Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Sinais

A queda das taxas de juros no mundo é uma tentativa de recuperar a economia que já estava estagnada e só piorou com a pandemia

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros em 2%. A decisão está alinhada com a maioria das políticas econômicas dos demais países do mundo. A queda das taxas de juros no mundo é uma tentativa de recuperar a economia que já estava estagnada e só piorou com a pandemia.  Nos últimos 20 anos, a taxa de juros do FMI oscilou de uma média de 12,68%, para o ano de 2001, para uma média de 0,46% neste início de 2021. Essa queda de taxa mundial fez com que a própria instituição alterasse a metodologia de cálculo estabelecendo um piso mínimo de 0,05% semanais, devido às baixas taxas mundiais. 

Juros
Essa redução nas taxas de juros nominais faz com que as taxas de juros reais (descontado a inflação) sejam negativas. No ano que passou, a Selic média foi de 2,77% e a inflação foi de 4,25%. A pergunta que muitos fazem é: até quando teremos a taxa nesses níveis? Os principais agentes econômicos e financeiros que atuam no país estão projetando que a partir da próxima reunião as taxas começarão a subir. Alguns sinais apontam para isso: a aceleração da inflação e o crescimento da dívida pública interna que deverá ser rolada esse ano. O valor que vence este ano é de R$ 1,4 trilhão, isso equivale a 18,5% do PIB brasileiro. Deve ser acrescido nas preocupações o encurtamento do prazo da dívida. O prazo médio que era de 4,8 anos caiu para 3,4 anos. No início de 2019, aproximadamente 15% da dívida vencia em 12 meses, agora o percentual subiu para 27,6%. 

Dificuldades
Um relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IFF) aponta que, entre os emergentes, o Brasil é o que terá maiores dificuldades no ano de 2021. A entidade que reúne 450 bancos e instituições financeiras de 40 países revela que o país está numa combinação arriscada, onde as autoridades falam em cortar gastos e o volume recorde de vencimentos neste ano. A manutenção do teto dos gastos pode exigir a reversão dos gastos emergenciais o que afetaria ainda mais a frágil situação das classes mais desfavorecidas. 

Mudanças?
Uma das saídas seria a efetivação de medidas de impacto fiscal que permitissem o equilíbrio das contas e a manutenção do auxílio emergencial, porém, especialistas tributários não vislumbram essas alternativas como prioritárias, ao menos no curto prazo. Mesmo com a vitória do “centrão” para o comando das duas casas legislativas, o que, teoricamente facilitará a aprovação de projetos do E xecutivo, não parece serem essas as questões mais urgentes. Em reunião com os presidentes da Câmara e do Senado, esse assunto não estava entre as principais pautas. De acordo com as agências de notícias, as prioridades são a privatização da Eletrobrás, partilha de petróleo e gás, a ampliação da posse e comercialização de armas de fogo, entre outros. Medidas para reativar a economia aparentemente ficarão para outra oportunidade.