SALÁRIO MÍNIMO E INFLAÇÃO
Ele já foi acusado de motivar a inflação, por isso não poderia subir demais.
Ele já foi acusado de motivar a inflação, por isso não poderia subir demais. Porém nesse início de ano vai ser reajustado pelo dobro da inflação passada, atingindo o mais alto valor nos seus 70 anos de existência, mais precisamente, o dobro do valor real fixado em seu lançamento em 1940. Esse fato gera uma dúvida nas teorias de muitos economistas: o salário mínimo hoje já não é causa da inflação? O que foi que mudou: os economistas, as teorias econômicas ou os políticos? Certos fenômenos levam algum tempo para serem totalmente compreendidos. Esse também vai demorar um pouco. SALÁRIO MÍNIMO E GASTOS PÚBLICOS Ele também já foi acusado de causar um rombo nas contas governamentais devido aos salários dos servidores e dos aposentados. A solução encontrada há alguns anos foi desvincular o reajuste das aposentadorias do salário mínimo. Hoje já se reconhece que o culpado não é ele, mas sim uma política de concessão de benefícios para quem nunca contribuiu. Incluídos neste balaio de benesses estão agricultores, funcionários públicos e alguns outros privilegiados que sem tempo e nem contribuição passaram a desfrutar de aposentadoria. Como a receita não cobre os gastos, a solução foi dividir o custo. De um lado reduzindo o aumento dos atuais aposentados, de outro penalizando os contribuintes atuais que pagam mais, por mais tempo, para se aposentar com menos renda. POLÍTICA SOCIAL O maior valor histórico do salário mínimo causa divergências entre os estudiosos sobre a sua efetividade como política social e os resultados na camada mais baixa da pirâmide social. Alguns entendem que, decorrente da alta taxa de informalidade, esses reajustes não chegam à camada mais pobre da população. Segundo um estudo econômico realizado por um instituto sério o salário mínimo tem mais impacto na classe média, excluindo os mais pobres. Para surpresa de muitos e a ira de alguns, o estudo demonstra que o Bolsa Família é um mecanismo mais barato e sete vezes mais eficiente de ajudar os necessitados do que os reajustes salariais. E ainda tem gente que acha que é um desperdício e que estimula a indolência. NOVOS CONSUMIDORES Seja pelo salário mínimo, pelo Bolsa Família ou por alguma outra causa estranha e desconhecida, vários estudos mostram é que há uma nova classe consumidora no país, classificada de classe C. Esta entrou no mercado e consome avidamente. Quem diria, os mais antigos economistas diziam que era necessário aumentar e distribuir a renda para fortalecer a economia de um país. Duzentos anos depois estamos confirmando isso. Um pouco tarde, mas sempre em tempo.