Na maioria das vezes seu uso justifica a sonegação fiscal que enriqueceu boa parte deles.

Tributos
Perguntem a qualquer pessoa sobre a carga tributária brasileira. Basta que ela assista a um telejornal ou leia uma revista semanal e a resposta será o padrão classe média: é uma das mais altas do mundo. Essa expressão se transformou num mantra repetido por entidades empresariais, alguns economistas e parcela da classe média. Na maioria das vezes seu uso justifica a sonegação fiscal que enriqueceu boa parte deles. Perguntem as mesmas pessoas o que representa a desoneração fiscal e ficarão sem resposta. As renúncias fiscais foram uma tentativa das autoridades de seguir a fórmula ditada por muitos e seguida por poucos: baixar o tributo e arrecadar mais por meio do aumento do consumo. Não funcionou. No ano passado a desoneração fiscal custou R$ 100 bilhões segundo cálculos realizados pelos auditores fiscais da Receita Federal. Alguns chamam essas medidas do governo como ‘Bolsa Empresa’, benesses dadas para alguns setores em troca de aumento no nível de emprego. Se comparado com outros programas, o valor do ano passado custearia o Bolsa Família por quatro anos.

PIB
Os economistas são mais pragmáticos. O valor da ‘Bolsa Empresa’ equivale a 1,8% do PIB, muito acima do sonhado e perseguido superávit primário de 1,2% do PIB. Pelo visto não resultou em crescimento econômico nos setores prestigiados. A redução de tributos incidiu basicamente sobre a folha de pagamento e teve importância na manutenção dos níveis de emprego e atividade nesses setores. Porém, era uma medida paliativa na espera da recuperação econômica mundial, algo que todos acreditavam e que ainda não aconteceu. Como consequência natural os benefícios são cancelados na tentativa de equilibrar as contas.

Prosperar
Juro subsidiado pode, Bolsa Família não pode. As entidades sempre tão ciosas em defender seus interesses devem concordar com os cortes dos benefícios, pois várias vezes se manifestaram contrárias aos benefícios sociais. O espírito do capitalismo está em permitir que todos prosperem sem ajuda. Adam Smith no livro A Riqueza das Nações trouxe o exemplo famoso do padeiro, onde dizia que este não fazia pão por amor aos outros, mas devido ao seu próprio interesse e porque essa é a forma de prosperar. Nas suas próprias palavras, “não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse”.

Corrupção
O corrupto declarou na CPI que a origem é o financiamento de campanha por parte das empresas. O STF votou contra (6 x 1). O Senado votou contra. Porém, os deputados comandados pelo partido mais fisiologista da história da República insiste em permitir. Quem se preocupa mesmo com a corrupção? Por que esse assunto não aparece na manifestação?