventos

Empresas comprometidas com feiras optaram por novos nichos em tempo de pandemia

2020 foi um ano atípico. Flores da Cunha, que sempre foi reconhecida e visitada devido aos seus eventos tradicionais, busca agora uma retomada nesse setor. E, se colocarmos na ponta do lápis, foram muitos eventos que trouxeram milhares de pessoas, dando voz e vez ao município que é reconhecido como o maior produtor de uvas do Brasil e que possui um forte potencial para o setor de móveis e confecções. 
Um levantamento realizado pela Terra do Galo Eventos mostra que mais de 1,8 milhão de pessoas já estiveram na cidade por causa dos eventos – de 1999 a 2020 –, entre eles Fenavindima, Feira de Inverno, Feira da Vindima, Mostra Flores, Expo Nacional de Transportes e o Galito Fest. 
O publicitário e diretor da Terra do Galo Eventos, Ricardo ‘Bacana’ Vignatti, destaca esse legado de Flores da Cunha e as movimentações, tanto de visitantes como econômicas. “A Feira de Inverno está com 31 anos de existência e a Mostra Flores, que uma vez chamava Feira da Vindima, também segue esse mesmo calendário. São dois eventos que representam muito na economia local e regional”, destaca Vignatti. 
Mas com a paralização em 2020 e o adiamento das feiras tradicionais, o presidente da Terra do Galo Eventos estima uma perda de aproximadamente R$ 3 milhões por evento. “Sem contar a mão de obra estimada em 300 pessoas que se envolvem diretamente com cada evento e mais de mil pessoas indiretamente. Todo mundo nesta área ficou bastante desassistido e precisou se reposicionar”, ressalta. 
E esse reposicionamento foi visto em 2020. Para manter o nome da tradicional Feira de Inverno vivo, a feira online foi uma alternativa. “O online é um ponto de partida para o próximo evento. A partir do momento que tivermos a liberação, ele parte da Feira de Inverno online para a presença física novamente. O online abriu novos caminhos, oportunizou negócios, mas claro que a presença física é insubstituível”, declara Vignatti.
A Mostra Flores, que seria neste mês de fevereiro e início de março foi cancelada, mas a Terra do Galo Eventos já trabalha para voltar com a Feira de Inverno em junho. “Já iniciamos o processo junto ao poder público de análises de rupturas, porque o momento atual sugere que haja uma readaptação. Queremos melhorar essa percepção do turista em referência a Flores da Cunha, fortalecer o expositor, porque entendemos que vai precisar de um fortalecimento muito grande de novas visões de mercado, entendimento de como vai encontrar o mercado, quais são as expectativas dele, que tipo de evento nós vamos entregar, que tipo de experiência a pessoa vai encontrar aqui na Feira. Isso tudo já tá sendo feitos estudos, já estamos em contato com a iniciativa privada, em contato com expositores, buscando capacitação de cursos e projetos, pra buscar justamente esse novo modelo”, revela.
‘Bacana’ também destaca que é possível retomar os eventos com a força que tinham antes, mas dois aspectos são importantes para isso: necessidade e ruptura. “A necessidade te leva a fazer o evento, porque a gente tem que voltar ao novo normal, e as feiras são um produto econômico, turístico e de lazer para a comunidade. Então isso não tem como abrir mão, as pessoas têm uma necessidade de sair. E a ruptura. Será uma força tarefa muito grande de todos. Entendemos que precisa ter um envolvimento maior de todo mundo e, havendo o interesse coletivo de todas as partes, os eventos voltam”, finaliza. 

Novos nichos

Nesse mesmo período, as empresas, os expositores que faziam feiras também tiveram que se reposicionar. Muitos buscaram outros mercados, outros nichos. Muitos buscaram vendas diretas e cresceram de uma forma que nunca imaginavam. É o caso da Moni Confecções, empresa familiar que começou em 1991 com Realda Scremin Zampieri e Abrelino Zampieri. “Nosso pilar principal sempre foram as feiras. Participávamos, em média, de 20 feiras por ano. E 2020 começou muito bem. Nas feiras de verão vendemos muito e ano passado seria um ano maravilhoso”, relata Mônica Zampieri, 35 anos, filha do casal que entrou nos negócios em 2011. 
Focados no ramo de casacos de lã e couros – implementado em 2018 – Mônica ressalta que 90% dos seus produtos eram destinados às feiras. “Com a chegada da pandemia precisávamos agir rápido. Todas as feiras foram canceladas e tínhamos que achar uma saída para isso, uma outra forma para as coisas acontecerem”, relembra. A ideia foi abrir um canal de vendas. Através de um e-commerce, a marca Moni conseguiu manter seu nome próximo dos clientes. 
Mônica então, que já tinha em mente fazer uma coleção mais leve, colocou a ideia em prática. “Precisávamos ter visibilidade na rua também, então pensamos em abrir lojas conceitos com as coleções mais leves, que mantem sempre o padrão Moni”, enfatiza. Outra mudança foi a inserção em feiras atacadistas com os casacos de lã. “Nos reestruturamos. Direcionamos os casacos para o atacado e montamos as lojas conceitos, que também terão os casacos à disposição”, revela. A primeira loja foi lançada em dezembro de 2020, na cidade sede da empresa, Flores da Cunha, e nos próximos meses a segunda loja já sairá do papel. “Tivemos uma aceitação muito boa. Muitas pessoas nos relatam que faltava isso em Flores da Cunha. Nossas peças visam trazer leveza para esse momento que estamos passando e nos reconectar com a natureza”. 
Além de todas essas novidades, a Moni não para por aí. Na coleção Outono/Inverno, a empresa trabalhará, pela primeira vez, com alfaiataria. “estamos sempre nos desafiando e assim vamos longe”, finaliza a empresária.

Mônica Zampieri já planeja sua segunda loja conceito.  - Gabriela Fiorio
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