Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Vacina

Estudo realizado pela PUC, de São Paulo, mostra que, entre 1940 e 1998, a expectativa de vida aumentou cerca de 30 anos principalmente pelo uso de vacinas

Finalmente chegou minha vez. É sabido que muitos não acreditam nesse tipo de tratamento e não irão se vacinar. Ao mesmo tempo, outros vão agradecer por essa decisão, porque sobrará vacina para quem acredita na ciência. Apesar de todas as evidências dos benefícios, muitos preferem acreditar nos “depoimentos” das redes digitais. Estudo realizado pela PUC, de São Paulo, mostra que, entre 1940 e 1998, a expectativa de vida aumentou cerca de 30 anos principalmente pelo uso de vacinas. Antes que alguém comece a politizar e tentar desacreditar o estudo e/ou o colunista, peço calma. O estudo é de 2017, quando o arroz era barato e a terra era redonda. Como dizem que “ninguém é obrigado a se vacinar”, os fatos mostram que é uma atitude pouco inteligente e muito egoísta, uma vez que além de não se protegerem expõem os demais ao risco. Os países que estão com estoques de vacinas estudam uma forma de enviá-las para outros países, porque entendem que todos estarão seguros somente quando todos estiverem vacinados. Mas alguns ainda acreditam que vamos virar jacaré e outras maluquices. Paciência. 

Nota dez
Mas como eu dizia, chegou a minha hora de vacinar. Fiquei surpreendido positivamente com a organização. Tudo controlado, sem tumulto, apenas uma rua bloqueada e as filas organizadas. Nota 10. Também é preciso citar os voluntários. Como é bonito e emocionante ver tantas pessoas abrindo mão do seu dia de descanso, se expondo ao risco para ajudar na campanha de vacinação. Gestos como esses valem mais que algumas orações. Como ponto negativo, chamou a atenção os poucos donativos. Não é uma obrigação, mas foi divulgado que uma entidade estaria recolhendo para distribuir aos mais necessitados. Imaginem, por um momento, que a vacina não estivesse disponível gratuitamente, mas que fosse vendida para quem quisesse ou pudesse pagar. Quanto valeria? Parte da resposta foi dada por um grupo de pessoas que pagaram R$ 600 para receber uma vacina falsa. Foi com essas questões que entregamos dois ranchos simples como agradecimento pela vacinação de duas pessoas. Observei que os voluntários ficaram surpresos com o volume de alimentos.

Reflexão
Será que a divulgação não foi suficiente? Ou talvez a falta de condições da maioria das pessoas? Pode ter sido simples esquecimento. Se esse for o caso, ainda dá tempo de se redimir e fazer uma doação. Me recuso a acreditar na falta de sensibilidade do nosso povo. O pedido era de apenas um quilo de alimento não perecível. Um valor ínfimo em relação aos benefícios da vacina. Sei que vivemos um momento de assimetria entre direitos e deveres. Todos conhecem, brigam e fazem valer seus direitos. Porém, poucos têm a mesma abrangência quando se trata dos deveres. Não se trata de obrigação em doar algo em troca da vacina, também não se trata de julgar quem não o fez. Trata-se apenas de uma reflexão sobre a solidariedade que deve existir nesse momento. É uma oportunidade para os que foram beneficiados, e por óbvio, se estiverem em condições de ajudar, fazer um gesto solidário para aliviar o sofrimento dos que têm poucos recursos. Bem como, para aqueles que ainda não foram contemplados com a vacina, para que tenham condições de subsistir até lá. Um apelo aos próximos a se vacinarem: façam uma doação. Um pequeno gesto pode ser uma grande ajuda. O mundo agradece.