Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Turcos

Nos últimos dias, a bolsa derreteu feito asfalto eleitoreiro na chuva.

Turcos
A preocupação do momento é a crise na Turquia e seus efeitos pelo resto do mundo. Problemas econômicos no país oriental afetam algumas das economias do mundo, principalmente as mais frágeis. Nos últimos dias, a bolsa derreteu feito asfalto eleitoreiro na chuva. O real desvalorizou, ou como nos acostumamos a dizer, o dólar subiu. Acontece que a moeda turca denominada lira desvalorizou 40% no ano, com quedas fortes de 18% num único dia. Isso ocorre porque o governo insiste em desafiar a necessidade de combater a inflação que está em 16% ao ano. Essa ingerência política cria fortes preocupações, principalmente num país que possui grande dívida externa e déficits constantes em conta corrente. Essa preocupação se transforma em reações na proteção do capital, que reage saindo do país ou apostando contra a moeda local. O resultado é o mesmo: a desvalorização da moeda e a inflação importada.

Política
Não bastassem os problemas econômicos, a Turquia enfrenta questões políticas. Não sei como conseguiram se atritar com o presidente americano que, todos sabem, é uma pessoa cordata e de boa paz. Na semana passada, as autoridades americanas fizeram o que sabem fazer melhor: dobraram as taxas de importação do alumínio e do aço originado daquele país. Nesta semana, a Turquia reagiu e anunciou um aumento nas tarifas de importações americanas, principalmente carros e bebidas, que dobraram o imposto. Os efeitos disso já são conhecidos.

Emergentes
Um ditado antigo diz que, na briga entre o mar e o rochedo, quem mais sofre é o marisco. É o que tem acontecido com os países emergentes (que nunca conseguem emergir de verdade). A notícia de que o Banco Central Europeu estaria preocupado com a exposição dos bancos ao país, acendeu uma luz de alerta, pois a Turquia tem o maior déficit corrente dos países do G-20. A aversão ao risco afetou várias economias, a moeda sul-africana e o rublo russo perderam 8% do valor em relação ao dólar. O Peso argentino perdeu 35% do valor entre abril e junho. Se formos colocar na análise um empréstimo de US$ 50 bilhões do FMI, a situação fica ainda mais preocupante.

Brasil
Como consequência da crise turca, o Brasil tem sofrido com a desvalorização do real e os reflexos se fazem sentir nos contratos de juros futuros que têm aumentado fazendo o mercado apontar um aumento da taxa básica de juros antes do final do ano. O nosso volume de reservas internacionais pode se constituir num amortecedor para essa turbulência. Quem imaginaria que uma crise num pequeno país poderia tumultuar as economias em todo o mundo. Essa é a globalização, onde tudo está interligado. Foi-se o tempo em que turco era somente o mascate estrangeiro que visitava os interiores e a única crise que poderia acontecer era a falta de algum produto.