Vitor Hugo Zenatto

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A triste realidade do legado olímpico brasileiro

No ano de 2016, o Brasil sediou a primeira olimpíada de sua história, tendo como cidade sede o Rio de Janeiro

No ano de 2016, o Brasil sediou a primeira olimpíada de sua história, tendo como cidade sede o Rio de Janeiro, para a qual foram canalizados investimentos importantes na época, resultando em estruturas de alto custo, atualmente ociosas e depreciadas. 
Conforme apurou o TCU (Tribunal de Contas da União) na época, após o evento, o total de gastos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro foi de R$ 43,75 bilhões, sendo R$ 22,23 bilhões (50,81% do total gasto) referentes a recursos privados e outros R$ 21,52 bilhões (49,19% do total gasto) públicos, isso em números do ano de 2017.
Tal dificuldade econômica posterior para os que sediam jogos olímpicos não carece de exemplos e avisos prévios para a cautela, visto que no caso do Canadá, quando da Olimpíada de Montreal em 1976, teve de encarar a maior ressaca Olímpica da história e uma conta que, na época, parecia impagável. Orçado em 120 milhões de dólares, o evento acabou custando incríveis 1,6 bilhão de dólares (o valor atual, considerando a inflação, seria de 7,3 bilhões de dólares).
Quando nos deparamos com tais cifras, é inevitável perguntar se, no caso do Brasil, tal volume de recursos, se canalizado para o desenvolvimento de esportes de forma mais universalizada não geraria, por certo, resultados surpreendentes, quando se tem, costumeiramente, dificuldades para o desenvolvimento de tais atividades por escassez de recursos abaixo de R$ 10 mil para comunidades inteiras.

A intensidade e a diversidade do futebol da Inglaterra 

Apesar de a Inglaterra só haver conquistado um título mundial com a sua seleção, na Copa de 1966, enquanto o Brasil ter ganho cinco vezes, sempre que se trata de futebol, sua organização, viabilidade econômica e exemplos disso a serem seguidos, o futebol inglês tem muito para ensinar.
Dos dez clubes mais ricos do planeta, seis são ingleses (Manchester City, Liverpool, Manchester United, Chelsea, Tottenham e Arsenal), o que explica a valorização das suas competições e o alto valor agregado aos direitos de imagem nas transmissões e captação de patrocínios em decorrência da alta exposição.
Além dos grandes clubes que integram a Champions League, a estrutura do futebol inglês abriga e valoriza outras seis divisões do futebol profissional: Premier League, com 20 clubes; Segunda Divisão Inglesa (Championship), com 21 clubes; Terceira Divisão Inglesa (League One), com 24 clubes; Quarta Divisão Inglesa (League Two), com 24 clubes; Quinta Divisão Inglesa (National League), com 24 clubes; e, a Sexta Divisão Inglesa (National League North e National League South), com 44 clubes, num total de 157 clubes.
Todas as divisões, nas suas devidas categorias, usufruem de direitos de imagem compatíveis e auxílio da federação local, o que permite que, mesmo os clubes menores, de menor expressão, consigam desenvolver com qualidade seus departamentos de futebol, sendo alguns desses, agremiações centenárias e com grande apelo para as comunidades a que pertencem.
A realidade brasileira mostra 795 clubes profissionais de futebol no Brasil (dados de 2022 da CBF) – sendo que esses números variam de ano para ano, de forma inevitável, pois pequenas agremiações surgem no cenário do futebol enquanto outras desaparecem, principalmente por motivos econômicos de manutenção de atividades profissionais do esporte. Esse número expressivo de clubes, no entanto, disputa vagas em apenas quatro divisões do futebol brasileiro (A, B, C e D), com 20 clubes nas três primeiras e 68 clubes na série D – total de 128 clubes – sendo que os demais, os sem divisão, não tem acesso a direito de imagem, exceto em campeonatos estaduais e regionais, com valores muito reduzidos, com atividade somente em uma parte do ano, o que praticamente impede a formação de equipes permanentes, apenas provisórias, para cada competição.
Na divisão por estados, chama a atenção que o Rio Grande do Sul tem menos clubes profissionais apenas em relação a São Paulo, sendo 41 clubes gaúchos e 66 clubes paulistas.