Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Risco de calote

Quem se acostumou a ouvir que os títulos americanos...

Quem se acostumou a ouvir que os títulos americanos são os mais seguros do mundo e uma referência para o mundo financeiro, nunca imaginou que veria este dia, onde os americanos correm o risco de terem seus títulos rebaixados pelas agências de rating, por falta de pagamento. O que significa que eles deixarão o panteão dos deuses e se tornarão simples mortais, sujeitos aos mesmos riscos de um país de terceiro mundo. É a primeira vez que os títulos americanos correm o risco de perder a qualidade. Para entender: todo o déficit orçamentário (despesas maiores que as receitas) é coberto com a emissão de títulos do tesouro, onde o governo entrega um título em troca de recursos. O volume de endividamento é fixado por lei e, atualmente, é de 14 trilhões e 290 bilhões de dólares. Esse valor poderá ser ultrapassado em agosto se não for autorizado um aumento do endividamento. Se a aprovação não acontecer, os Estados Unidos passarão à condição de inadimplentes no mercado financeiro.

Projetos diferentes
O impasse é político e decorre de duas propostas diferentes. O presidente norte-americano Obama propõe aumento de impostos e redução de despesas no valor de 4 trilhões de dólares. A oposição propõe um pacote de 2,4 trilhões de dólares que prevê basicamente corte de gastos com programas sociais sem aumento de impostos. Para vigorar em agosto o acordo deverá ser aprovado até o final desta semana. Se o congresso não autorizar o tesouro a ampliar a dívida, o que pode acontecer? Em princípio, o governo deixaria de pagar algumas contas que vencem todos os dias, como seguro desemprego e seguro saúde. A máquina pública deverá ser enxugada com a demissão de funcionários públicos, o que já vem sendo feito por Estados e alguns municípios. O governo deixaria de pagar os títulos conforme forem vencendo, ou seja, não honraria o combinado. Ou tudo isso junto. Sem a autorização uma coisa é certa: o mundo todo vai ajudar a pagar essa dívida, pois a reserva da maioria dos países está em títulos do tesouro americano. O eventual calote abalaria fortemente a China, primeiro credor, e o Brasil, o quarto credor americano.

Laços
Certos laços, depois de rompidos, não são recompostos com facilidade. E como dizem os antigos, uma roupa remendada, mesmo estando sem furo, sempre deixa visível o remendo. É o que se pode deduzir da publicação do balanço do Hospital Fátima. O tempo mostrou que não basta vestir uma camiseta para demonstrar ser a favor do hospital. Muitos que o fizeram representavam o verdadeiro perigo e causaram os maiores danos. Apesar dos esforços da atual administração em tentar reparar os problemas da gestão anterior, pode-se observar que ainda há muito trabalho pela frente. Depois de um ano de superávit, o déficit voltou. Ainda bem que os valores são bem menores do que os déficits obscenos da administração anterior. Mas demonstra que a retomada será árdua. Uma análise superficial mostra que a receita aumentou 19,79%, mantendo a margem bruta em 16% sobre a receita. Porém, as despesas operacionais cresceram 32,85%, o que gerou o déficit. Serve como alento ver que os esforços da atual gestão são direcionados em se aproximar da comunidade e não em buscar soluções mágicas por meio de algum “especialista” milagroso, como feito anteriormente.