Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Transformando

Os economistas ainda não encontraram uma solução de controlar a inflação sem que isso resulte numa recessão.

Transformando
A economia brasileira está num momento muito ruim. Disso não há dúvida. A estratégia aplicada pelas autoridades econômicas nos últimos dois anos foi de incentivar alguns setores aguardando uma melhora do cenário externo. Como isso não aconteceu, os ajustes se fizeram necessários. Infelizmente não são medidas agradáveis. Os economistas ainda não encontraram uma solução de controlar a inflação sem que isso resulte numa recessão. Porém, as manchetes da grande imprensa conseguem transformar qualquer notícia em péssima notícia. Exemplo disso é a manchete: “Prévia da inflação oficial tem a maior taxa para julho desde 2008”. Logo abaixo o texto diz: “IPCA-15 passou de 0,99% em Junho para 0,59% em julho”. Lendo a matéria fico sabendo que a prévia da inflação oficial perdeu força. E que a taxa é a menor do ano. Por que então a manchete não foi: “A menor inflação do ano”? Ou então: “Inflação perde força”?

Referências
Na prática constante de semear pessimismo vale tudo. Dependendo da informação é utilizado um comparativo; num momento é a pior taxa para o mês em determinado período, no outro momento é a pior taxa acumulada. Exemplo disso: a taxa de desemprego em maio foi de 6,7%, segundo uma manchete foi a maior para um mês de maio em cinco anos. Poderiam dizer que está na média dos últimos 10 anos ou no mesmo nível do cenário internacional, mas isso não criaria o pessimismo que tanto desejam. Vejamos: no Reino Unido a taxa é de 5,6%, nos Estados Unidos é de 5,5%, na Zona do Euro é de 11,1%, na Itália é de 12,4%, na Finlândia é de 10,3%. Na Austrália, atualmente considerado o sonho de muitos, a taxa de desemprego foi um pouco menor do que a do Brasil: 6%.

Jovens
Segundo a manchete de outro jornal, “O desemprego cresceu de 12% para 16% entre os jovens”. Isso é bom? Lógico que não. Mas é ruim? Nesse caso precisamos analisar com um pouco mais de profundidade, para isso é preciso ler um pouco mais que a manchete. Quem são os jovens e o que buscam? Todos querem trabalhar ou a maior parte prefere estudar? E como é a comparação do Brasil com outros países. Quando olhamos sob esse aspecto notamos que a catástrofe está somente na manchete. Tomando a mesma referência em termos de idade e no período analisado temos que a Espanha está com 50%, Portugal com 33,3%, Finlândia com 36,3% e na Zona do Euro o índice chega a 20,7%. E o Brasil tem catastróficos 16%!

Cenários
Não podemos disfarçar a realidade. O cenário é difícil e de forma mais acentuada para alguns setores, principalmente os que receberam incentivos nos últimos anos, como o automobilístico e a construção civil. Para a economia em geral a expectativa é de alguma reação próximo ao final do ano, porém, na maioria dos setores a situação deverá melhorar um pouco no próximo ano.