Rouglan Uliana

Rouglan Uliana

Ensaio Político

"É estudante de Bacharel em Ciência Política pela Uninter e membro do Students For Liberty Brasil. Trabalha como produtor de eventos e comerciante. É engajado na causa política".

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Desarmonia

Na segunda-feira, dia 7, os vereadores voltaram para a primeira sessão do ano. Confesso que nem parecia a mesma Câmara

Na segunda-feira, dia 7, os vereadores voltaram para a primeira sessão do ano. Confesso que nem parecia a mesma Câmara, algo me causava estranheza no início, pois como um bom míope não avistei os cabelos do vereador Angelo Boscari Junior (PDT) na cadeira da presidência, então ocupada pelo vereador e ex-presidente do Legislativo Clodo Rigo (Progressistas). Mas o que mais estranhava não era a ausência de cabelo do vereador Angelo, mas sim o clima. 
O vereador Clodo, no ano em que comandou o Legislativo, sempre finalizava a sessão com uma saudação religiosa Franciscana: ‘Paz e Bem’, e na segunda-feira estava como presidente devido ao vereador Angelo estar cumprindo isolamento. 
Porém, o clima na Casa Legislativa não anda de muita ‘paz’ e nem muito ‘bem’. Teve até um ex-ocupante de uma cadeira que, descontente com os vereadores, apelidou o Legislativo de “Câmara dos Lordes”, em alusão ao parlamento do Reino Unido onde a maioria dos membros são indicados pela coroa britânica, e sem oposição. Mas este clima de Câmara unânime parece ser coisa do passado. 
Segundo um dos meus mensageiros, o clima entre algumas bancadas e setores da Câmara não anda bem e há pouco diálogo. Inclusive tem assessor que oferece ajuda às bancadas para que as mesmas não criem uma espécie de vínculos com as demais siglas. Por dentro de quatro paredes ronda o silêncio, mas a “rádio corredor” repercute alto, inclusive dentro do Executivo. 

Gabinete

Um assunto também falado nos bastidores é sobre o vice-prefeito Márcio Rech (Republicanos), que esteve como prefeito em exercício até o último dia 10 de fevereiro. O vice-prefeito, digamos que foi “isolado” do prédio do centro administrativo, tendo seu gabinete temporário na Casa da Cultura. Procurado pela coluna, Rech diz que o motivo se dá em função das obras no centro administrativo e que mesmo com o gabinete afastado ele passa cerca de 80% do tempo no gabinete do prefeito. E por falar no partido do vice-prefeito, o Republicanos, membros dos partidos de oposição dizem que é muito injusto a pouca participação que a sigla tem no governo e que mereceriam mais espaço, até mesmo pela atuação na campanha eleitoral. 

MDB

O primeiro vereador do MDB a se pronunciar no grande expediente, Vitório Dalcero, já iniciou a fala tocando no assunto da ausência dos vereadores do partido na votação. “O nosso não comparecimento foi importante, pois efetivamente trouxe a comunidade para o debate do assunto, o qual passou a ser pauta da mídia e das redes sociais, e somente depois disso a comunidade passou a analisar e se expressar mais sobre a questão. Não foi confortável da nossa parte tomar esta atitude, mas precisávamos fazer isso, atender a forte pressão da comunidade que não quer que os cofres públicos sejam onerados com tantos cargos, muitos deles para atender interesses partidários”. Vitório ainda destacou que não é ativo nas redes sociais, mas que recebeu muitas manifestações positivas perante a conduta adotada, e destacou que o município, por ser pequeno, já possui cerca de 60 CCs - para comparar, Caxias do Sul tem mais de 120 cargos comissionados. 

Jurássicos

O vereador Luizzão (Republicanos) chegou a trocar o assunto do grande expediente logo após as falas do vereador Vitório. No início já questionou: “Se não fosse pela ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que extinguiu esses cargos, gostaria de saber se o prefeito Lídio (MDB) iria extinguir por vontade própria estes cargos? Essa é uma pergunta que eu faço para todos os moradores”. Sobre a criação de cargos, Luizzão lembrou que a proposta era repor 26 dos 32 cargos extintos, e que pareceu que o atual governo estaria criando algo “estrambólico”, e ainda criticou os vereadores de oposição, que segundo o edil, falavam que não fariam uma política antiga, porém o que estava vendo era uma política “jurássica”. Ainda no embate, declarou que a oposição joga para a torcida: “Eu garanto que se fosse na gestão do MDB, o projeto ia vim igualzinho, o Dalbó iria fazer o projeto e vocês iam estar aqui defendendo ele com unhas e dentes... Quando nos deparamos com projetos deste tipo, aí a gente vê quem é quem”.

Resposta 
O vereador Guga rebateu as falas do vereador Luizzão, do Republicanos. “Eu nunca vi um processo destes vir em extraordinária e em recesso, e não se esqueçam que o partido de vocês fazia parte da administração passada, inclusive com cargos”. Guga ainda abordou sobre algumas manifestações de ataque ao MDB nas redes sociais, onde foram chamados de inexperientes e covardes. “O MDB administrou por muitas oportunidades o município antes de 2021, então eu acho que inexperiência, neste momento, não é a palavra certa”.

Cadeiras
Ao fim da sessão, o vereador Clodo, em tom de brincadeira, questionou se o vereador Horácio Rech (PSB) iria trocar de lado das cadeiras no Legislativo. Já é tradição que oposição ocupe um lado e situação ocupe o outro. O questionamento foi devido ao fato de Horácio ter sido oposição ao governo e não ter participado da votação dos CCs.

Vice-prefeito
Ocupante do cargo de prefeito em exercício, até o dia 10, o vice-prefeito Márcio Rech esteve presente na primeira sessão do ano no Legislativo, o que já é uma tradição. Márcio dirigiu a palavra aos vereadores de oposição, afinal os dias não tem sido muito fáceis para o governo em virtude do polêmico projeto da criação dos CCs que foi retirado de votação, onde frisou que era muito bom ver a Câmara “quase completa”. Na explanação, também citou alguns projetos realizados e outros que serão implantados, entre eles a Guarda Municipal, que possibilitará o monitoramento das câmeras de segurança; o Núcleo de Extensão Escolar; o alargamento das estradas do interior; e as melhorias no atendimento virtual aos munícipes, principalmente o protocolo on-line, abordando inúmeras áreas. “A prioridade deve ser todas as áreas. Quando se pensa em uma gestão equilibrada, o investimento no turismo pode trazer mais arrecadação, que depois pode ser reinvestido na educação e na saúde. Uma gestão bem feita é aquela que não prioriza nada, mas ao mesmo tempo prioriza tudo, pois todo investimento reflete em algum organismo da nossa sociedade”. Rech ainda deu destaque dizendo que algumas pessoas estavam acostumadas com privilégios, e que alguns benesses estão sendo cortados, pois beneficiavam poucas pessoas e não o coletivo.