Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Significado

Segundo os economistas, a recessão é a principal responsável pela contenção dos preços e seguirá fazendo esse papel em 2017.

Indicadores
Os primeiros indicadores de 2017 mostram que a política recessiva tem dado resultados. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,29% em 2016, segundo anunciou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso ficou dentro do intervalo do sistema de metas da inflação, cujo teto era de 6,5%. O IPCA mede a inflação para as famílias com rendimentos mensais entre 1 e 40 salários mínimos  que vivem nas 11 maiores regiões metropolitanas do país. Pode parecer uma boa notícia, mas não é. A inflação para os pobres, assim caracterizados aqueles que ganham entre 1 e 5 salários mínimos, foi maior, atingindo 6,58%. Contribuiu para isso o aumento de 9,15% no grupo dos alimentos. 

Significado
Segundo os economistas, a recessão é a principal responsável pela contenção dos preços e seguirá fazendo esse papel em 2017. Isso significa que a qualidade da vida da população melhorou? Pelo contrário, significa que o combate a inflação com a fórmula que vem sendo aplicada necessita de retração econômica com seus resultados colaterais (redução de salário, desemprego, etc.) e que isso deverá continuar neste ano. Em outras palavras, o povo continuará pagando a conta. Não haverá manifestações promovidas por entidades empresariais ou os movimentos que se dizem independentes, pois eles entendem que esse é o certo a fazer. Não há motivos para comemoração, basta ver os primeiros índices do ano. O Índice-Geral de Preços (IGP) medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nos primeiros 10 dias, que havia registrado 0,2% no mês passado, neste registrou 0,86% e ainda deverá incorporar ao longo do mês o aumento do óleo diesel. 

Expectativa
Como foi escrito neste espaço muitas vezes, não há solução rápida para a crise econômica – que não é exclusiva do Brasil. Só está decepcionado quem esperava uma solução rápida. Isso não existe apesar da expectativa criada de que a mudança era fácil. O Banco Mundial divulgou nesta semana um estudo que prevê crescimento da economia global movido pela elevação do preço do petróleo e das commodities, o que é uma boa notícia para os mercados emergentes exportadores de matéria-prima. De acordo com esse relatório, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial deve crescer em 2,7% neste ano, um pequeno acréscimo em relação a 2016, que teve crescimento de 2,3%. Os maiores aumentos projetados estão na China (6,2%) e na Índia (7,6%). Mas para o Brasil a projeção não é nada boa, mesmo com o uso de ginásticas linguísticas, como o ‘parou de piorar’ ou então ‘despiorou’, usadas por alguns. O Brasil deve crescer 0,5%, menos que a metade prevista para a América Latina e menos de um quinto da projeção mundial. Mesmo essa projeção deve ser vista com reservas, há uma incerteza sobre o que fará o novo governo americano. Haverá estímulo para crescimento? O que será feito de proteção ao comércio americano? Estas e outras questões irão repercutir no desempenho, tanto americano, quanto mundial.