Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Venda e doação

Em julho de 1998 ocorreu a maior privatização da história do Brasil.

Venda e doação
Em julho de 1998 ocorreu a maior privatização da história do Brasil. A Telebras (Telecomunicações Brasileiras S/A) foi para a iniciativa privada por R$ 22 bilhões. Grandes órgãos da imprensa, a maioria associados no empreendimento, anunciaram com alegria que o preço foi superior a avaliação inicial em 63%. Em outras palavras, a avaliação tinha sido de pouco mais de R$ 13 bilhões. Semanas depois apareceram gravações telefônicas que mostraram o esquema fraudulento. Caíram ministros, diretores de estatais, etc. Mas como sempre acontecia na época que ‘não existia corrupção’, ninguém foi condenado ou preso. O valor recebido corrigido pelo INPC, o índice oficial da inflação, resulta em R$ 74 bilhões em valores de hoje. Por que essa conta? Porque na véspera do Natal passado fizeram uma lei para dar um presentinho às operadoras de telefonia que nenhum Papai Noel teria coragem, ao menos num país decente. O valor do benefício é de R$ 100 bilhões.

Rapidez
Sob o nome discreto de ‘Nova Lei das Teles’, o Senado discutiu numa única comissão e enviou para sanção presidencial, sem passar pelo plenário. O projeto chegou à secretaria do Senado no dia 30 de novembro e foi votado e aprovado em 6 de dezembro de 2016. Em cinco dias úteis foi aprovado e encaminhado ao presidente. Quem disse que não há políticos dedicados? Essa lei dá posse definitiva às empresas dos bens que deviam voltar para o Brasil. Não bastasse o presentinho, incluíram na lei a anistia das multas por não cumprirem as metas que constavam na lei das privatizações. Compraram barato, não cumpriram o prometido, não serão punidos, e receberão um presentinho de R$ 100 bilhões. Um pouco menos que o déficit da Previdência.

Mentira
A gangue que pretende assaltar o patrimônio é formada por um obscuro senador, o chefe da Casa Civil, a mesa diretora do Senado e da Câmara dos Deputados, o ministro das Comunicações e o presidente da Anatel. O projeto só não foi aprovado ainda porque alguns senadores, resistindo à pressão dos colegas, entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal. A justificativa para tal projeto é de fazer o ‘nariz de Pinóquio’ se transformar numa máquina de salsicha. São equipamentos sucateados que não tem utilidade. Quer dizer que os prédios e as redes de linhas, fibras óticas, etc., não servem mais? Tudo bem, então devolvam e para que os verdadeiros donos decidam o que fazer. O que aconteceu, na verdade, é que muito desses ‘bens inúteis’ foram vendidos de forma ilegal e agora necessitam mudar a lei. Para isso nada melhor que uma boa gorjeta aos amigos de sempre para fazer uma lei camarada. Tudo sem corrupção, lógico. E o problema do Brasil são os aposentados. Deu para entender? 

Contador
Pergunta para enlouquecer contabilista. O distinto cavalheiro chega com uma dúvida: “Sou empreiteiro, comprei dois deputados e um senador e os revendi com lucro. Como devo declarar?”. Resposta: “Não declara, faz uma delação premiada”...