Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Símbolos

Se fosse escolher hoje um símbolo para a pandemia, seria o papel higiênico

Se fosse escolher hoje um símbolo para a pandemia, seria o papel higiênico. E não seria pelos discursos feitos recentemente, não. Fosse escolher uma imagem seriam as fotos das pessoas e seus carrinhos abarrotados do produto. Se um extraterrestre chegasse na terra alguns dias atrás, provavelmente pensaria que é um item de primeira necessidade para combater a doença. Mas depois de saber sua utilidade, provavelmente perguntaria: a doença causa diarreia? Depois de saber que não, provavelmente ficaria ainda mais confuso e talvez perguntaria se é usado para aplicar algum remédio que prevenisse ou amenizasse os sintomas da doença. Talvez a maneira mais fácil de explicar estaria numa charge que vi e não lembro onde. Nela estão dois dinossauros. O primeiro diz: veja, um meteorito se aproxima da terra. O segundo responde: corre, vamos comprar papel higiênico. Uma atitude totalmente sem sentido. 

Três pacotes
A internet tem inúmeras cenas bizarras de pessoas brigando, não por alimentos ou algo de primeira necessidade, mas por papel higiênico. Comprar mais detergente, sabão, álcool gel. É compreensível. Mas papel higiênico não tem sentido. Até porque ele tem vários substitutos, que vão desde o jornal velho até o sabugo de milho. Sem falar na água. Tentei descobrir a origem de tamanha ansiedade por estocar tal item, uma vez que não é produto de primeira necessidade. Não há razão para isso. Não aconteceu na China, origem do tal vírus. Aconteceu em outros lugares do mundo, mas ninguém consegue explicar, talvez seja o vírus “coronabesta” que está imbecilizando a população. A declaração da ignorância de alguns pode ser o cartaz do supermercado limitando a aquisição de três pacotes por pessoa. E são pacotes de 18 rolos do papel. 

Os outros
Nesse momento todos viram infectologistas, cientistas, médicos e outros entendidos do “penico digital”. Surgem movimentos coordenados, primeiro negando a existência da pandemia e em seguida tentam desacreditar as verdadeiras autoridades no assunto que são os cientistas. Nesse caldeirão tóxico se juntam políticos, empresários, “falsos pastores e bispos”, “idiotas das redes sociais” e outros seres peçonhentos. As palavras repetidas é dizer que é exagero, a população está sendo enganada, os meios de comunicação estão exagerando. O inimigo são os outros. Culpado são aqueles que não construíram hospitais, não fizeram isso ou aquilo. Manobras diversionistas para a claque ignara que sai repetindo sem pensar essas bobagens. Em meio à confusão ninguém questiona o fim do programa Mais Médicos que nesse momento poderia servir de prevenção, ou então, a redução de verbas do SUS, que está com o mesmo orçamento de 2018, mesmo com a entrada extra de três milhões de usuários que cancelaram seus planos de saúde. 

Economia
Freud já dizia que o homem não é tão bom quanto parece em tempos de paz e nem tão mau em momentos de guerra. Alguns começam a mostrar a verdadeira face. Forçando que a economia volte a funcionar de qualquer forma, afinal, serão “somente” 6.000 mortes disse um empresário famoso. A crise mostra a essência de algumas pessoas. Para refletir: Quem da nossa família deveria morrer para a economia voltar a funcionar?