Roque Alberto Zin

Roque Alberto Zin

Opinião e Análise

Natural de Flores da Cunha, Roque Zin possui uma empresa de consultoria financeira em Caxias do Sul - a Majorem Engenharia Financeira. No meio acadêmico, Zin se destaca como bacharel em administração e é doutorando em finanças e professor da Universidade de Caxias do Sul desde 2001.

Na década de 80, Roque Zin foi tesoureiro da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e mais recentemente, – em 2004 – exerceu a mesma função no Hospital Nossa Sra. de Fátima.

Zin escreve colunas para O Florense desde fevereiro de 2002.

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Riqueza

Coluna do dia 23 de janeiro

Riqueza
Aparentemente, para estar na parcela mais rica do planeta não precisa muito. Segundo a Oxfam, organização não governamental britânica, o valor é de R$ 2,1 milhões. Com isso a pessoa fará parte da parcela de 1% dos mais abastados do mundo. Em nossa cidade, aparentemente basta ter um ou dois imóveis. Segundo a mesma entidade, no ritmo que está crescendo o acúmulo de riquezas, no próximo ano, 1% da população será dona de mais da metade das riquezas do mundo.
O assunto da desigualdade tem sido debatido em função de alguns estudos, principalmente do economista francês Thomas Piketty. Para aqueles que leram o livro notaram que debate não se refere a implantar o socialismo ou o comunismo, mas aperfeiçoar o capitalismo. O aumento da pobreza é o adubo necessário para soluções messiânicas e extremas. Esta é a principal preocupação: fazer do mundo um lugar mais seguro, evitando extremismos. Para tanto, é necessário permitir o acesso mais justo aos benefícios modernos.
Tributos
Alguns anos atrás os Estados Unidos reduziram a tributação da parcela mais rica da população. Com isso esperavam que aumentassem os investimentos na economia ajudando o país a sair da recessão que se encontrava. Com o tempo, se observa que o incentivo só aumentou a concentração da riqueza com poucos investimentos no crescimento econômico.
Agora, o atual presidente Barack Obama vai propor aumentar os impostos dos mais ricos e reduzir a carga tributária da classe média e dos trabalhadores. O objetivo é arrecadar mais por meio da tributação dos mecanismos financeiros utilizados pelas famílias mais abastadas da América que permitem a administração de heranças sem cobrança de impostos. Medida oposta ao que acontece no Brasil.
Classe média
No Brasil faltam estudos sobre a situação das famílias mais abastadas. Porém, o que se vê é uma concentração superior aos demais países e uma tributação muito inferior. Situação que se manterá inalterada conforme as novas iniciativas do governo. São décadas com a aplicação da mesma fórmula: tributar o consumo daqueles que ganham menos. Depois de uma folga, a classe média é chamada novamente a pagar a conta. Situação repetida pelos últimos governos, com raras exceções. A matriz tributária brasileira deveria mudar, mas nunca acontece porque nossos tributos estão baseados no consumo e não na renda – o que faz com que os mais pobres paguem mais tributos.
Comparando as listas das pessoas mais ricas do país com aquelas que mais pagam impostos é possível observar que não são as mesmas pessoas. Por que isso não muda? Porque algumas das pessoas mais ricas são aquelas que dominam os meios de comunicação e, assim, não temos opinião pública, mas somente a opinião publicada, repetida exaustivamente na grande imprensa e pelos papagaios de telejornais. Dessa forma, quando se fala em reforma tributária, para alguns segmentos significa apenas manter as coisas como estão.