Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

Contatos

Salários

Que os salários aumentam mais que a inflação, todos sabem.

Que os salários aumentam mais que a inflação, todos sabem. A novidade é que a sua participação na renda nacional tem aumentado significativamente. De acordo com os últimos estudos, nos últimos seis anos a sua participação na renda nacional subiu de 39% para 43%, enquanto a participação dos ganhos das empresas caiu de 36% para 33%. Vários fatores levaram a esse crescimento. Os fortes aumentos do salário mínimo concedidos nos anos recentes pressionaram a base da pirâmide salarial e elevaram os pisos das categorias profissionais e os salários próximos aos pisos. A falta de mão de obra adicionou mais pressão. Segundo o Dieese, das negociações salariais ocorridas em 2012, em torno de 95% resultaram em reajustes salariais superiores à inflação. No segmento industrial o aumento foi de 5,8% em termos reais. Como a produtividade do trabalho caiu o,8%, o custo efetivo aumentou 6,6%.
Crescimento
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) constatou que os salários no Brasil estão crescendo a um ritmo duas vezes maior do que a média mundial, o que explica a forte expansão do consumo, incentivada, também, pelos programas de transferência de renda do governo e pela acentuada elevação dos benefícios negociados nos acordos e convenções coletivas, onde são incluídos os abonos, participação nos lucros ou resultados, alimentação, transporte, cesta básica, previdência privada, seguro saúde, etc.
Produtividade
O quadro seria positivo se a produtividade do trabalho acompanhasse o aumento do custo. Mas a produtividade do trabalho está estagnada há vários anos. Quando se pergunta qual é a proporção do crescimento do PIB que é devida ao aumento da produtividade, no caso do Brasil, isso fica em torno de 25%, enquanto na Coréia do Sul é de 75% e na China, 93%. Claro que não é culpa dos trabalhadores, mas quando se fala em custo Brasil, os fortes aumentos salariais elevaram os custos industriais e se somaram aos demais custos.
Modelo
O que se pode observar é que o aumento da renda começa a dar sinais de cansaço. A economia tem crescido pouco, o que pode sinalizar estagnação do consumo interno e esgotamento do modelo atual. O crescimento da economia deverá vir de novas áreas, entre elas, elevação da produtividade por trabalhador. Como fazer isso é que são elas. São necessários investimentos em qualificação, tecnologias, projetos de inovação, entre outras alternativas. Porém, isso não acontece de repetente, é um processo lento que começa com a educação e com investimentos em pessoas. Deveria ser de interesse de todos, principalmente da iniciativa privada, mas quando se fala em qualificação todos costumam apontar para o governo. Em algum momento isso deverá mudar.