Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Suruba tributária

As investigações apontam para desvios em 74 processos que somam R$ 19 bilhões.

Suruba tributária
Depois que o ex-ministro da Transparência, destituído do cargo por denúncias de corrupção, e o atual líder do governo no Congresso usou a expressão suruba, parece que, além do uso do termo, liberaram a prática em vários setores. Comentei alguns dias atrás sobre a operação Zelotes. As investigações se iniciaram em 2013 e até o momento não havia novidades. Nem condução coercitiva, nem grandes manchetes. Esta semana indiciaram o ex-presidente pela edição de uma Medida Provisória. Virou notícia. Porém, a origem da operação é investigar empresas que compravam sentenças favoráveis pagando propina para os membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para que manipulassem o resultado do julgamento. Esse órgão tem sob sua responsabilidade processos que somam R$ 580 bilhões. As investigações apontam para desvios em 74 processos que somam R$ 19 bilhões. A polícia já confirmou prejuízos de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, o equivalente a três vezes o que foi apurado até o momento na operação Lava Jato (espécie de medida padrão de corrupção). Estão envolvidas grandes empresas de vários setores, inclusive de comunicação, o que explica muita coisa. E um partido autodenominado de popular. Que não quer dizer nada. Entre escritórios, políticos e o montante de propina são de R$ 248 milhões, sem grandes manchetes. Por que será? 

Benesses
Mas a orgia tributária continua. Para aprovar as alterações na aposentadoria o governo federal se esmera em doar recursos para setores escolhidos. Um deles é o setor rural. A bancada ruralista pressiona para o perdão da dívida de R$ 10 bilhões ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). O detalhe é que muitas empresas deixaram de recolher com base em ações na Justiça. Pois a ação foi julgada e o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou e determinou o pagamento. O que agora pode ser revertido para a obtenção de votos. Mas isso não é escândalo quando não interessa. 

Prefeitos
Nesta semana aconteceu a Marcha para Brasília, onde os prefeitos vão passar o pires para obter algum recurso. Como não podia deixar de ser, foi decretado o Refis municipal, onde 600 cidades poderão renegociar uma dívida de R$ 100 bilhões. Quem adivinha a quem estão devendo? Para ela mesma: a quebrada Previdência Social, onde o problema é o aposentado. Acrescentemos a isso a possibilidade dos Estados para renegociar com o BNDES no total de R$ 25 bilhões – e temos mais votos contra a aposentadoria. 

Saldo
No saldo ficam vários acordos com sonegadores para aprovar a reforma da Previdência. Uma espécie de ‘bolsa sonegador’, onde constam Super Refis, perdão a ruralistas, perdão a Estados e municípios e o total vai a R$ 160 bilhões. Tudo isso, segundo eles, para resolver o problema da Previdência, onde, segundo os autores, 70% dos beneficiários ganham um salário mínimo. Acredita quem quiser.